Poemas de Passarinho
Dois cravos vermelhos na minha janela mancham o prateado do alumínio.
Ai! Que burro ... dei agora para escrever tudo trocado!
quis dizer que
O alumínio prateado da janela, mancham os dois cravos vermelhos
ele é frio, e os dois estão quentes!
Saudade latente
tô voando longe ... não me segurem por favor!
o tempo ficou pouco para a fria tela do computador
mas o carinho pelas pessoas desse cantinho é tanto
que me aqueceu e não resisti, voltei para dizer:
Bons ventos pro'cêis!
O artista tem seu coração pintado a mão, cheio de cores e tintas,
fragmentado em cenas, bem ensaiadas ou não
no cotidiano se faz música.
Viver é assim, a arte que está no princípio
certamente te acompanhará no fim!
Diariamente
o medo está diariamente
com a gente
ele cobre nossos corpos de roupas
em veizque
o amor ...
nos permite tirar ela toda!
Existem pessoas na nossa história que são tão fundamentais
que é impossível lembrá-las
sem que um sorriso se alargue em nossos lábios
e o coração pule forte.
isso também é amor.
Quando faltam 24 horas para amar, o coração multiplica os minutos com os segundos, tornando imensurável o espaço de tempo entre um dia e outro.
Logo, viro professor de matemática, para ensinar ao sapequinha
que em assuntos de distância, a melhor operação é subtração!
Era pão com manteiga!
todo dia.
Lembro da vergonha do meu irmão indo levar na escola,
Lembro da minha vergonha em não ter outro no cardápio.
Porém, mais forte que isso vem a lembrança
da barriga vazia.
do coração cheio de carinho que transbordava
e deixava tudo gostoso,
A D. Zorméia usava Qually,
mas a gente não.
Entre o carinho e o amor
Existia a dificuldade.
E foi ela que me fez ser melhor,
Me ajuda a ensinar
Uma molecada que reclama
também do pão.
(Hoje com carne, com linguiça).
Será que nessa prosa,
O pão que foi vítima?
Talvez não,
nesse caso
Na minha miúdez
Insisto em dizer
que o egoísmo é o grande vilão.
O que se tem de graça,
É sem graça para alguns
Ah ... mas quando lembro disso
Percebo que não foi de graça
Esse conhecimento.
A barriga doeu, o olho marejou
Pra poder ensinar.
Se a gente aprender o valor disso meu amigo,
A qualidade de gente que a gente forma
Pode até melhorar.
As miúdices do Amor
Num tem jeito de se aresorvê com os ditos do coração!
Ele é juiz no mundo do faz di conta,
capacho da saudade.
tem veiz qui é sordado da farda clara,
tão clarinha que purifica
as nossa vista
marchando no pensamento do cristão
inté nóis tudo oiá
o amor tomem
deixa as coisa simples
sem enfeite, do jeitim qui é!
mas se ocê num querdita
e teima em num oiá pr'ele
ai coitado!
num foi por farta de recado
sobre as dor do amor
eu num digo
nem tique, nem taque.
Jesus precisou de alguns pães no cesto para fazer a multiplicação, precisou também da água para transformar o vinho ... aprendi com isso uma coisa importante:
Toda grande transformação sempre terá que começar do que já temos; mesmo que ainda seja pouco.
AS pessoas nascem passarinhos
Vivem pássaros e
Morrem passarinhos
Em seus ninhos
Quentinhos.
lindos e suaves.
Nascemos pequenos
Morremos miúdos.
Um menino pássaro pousou no meu quintal.
Suas asas eram miúdas, mas livres.
Por isso não ficou. Bateu-as o quanto pode.
E se pôs a voar. Foi embora. Até hoje lembro do meu passarinho, pequenino e branco.
Que se foi com tanta pressa que nem tive tempo de cumprimentá-lo.
Dulce, rio...
Naquele espaço de tempo- entre o entardecer e o anoitecer, contemplar o cenário era uma dádiva e a espera, um presente.
Enquanto aguardava o meu transporte para o isolamento, minha distração era observar o choque entre as águas cristalinas do mar e as águas turvas do rio imponente...divaguei naquela lição contemplativa.
As forças das águas somaram-se numa correnteza que era de fazer qualquer peixe perder o rumo...por alguns instantes, pensei o que levava um peixe, com a abundância do mar, se deixar levar pela pureza daquele rio. Seria o conforto da temperatura ¿ o embalar das marolas de sua bacia¿ seria ele um desbravador cansado do tempero de seu ambiente, procurando um horizonte mais doce¿
Já a caminho do meu destino, me deparo com o massacre de alguns peixes, corajosos ou perdidos, bravos até a morte...nadaram, incansáveis, para seus rumos trágicos...
Alguns, falou-me o guia, conseguem chegar ao rio e ainda viver num ponto aonde o rio não é rio, nem o mar o mar...
A natureza me confortou com a delicadeza daquele fragmento...pois eu, passarinho, me via tão peixe como aquele que busca águas menos salinas, menos revoltas... águas de temperaturas mais amenas...
Enfim cheguei, sem destino. Se o peixe encontrou sua bonança, ei de voar.
.
Rio Dulce, en mi Guatemala querida.
Aqui é o reduto
Apenas o ninho
Do meu esqueleto escasso.
Porém, minha alma é mais
Ela é um passarinho voando livre
Voando no espaço, saltando de rosa em rosa.
Pensamento passarinheiro
Hoje quero estar bem comigo mesma
Poder ver esse bem refletido no mundo
Assim, deixo meu pensamento fluir solto...
Passarinheiro.
Ele vai batendo asas calmas,
Num breve suspiro do vento
Que em rodopios febris
Emana uma sensação de paz grandiosa.
Vai e volta num segundo
Voa leve, alegre e mensageiro.
Traz-me calma, além de cheiros muito familiares
de tempos já idos.
Sensações que andavam tão distantes
deste meu pensar passarinheiro.
Havia poucos que se arriscavam seguir por aquele caminho
E dos que se iam nunca mais se ouvia falar
Diziam apenas que escolheram viver como passarinho
E que um dia para a casa iriam retornar.
Ser passarinho deve ser bom
Se dependesse de mim, não seria humano e sim passarinho,
Aprenderia a voar e a cantar o mais belo som,
Deixaria aconchegante meu tranquilo ninho.
Sentiria a brisa dos alpes, das serras, das florestas e do litoral,
Acordaria com o sol e dormiria com as estrelas,
E já que dizem que aqueles que amamos partiram para o céu,
Eu estaria a apenas a um bater de asas deles.
Incrível semelhança
Tão iguais, mais parecem clones
Mas mesmo assim são diferentes
Quero evitar quaisquer rumores
Sobre minhas visões descrentes
Vejo-lhe passar no ar, passarinho
Vejo-lhe perdido, longe do ninho
Tu até pareces uma fera selvagem
Sem o velho programa de viagem
Talvez tu até sejas um adolescente
Ofuscado pela sociedade decadente
Eu que não sei o que és de verdade
Quando o encontro aqui na cidade
Há muito em comum nos voos todos
Estão rumando ao longe, sem aviso
Acordo da ilusão dos outros sonhos
Quando mesmo o vento era preciso
Passe voando por mim, passarinho
Por favor: não tão alto, inacessível!
Passe e me mostre o seu caminho
Eu seguirei-o, isto é bem possível!
No final da tarde quero fugir para longe e ficar escondida,
pois quero ouvir por alguns segundos o silêncio.
Hoje, vou deitar no chão de mão espalmadas para sentir a terra.
Quero sentir as batidas do meu coração e lembrar que vivo.
Quero deixar o tempo passar...
Quero olhar as árvores dançando no vento e escutar passarinhos.
Quero sentir meus pés descalsos amassando folhas secas.
Quero ver o sol se despedir e vou sorrir para a lua.
ENTRE PEDRAS
Já não sou flor de jardim
Aprendi a crescer entre pedras
Hoje nasço em frestas de muro
Cresço em rachaduras de asfalto
Sem o regar do jardineiro
Sobrevivo das gotas de orvalho
Já não sou flor de jardim
Cresço até em terreno baldio
Se arrancarem minha raiz
Brotarei novamente
Minhas sementes dei para os passarinhos.
Nunca fiquei tão espantado
Ao perceber que o amor seria tão engraçado,
A graça é nunca achar o procura,
Mas ser achado na rua,
Assim como um pobre cão
Que busca morada em um coração
Por se sentir sozinho,
Assim como um passarinho, quando cai de seu ninho.
Na vida sou esse passarinho,
Que acaba por ficar sempre sozinho,
Se sentindo perdido, em um mundo tão vasto e bonito,
Sabendo que nunca vou achar,
Alguém para me amar,
Mas já estou pra me acostumar
A nunca achar meu ninho,
Feito um passarinho, que caiu de seu ninho.
Borboleta de asas um tanto quebradas,
sempre presa num mesmo lugar,
quando curar-se e tiver liberdade,
será que ainda saberá voar?