Poemas de Pessoas Fortes

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Anastomosados e Entrelaçados Rios


⁠Tudo o que dorme, é criança novamente. Talvez, porquê no sono, não se possa fazer mal e se não se dá conta da vida, o maior criminoso, a mais fechada e egoísta arquitetura visual, ao estar longe de nossos demônios que vivem ao apagar das luzes, e que corre pelos corredores ao tocar apagador, enquanto dormimos, há a segurança e, o eterno retorno, nos desperta e não nos fazem mais espertos, nos coloca diante do corredor e do apagador, que, pode estar aceso ou apagado. O tempo passa rápido é água de rio que não volta.

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Ser Tão Nordestino

⁠Andano
De pé
Descalço

Andano
De pé
No chão

Pisano
Terrinha
Fria

Ou quente
Se é
Verão

Saudades
Sentiu
E muito

Do tempo
Em que isso
Era bão

Bem bão
Era bão
Como era

Bão mesmo
Danado
De bão

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Desanuviar o Olhar.


Tal qual o poeta
Venho colecionando sóis

Para

Que minhas retinas
Não esqueçam do que é bom

As coisas têm o valor do aspecto
E
O aspecto depende da retina

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O Astronauta de Mármore

Viajar
Viajou

Não viaja
Mais

Fantasiar
Fantasiou

Não fantasia
Mais

Glamourizar
Glamourizava
À tudo
À todos

Todo
O tempo
Que

Não mais

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⁠O Mito de Sísifo

Segundo Camus, o suicídio é o único problema filosófico. Muitos visualizam no suicídio, somente uma maneira de conseguir o que almejam, a saber, extirpar o absurdo da existência. Então, provavelmente, ou é um pico de angústia muito alto, aliado a essa não subjetivação ou um pico, uma angústia contínua e perene que vive como ruído. É um pico de sofrimento tão alto e com pouco recurso para simbolizar esse sofrimento, você tem como defesa, desafetar, ficar em uma lógica um pouco cool, sendo mais da metade Blasé, sendo expert em defesas desinfetantes ou maníacas, indo ao movimento do consumo e se entretém e, quando você entra no olho do furação e enxerga sua própria vida, história, você mesmo não tem recurso, não tem pensamento, não tem formação psíquica, não possuindo conteúdo mental, verbal, simbólico, físico, sem linguagem, potencialidade, se ausentando da inteligência psíquica, cognitiva, para fazer face à vida, e se extingue o conhecimento e a consciência. É muito mais como uma defesa para uma angústia, para um afeto muito avassalador do que uma decisão de que está bom para mim.

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⁠Regionalismo Mineiro

Apito
De trem
Que
Lá vem

Apito
De trem
Que
Envem

Apito
De trem
Faz tremer

Trem
De saudade
Passageira

Trem
Que não
Vai passar

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O Assuntá de Assentados

⁠Um
Gostoso
De
Se sentir
Bem

Manhãs
De domingo
Na pracinha

Turma
De sempre
Reunida

Alí

Assentados
No degrau
Da porta
De aço

Um
Encostar
De corpos

Divina
Sensualidade
Contida

Céus
E terra
Se
Fundindo

Secretos
Amores
Nem tanto...

Tempos
De adolescentes
De
Outros tempos

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Descarrilhado


⁠Natureza
Pra ser
Natureza

Precisa
De quatro
Estação

Trem de ferro
Esse trem

Só de uma
Só uma
E tá bão

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Muita força
Muita força
Muita força

Vou depressa
Vou correndo
Que só levo
Pouca gente

Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

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Solidão Aristotélica


Armei minha solidão
Pra me defender
Do pecado da existência

Sem suprimentos
Matei-me com um sorriso
Morto pendurado de esperança

Fui acusado de ilusão
Meu Paradoxismo
Era muito radical

No final do meu surto
Ninguém sabia dizer
Se fui bom, ou era mau

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Não Sei

⁠Pobre de quem pensa que é mais do que algo ou alguém. O segredo está no ser. Não sei quem sou.

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Andar de Um

⁠Não é a diferença que encontra em si no andar de um, porque o ter consciência não me obriga ter teorias sobre as coisas. Só me obriga a ser consciente.

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⁠Só Tu

Nem mais e nem menos, somos todos um e somos o que somos, e a cada um, o seu devido valor.
Este dissecar com uma lucidez e simplicidade irrepreensíveis, questões filosóficas comparando "pedra", "planta" " eu" (ser humano) e que resulta, no fim, num profundo respeito pelo lugar das coisas no mundo, remetendo o poeta (ser humano) ao seu singelo, apesar de importante, lugar de apenas mais um ser. Só Tu.

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Meu Medo

Sinto-me, nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo. Pelas plantas que erguidas diante a meus pés, para o calor dos pés que subia um estremecimento de medo e, profundo sentir de tocar e a palma da sola no despenhadeiro de um sussurro de que a terra poderia aprofundar-se de dentro, como não estava fora e previa o passado diante do ocular distante ao meio do nada em mata virgem, erguiam-se certas borboletas batendo asas por todo o corpo.
Como as plantas, a amizade não deve ser muito nem pouco regada. O amor é uma experiência pela qual todo o nosso ser é renovado e refrescado como o são as plantas pela chuva após a seca.
Sei que as pedras existem e as plantas, porque elas existem ,mas não somos mais que alguma coisa ou uma pedra ou uma planta Então as pedras escrevem versos? Então as plantas têm ideias sobre o mundo? Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta, não sei mais nada. Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos. Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas. Mas é que as pedras não são poetas, são pedras, as plantas são plantas só, e não pensadores.
Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e os ramos de uma árvore para melhor a aproveitar e consumir.
Segue teu destino, rega tuas plantas, ama as tuas rosas. O resto é sombra de árvores alheias.

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Inutilidade às Avessas

⁠Uma pedra
Uma planta
E eu.
Quem seria melhor?
Tudo o que existe.
É tudo em todos lugares.
Tudo tem utilidade
Tudo tem razão de ser
Tudo na nossa intimidade
Tudo da inutilidade

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Meu Jardim

Num dia excessivamente nítido e claro ao raiar de uma manhã amada, dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito para nele não trabalhar nada, e me entrevi, como uma estrada por entre as árvores, como por galhos de galhadas que nos tocam o rosto e ao meio de um arbusto perdido em meio ao tudo e no meio do jardim terrestre, no meio mundo do mato terreno, oque talvez seja o grande segredo, aquele grande mistério de que os poetas falsos falam. Mas que não há um todo a que isso pertença e que um conjunto real e verdadeiro é uma doença das nossas ideias.

Digo de mim, sou eu
E não digo mais nada.
Que mais há a dizer?

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Amor

⁠Rasteira e Ternura
Parou, olhou, beijou, chorou.
Há intensidade total no abraço, no sorriso.
Sente seu cheiro em pensamento.
Sempre acha maravilhoso tê-lo perto.
Quer vê-lo bem, satisfeito, feliz...
Esteja convicto que o amor chegou para ficar.

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⁠1876

Em 1876
Um registro
Na História
Se fez

Assim
Aconteceu
Dom Pedro
Assumiu

Finalmente
O sonho
Do inconfidente

Em Minas
Uma Escola
Apareceu

A corte
Passou
Um telex
Pra França
Chamando
Gorceix

Verdade
Está
Na História
Assim
Se deu

Cem anos
Sonhando
Ensinar
Que
A vida
É lutar

É
A vitória
Sofrida
Assim
Aconteceu



Verdade
Do amor
É
O eterno
Pra dar

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Trem de Ferro

O fascínio
Que tem
O trem

O apito
Que tem
O trem

No brilho
Da memória
O balanço
Que tem
O trem...

Os dias
Só vendo
O trem
Que partia

Um dia
Se vendo
No trem
Que partiu

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⁠Rebanhos

Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum

No dia brancamente nublado
Entristeço quase a medo
E ponho-me a meditar nos problemas que finjo.

Todos dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma
Acordava.

O rebanho são os meus pensamentos
E os meus pensamentos
São todos sensações


Uma vez amei,
julguei que me amariam,
Mas não fui amado.

Porque sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho de minha altura

Não fui amado
Pela únicagrande razão
Porque não tinha que ser.

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

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Hedonismo Epicurista

Voltar aos jardins do passado, reviver, sonhar e podar as velhas novas mudanças descontínuas em uma continuidade vertical e não totalmente apical. Sou como a araponga errante que vive na beira do rio, as orvalhadas da noite me fazem tremer de frio, me fazem tremer de frio como junco na lagoa, feliz da araponga errante que é livre e livre voa.

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