Poemas de Rosa

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Os mistérios são alucinógenos.
A mística é a embriaguês
de quem provou o infinito.

Inserida por rosaborges

Pensar além das galáxias
e das fronteiras atômicas,
é o nosso único modo
de ser também infinito.

Inserida por rosaborges

A consciência sustenta
o corpo, o tempo e o espaço.
O que sustenta a consciência?

Inserida por rosaborges

Onde o sonho não é possível,
começa o território do vazio,
o oco do ser, o chão do nada,
a despercepção e a desmemória.

Inserida por rosaborges

O espaço do passado
cresce a cada instante
pelos aluviões do presente;
Mas o espaço do presente
é sempre o mesmo.

Inserida por rosaborges

O que é um borrão
senão uma forma sem nome.
Não tem certidão geométrica.
É uma forma sem forma.
Um transgressor chamado amorfo.
Mas, acontece que a vida
é cheia de borrões
e não dos entes geométricos,
que o homem inventou.

Inserida por rosaborges

O que é o vento senão
o vazio em movimento?

O que o espaço senão
o vazio parado?

Inserida por rosaborges

Com qual medida medimos
o homem que tudo mede?

Que metro que não o homem
pode medir o além do humano?

Que metro pode medir
o infinito e a eternidade?

Inserida por rosaborges

Qual a medida da alma?

Em que espaço e em que tempo
a alma é encontrada?

Como morre o que não é
capaz de ser mensurado?

Como nasce o que não é
feito de matéria e tempo?

Mas, o que faz esse corpo
pensar que é alma imortal?

Inserida por rosaborges

Se afago a madeira,
afago a árvore.

A floresta persiste
em cada móvel.

Mesas, cadeiras e armários
são árvores amnésicas.

Inserida por rosaborges

O vazio, alma da forma.
O vazio é qualquer forma.

A alma é o vazio,
que cria todas as formas.

Inserida por rosaborges

Somos uma das infinitas
versões de Deus.

Embora diferentes,
todos somos um.

Tudo é clone de Deus.

Inserida por rosaborges

A cidade cresce para cima:
faz fronteira com o nada,
porque nada existe além
do último andar.

A cidade cresce para cima,
em edifícios cada vez mais altos:
aumenta seus subúrbios verticais.

Inserida por rosaborges

Quarto de hotel é promíscuo.
Por mais que seja limpo
por zelosas faxineiras,
permanece sempre o cisco
de emoções e pensamentos
de seus hóspedes fugazes,
nos lençóis, nos travesseiros,
nas fronhas, mesmo lavados,
diligentemente trocados,
no chão e no guarda-roupa,
na cama e nas cadeiras.
Nos cabides pendurados
problemas ali deixados
e também mágoas dormidas
fedendo nos cobertores.

Inserida por rosaborges

Misto de sonho e carne,
somos carne que sonha
ou sonho que se fez carne?

O sono é que nos divide
em dois seres paralelos.

Qual deles é o ser real?

Inserida por rosaborges

O que não serve para nós
apenas não nos serve.

Quem percebe
a totalidade
sabe que nada é inútil,
e que as coisas existem
sem explicação.

Se tudo tem um sentido,
qual o sentido do homem,
da flor, da pulga, da estrela?

Inserida por rosaborges

No agora não há palavras:
o que se fala, passou.
A palavra é sempre eco
do que não existe mais.

A percepção é agora.
O pensamento é depois.

Inserida por rosaborges

Não vejo as tuas pegadas
nem escuto os teus passos,
pois és feito de silêncio
e de invisibilidade.

O real não é a medida
da nossa percepção.

Eu creio no que não vejo,
no que não ouço, nem toco.

Os sentidos me apequenam
e a razão me aprisiona,
o corpo me faz mortal.

Tempo e espaço são o cárcere
do prisioneiro ilusório.

Quem crê em suas paredes,
não pode ver o infinito.

Inserida por rosaborges

Somente quando te fizeres vazio,
experimentarás o Vazio.

Somente quando não tiveres vontade,
conhecerás a Vontade.

Somente quando deixares de ser,
encontrarás o Ser.

Somente quando te despojares
do que julgas ser teu,
possuirás o que é teu.

Somente quando te sentires vazio de tudo,
reconquistarás a Plenitude.

Inserida por rosaborges

Sentimos a flor conforme a vemos
não pelos átomos que a compõem.

Quem disseca a flor, não vê a flor.

É procurar o homem no cadáver.

Inserida por rosaborges