Poemas de Poetas Portugueses
DIAGNÓSTICO
Quando o olhar te trai
O corpo sua
A língua tem sede
A pele arrepia
Quando as pernas vacilam
Será doença ou paixão?
Indecisão!
Quem sabe são a mesma coisa.
MISTÉRIO
Entre o batom e o perfume
A montanha russa de hormônios
Nos vãos da doçura e da artimanha
Nem mil filosofias explicarão
O que se esconde em uma bolsa
E na alma de uma mulher.
DOS QUE PARTIRAM
Nesse mundo tão grande
Muitos passaram por mim
Uns deixaram saudades
Outros ensinamentos
Teve aquele que não fez diferença
E até quem mudasse minha crença
Você?!
Você ainda mora em mim.
COMPANHIA
Que meus versos que andam por aí
Um dia te encontrem
Te contem segredos
Levem a você um pouco de paz
Que as palavras que escondi em poemas
Sejam companhia depois que eu me for
Seja aqui ou distante
Breve ou eterno
Espero que meus versos te liguem a mim.
A escrita são como balas, acertam um conciênte ou um leigo, passando o que elas querem de forma perfurante, cravando cada virgula e cada verso em suas mentes
Somos poetas, que seguem nas linhas e entortam as canetas no papel
Seja em becos
Seja em predios
Sem pagar aluguel pra escrever, fazemos cada parcela do que escrevemos piscinas profundas, onde nadamos em pensamentos ou afogamos quem tenta nos parar
Em cada quadro escrevemos, desenhamos..afinal a pintura é um poeta que recita sem abrir a boca, cada rabisco, cada traço tem um sentimento, por isso somos arte, somos partes daquilo que nos constroi e nos destroi
Periferia, prefiria que todo beco fosse mar e não esgoto, sem dar desgosto, pra nossas mãe e nem pra mãe dos outros
Somos surdos que escutam as musicas
Somos mudos que falam nas palavras
Somos as escadas das vielas
Sempre subindo em busca de reconhecimento cultural, sem perder o astral vamos buscar nos mostrar, aqui no beco não se tem melhor ou pior, aqui no beco se tem direitos, "Opniões diferentes e tons diferentes" mas sem perder o respeito, vamos aceitar sorrindo o que a vida tem nos oferecer
Que cada poesia
Que cada melodia
Faça parte de tudo aquilo que queremos ser ou apenas o surto do submundo que tem em cada um de vocês.
O poeta um completo mentiroso.
E suas mentiras são cheias de paixão e sentimento.
E elas acalmam a alma e aquecem o coração.
Já que e assim quero ser um completo mentiroso, e navegar nesse mar de sentimentos.
Eu tenho um sonho.
Eu sonho com o dia em que a violência já não exista mais.
Assaltos nas esquinas, sequestros, estupros, homicídios que tiram a nossa paz,
Um tiro na favela, uma bala perdida, um corpo na viela,
e a criança que saía da escola já não existe mais,
existe apenas o eco do grito dos seus pais,
apenas o terror e o sofrimento dos seus pais.
Políticos corruptos,sem esclúpulos, imoralidades,
as comunidades já não dormem mais,
O Rio precisa de paz, é o Rio precisa de paz.
Está nfaltando respeito, e os direitos humanos, só defendem os marginais,
enquanto o trabalhador, vive o terror de um salário achatado, ônibus lotados,
e o fracaço da segurança pública nos deixa nas trevas a mercê de satanáz,
pivetes com canivetes, abusam das auridades porque não tem idade pra pegar cadeia,
se reunem em gang's na areia da praia zondo o plantão, fazendo arrastão.
Mostrando para o mundo a vergonha da nossa nação, a impunidade,
é. Eu falei, a impunidade. Eles contam com a impunidade.
I heave a dream
I dream of a day when violence no longer exists.
neighborhood robberies, kidnappings, rapes, homicides,
who take away our peace.
A shot in the favela, a stray bullet, a body in the street
and the child left school and no longer exists.
There is only the echo, the cry of your parents.
Only the terror and the suffering of their parents.
Corrupt, unscrupulous politicians, immoralities.
the communities no longer sleep.
Rio needs peace, Rio needs peace.
It is lacking respect,
and human rights defend only the marginal,
while the worker lives the terror of a flat salary,
crowded transportation and the failure of public safety,
which leaves us in darkness at the mercy of satan.
boys with pocketknives rely on impunity,
because he is not old enough to pick up jail,
meet in gang's on the beach sand making fun of the law
doing trawling.
And showing the world the shame of our nation.
Impunity, I said. Impunity.
Toda linda
Toda linda.
Desejo de ti? Tornar-me a sombra preferida.
E; com a mesma intensidade?
Desejar o amor, espalhando-se em folhas.
Em volta de uma grande flor.
Por tanto tempo escondida.
E permitir-me,
expressar-me enquanto noite.
Mas, nunca desejei assustar.
Apenas abraçar meu cravo.
Que cravado em meu coração.
Realizaria todas as noites.
A dança da Vida.
A dança do Amor.
Aonde me realizei para encontrar.
Marcos fereS
Madrugada
Há aqueles que dizem amar o silêncio da madrugada. Com o passar dos dias, notei que de silenciosa a madrugada não tem nada. É um som tanto peculiar. São pessoas com os pensamentos a toda intensidade, são aqueles que dariam tudo para não pensar em nada. São aqueles que calculam suas horas que ainda restam até que tenham que começar um novo dia. São aqueles que morrem de amor, pobres sofredores do amor… São os loucos, são os poetas, são os líricos. São os que sentem demais, e os que não sentem nada. São aqueles com um universo de coisas boas em seu interior, mas que não fazem idéia de como usar isto. São os que carregam mais peso emocional do que qualquer outro. São dos que amam as estrelas, e sua eterna companhia. São dos que amam as luzes e ruas vazias. São dos que amam o som do vento uivando no lado de fora. São dos que não foram esquecidos, mas sentem que como se fosse. E não é nada mais do que uma simples madrugada.
POESIA URBANA
Escrevo
Quase verdades...
Cultivadas entre
Loucuras
Conto dramas e
Desafetos
Inventando mentiras
Espalho a dor
Com tinta e lagrimas
Sobre o papel
Envolvo-me com
As putas, bêbados
E viciados caídos
Pela cidade
Faço do homem
O que eu quero
Já á mulher
Eu transformo,
Em mil fantasias
E assim tudo misturado,
Uma selva de sentimentos,
Se nasce e morre, e vira
Poesia urbana.
- Ah, mas quase ninguém lê poesia no Brasil!
- Não importa, importa que Drummond, Vinicius, João Cabral, Olavo Bilac, Castro Alves, Leminski, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Hilda Hilst, Cora Coralina, Adélia Prado e tantos outros estão guardados na memória afetiva de nosso povo. Seus poemas permeiam nossa identidade nacional, formam nossa alma enquanto nação, ainda que não tenhamos consciência deste fato.
Um povo sem poetas é um povo sem alma!
Lagarteando
“Casei
Engrandeci
Achei que era eu
Dona de meu nariz
Agora
Senhora
Dona das minhas horas
Só eu não sabia
Que neste ensejo
Era outro fruto”
Aprontei-me, modifiquei o tom de voz para cara metade, dona do
mundo, de mim, dos outros em meu caminho.
Acima dos conselhos, arrastando outro sobrenome que nunca residiu em meu nome e escolhi:
– Qual carne, senhora!? Filé, contrafilé, alcatra, coxão-mole?
Pensando: ”coxão-mole jamais, nunca...”
– Que é isto aqui?
– Lagarto senhora.
– Tá bonito. Quanto pesa?
– Dois quilos.
– Pode cortar em bifes de um dedo de espessura (cara-metade gostava).
Pronto, dei ordem, criei coragem. E o pior, ele obedeceu,vendeu e eu comprei a idiotice.
Aprontei a mesa, taças com haste longas, toalhas de linho, porcelanas dos antepassados, purê de batatas com queijo roquefort à luz de velas.
Frigideira ao fogo, azeite espanhol para fritar e os bifes de lagarto, com um dedo de espessura enrolaram como orelhas.
Comemos só purê com vinho tinto, culpei o açougueiro e o cachorro passou bem.
As velas derreteram, me envolvi no calor de apaixonar.
Minha sogra não viu, e nesse andamento, não revirou meu lixo. Sucesso apaixonado e estendi minha receita com proveito.
E o dia alvoreceu em paz.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
A perversidade
Tinha ido ao mercado naquele dia para comprar balangandãns e trama para enfeitar-se no dia do casamento.
Andou,procurou,escolheu e se adornou das melhores peças. Chamaria mais atenção do que a prometida.
De volta para casa notou-se seguida por uma mulher vestida de cinza, de olhos devoradores.
Esgueirou-se pelas paredes curvilíneas da circunferência das ruas, onde as corujas já confabulavam com o anoitecer.
O medo apertou e, na soleira iluminada da porta de alguém desconhecido, parou dominada pelo receio.
O imaginar derramou e observou a rua pacata corcoveando solitária nas sombras do crepúsculo.
Apressou seu caminhar agarrada às suas compras.
A lua iluminou seus passos e avisava que as horas se passavam apressadamente.
Urgiam, latejava em sua aura o temor.
Avistou sua moradia e mesmo atrasada seu coração aquietou-se. Chegou, pôs a chave em casa, entrou e ela apareceu entre as grades do portão vestida de cinza, de olhos vorazes, se ofereceu com voz macia.
Sua presença imaginária anunciou:
– Esqueceu-se do perfume senhora.
– Não quero mais nada, já basta.
– Nada é falta, compre minha essência.
E ela comprou a profundeza dos cheiros.
No dia prometido perfumou-se de ausência e madrugou morta.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
O medico e o escritor
Era uma vez, na perdida do tempo, se encontraram o médico e escritor.
E na lasca do destino sentaram-se juntos e formataram uma prosa.
E no dialogo, ao findar da noite, perguntaram-se:
– Me esqueci, o que você faz mesmo? O outro respondeu:
– Eu curo os defeitos do homem, sou médico.
– Você cura o quê?
– Os enfermos.
– Quais enfermos?
– Enfermos do corpo, os do espírito somente Deus cura. E você, o que faz?
– Eu escrevo o pensamento do espírito, a ilusão, palavras de sentimento, a percepção das pessoas perante a vida.
E o médico diagnosticou:
– Então, concluindo, somos todos enfermos! Eu vendo o diagnóstico e você atravessa com palavras de consolo.
– Não, doutor. Deus nos criou perfeitos, a concepção nos fez imperfeitos.
– Então, para ser medico também tem que ser escritor. O literato respondeu:
– Há várias formas de cura, a física e a espiritual.
– Então o que nos une no mais profundo?
– A dor é o que nos prende. Você, médico, acalma e silencia esta dor. O escritor roda no escrever sobre o caminho delineado do existir. De onde “derivou” a dor, as expressões enfermas, a “trajetória agonia” do quotidiano que gera toda a moléstia.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Morta
Eu sonhei com você
Mas você não existe
Tem sua cara quadrada
Mas
Possui minhas palavras
Tão sonhadas
Sonhei profundo
Desejei demorado
E os movimentos
Que articulou
Eu inventei
Para você fazer
É imaginário
Não existe
Resiste em meus pensamentos
Voa sobre eles
Mas você não existe
É ilusão
É minha invenção
Sobre o seu calor em meu corpo
Você não existe
Resiste
Mas agora vou desistir
Em sonhar
Sobre você
É só mentira
De um corpo vivo
Sem alma
Sem vida
Para viver
O que sinto por você.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
“A cidade dos Muros"
Na sua vida muros
Minha vida pontes
Ultrapassar
Indecisão
Te esperei
Aos pés das pontes
Você não apareceu
Ficou rente aos muros
Não me viu
Talvez estivesse
Me esperando
Assim
É mais romântico
Murros quero dar
Destruir estes muros
Para que me veja
Te esperando
Nas pontes
Interligando canais
Navegue entre eles
Como todo carma
Talvez algum dia
Nos vejamos em
Veneza
Nesta hora
Tenho certeza
Seremos carnais
Ou
Assim
Murros quero dar
Destruir muros
Ficar somente pontes
Interligando canais
Como todo carma
Te espero em Veneza
Ou
Assim
Vou destruir muros
Para que me veja
Navegue nos canais
Carnais
Talvez algum dia
Nos vejamos em Veneza.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Não Sei
Eu não sei se o que você sente
É tão intenso
Como eu sinto
...mas...
Você não quis sentir comigo
O quanto sinto por você
Virtual
Antigo
Metafórico
Platônico
Muito econômico
Talvez
Até impossível
...e você diz:
...você é rica!
Respondo:
Minha maior riqueza
Nesta hora
E você
Deixe-me
Me diz:
Não
Não
Não
Você discorda
De brincadeira
Diz:
Sim
Sim
Sim
Sou tão simples
Que lhe mete medo
Há certos sentimentos
Que não têm preço
Mas tem
Um apreço enorme.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Fale
Se você não quer falar comigo
Não tem problema
Eu falo por você
Nesta hora sua mudez
Vira conto.
Verso,
Metáfora
Aí tenho as rédeas
Sou dono de suas palavras
Impero e domino seus movimentos
Eu olho para você
Você olha em mim
E em versos
Dialogamos
E nos amamos para sempre.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Substantivo imperfeito
O Diabo resolveu ser contemporâneo e fez uma plástica capilar em suas madeixas revoltas. Nada difícil para quem estava acostumado ao cheiro de enxofre. Inalar formol, domar cachos era fácil, somente para ficar plano e formoso.
Decidiu ir ao salão e modificar.
Horas, mais badaladas e promessas do “deus penteador” o irritavam. Para distrair... fez as unhas.
As suas “manicures vampiras”, famintas de “bifes” com o oráculo
edificado na “Romênia” o espetavam.
Paciência sempre foi qualidade infernal e se deitou com ela.
Após seco, o comentado cabelo deslumbrou ao espelho como “Narciso”.
Retificação espelhada em todas as direções, o espetáculo estava nas
ruas.
Era só esperar as considerações.
Cabelos mais escorregadios do que asas de anjos encharcadas. Dormir suspendido como morcego e não amassar o pelo era o único dever de casa.
Mas a vaidade era o pecado que o Diabo mais apreciava.
Exibir a sua tentação achatada e lisa comeria de cobiça os desavisados ao inferno.
A inveja faria sucesso junto aos discípulos mais crédulos. E o Diabo matou alguém por impaciência.
No dia do enterro, só para se exibir, apareceu seguro de seu penteado pensando no sucesso.
Somente o defunto o reconheceu tão falso.
E partiram do planeta, enterrados e irreconhecíveis por instantes naquele dia.
Com todos os diabos universais atrás tocando viola.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
A roupa dos dias
A elegância sempre aparecia silenciosa.
Não disputava com as cores dos dias nem com o brilho dos céus em tempos de proclamo.
A elegância é muda.
Modificava de estação e nunca de alinho.
Misteriosa e sem explicação.
Discreta e sabiamente sensacional, a elegância tinha seu espaço sem brigas no mundo interrogado.
Ardilosa era a verdade desvestida.
Sem medos e sustos desfilava com finura.
Era mágica, emblemática, sem artifícios.
Acordava faminta e dormia com todas as dúvidas sangrando.
Não, nunca, jamais queria ser reconhecida e seu caminho de fuga era desaparecer.
A elegância induz sem duelos.
O artifício era ser semelhante e macia, como um idêntico caçador. A elegância não era loura nem trigueira, transpirava calada e nos encontramos.
Meu coração não acelerou, a pressão permaneceu inalterável, o estômago não borbolhetou anseios, inalterou e persistiu no mesmo lugar.
Fiquei a olhar se aproximar toda emudecida, sucumbindo ao total silêncio.
E todos os ares emudeceram, a elegância estampou serena, densa e indissolúvel.
Tinha os olhos pequenos, obliculares, maquiados de preto.
No mimetismo que a escondia ela desfilou manchada por segundos,
com cuidado entre as burcas do capim cerrado. Tive inveja do ser bicho.
Onça.
E o animalesco da covardia em mim passa a permanecer e desafiar
a benevolência, somente aspirando bom gosto.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury