Poemas de Passarinho
Escutando o passarinho
Entendendo o que ele diz
Não me perco no caminho
E me sinto mais feliz
Seja ele um bem-te-vi
Ou mesmo um beija flores
Que venha o meu porvir
Respeitando meus valores
Cantar como canta um passarinho
Quando voa livre pelo ar
Se a chuva chega de mansinho
Sempre encontra um lugar para pousar
PRESO NO PARAÍSO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O passarinho está livre na gaiola. Mas está preso... na gaiola. Está livre do gato e do gavião. Do sol... da chuva. Livre até de ser preso em outra gaiola. Livre da liberdade.
Tem alpiste, água e remédio. Tem um senhor... um senhor que lhe dá o alpiste, a água, o remédio e a garantia de que o gato, o gavião, a chuva e o sol não o pegarão... muito menos a liberdade o pegará.
E o passarinho canta. Canta para o seu dono e senhor, que além de prover suas necessidades, garantir o socorro e as libertações, ainda lhe dá o direito de olhar o mundo e sentir o ar, mesmo sem poder explorá-los... avançar os limites das permissões espremidas. Ele apenas olha, e sabe que deve agradecer por tudo, esse tudo-nada, para não ofender seu dono e senhor, que sempre sabe o que é bom.
Hoje, o passarinho entende que esse é seu livre arbítrio. Não é livre... nem é arbítrio. Mesmo assim é seu livre arbítrio, depois do medo que aprendeu a ter das consequências de não ter medo. De ser livre. Ter arbítrio. Correr os riscos de ser quem é por natureza ou pelo pecado original de haver nascido.
Essa é a sua casa. Seu mundo; seu habitat. Sua prisão no paraíso... longe do seu ninho. A gaiola é o templo... a igreja do passarinho.
Se eu fosse passarinho,
e estiver a voar,
poderia ir distante,
ter o mundo pra ganhar.
Mas depois eu voltaria,
para logo me juntar
ao amor da minha vida
no abrigo do meu lar.
HOSPEDAGEM.
Uma vez, um passarinho pousou em um galho e passou a noite toda hospedado naquela árvore.
Ao amanhecer, ele partiu e passou o dia longe do velho galho. No entardecer, quando retornou à árvore, o velho galho já não estava mais lá.
O passarinho ficou muito triste, pois não poderia mais se sentar naquele galho, mesmo que a árvore fosse a mesma.
A vida não é diferente do velho galho, nós também não somos diferentes do passarinho.
Às vezes, passamos o dia ao lado de alguém que amamos, mas chegará o dia em que voltaremos ao mesmo lugar e não encontraremos as mesmas coisas, as mesmas pessoas.
Talvez elas já tenham partido e, mesmo que o lugar seja o mesmo, os hóspedes serão diferentes.
Aproveite as pessoas que estão ao seu lado aproveite cada momento, demonstre o quanto ama, pois chegará o dia em que voltaremos e não encontraremos as pessoas, apenas o lugar vazio.
E nesse dia restarão apenas as boas lembranças daqueles antigos hóspedes.
Quem ensinou o passarinho a cantar a tecer seu ninho e a voar
Quem deu as cordenadas as aves migratórias que viajam cortando montanhas florestas e até mares
Sem que ninguém apontasse a eles uma direção
E mesmo assim as aves voam pelo céu
Conhecem as estações
Os pássaros canta alegremente seu canto
Sem que ninguém os educasse
Sem sequer ter frequentado uma única aula de canto
São tão vivos quanto livres ao ponto de cantar e voar.
PASSARINHO
O passarinho, pelo céu, passa
Entre galhos, voo, mansinho
Desliza toda a sua graça
És livre no seu livre caminho
Na secura do cerrado, reaça
Entre tortos galhos, seu ninho
Num canto de encanto, bocaça
Aveludando a aridez num alinho
Lá, cá, acolá, na frente, na regaça
Em bando, passarinho, sozinho
És leve, garrido, como a cassa
Em galhos macios ou de espinho
Voa deslizante, de braça em braça
No campo, praça, qualquer cantinho
O passarinho, bom prol nos faça!
Ás, lento, alto ou baixinho, passarinho...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
28 novembro, 00’25” – 2017
Cerrado goiano
Um passarinho na janela
Era uma manhã como tantas outras, quando minha atenção foi capturada por um pequeno pássaro que, com graça e leveza, pousou na janela de minha casa. O passarinho, em sua serena vivacidade, parecia trazer consigo um mundo de reflexões.
Suas asas delicadas tocavam o vidro com a leveza de quem afaga o próprio destino, e seus olhos, dois pontos brilhantes, refletiam a quietude de um espírito livre, como quem tem um céu inteiro dentro de si. A presença daquele pássaro revelou-se como um oráculo silencioso, sugerindo-me que a vida, em sua essência, é uma eterna contemplação do invisível.
Enquanto o passarinho perscrutava o horizonte, pensei nas vezes em que nós, humanos, presos em nossas angústias, deixamos de perceber as belezas simples que nos cercam. Ignorância é acharmos que pássaros, só porque têm asas, não caem ou que nunca descansam nos tapetes de Deus durante o seu percurso. Essa liberdade não tem nada a ver com invencibilidade.
O pássaro, em sua graciosa indiferença, ensinava-me a arte da quietude, a contemplação do instante presente, a sabedoria de viver sem pressa.
E assim, naquele encontro fortuito, compreendi que a janela não era apenas uma barreira física, mas uma metáfora da alma, uma passagem para a introspecção e para o entendimento do nosso lugar no mundo. O passarinho, ao pousar na janela, não apenas a tocava, mas convidava-me a abrir as portas do meu próprio coração para as sutilezas da vida.
E que essa leveza, que vem de dentro, seja mil vezes mais forte, que os pesares, que cruzam o nosso caminho. E que nunca nos falte ousadia, para vencer, se superar, voar alto, ser flor, borboleta, amor, pluma, nuvem, ser passarinho.
Doação
Recebi um pouquinho de paz
transformei ela em sementinha de alegria
tenho para distribuir, quem quiser é só sorrir!
Manoel …
Ele era o
Manoel de Barros!
O menino que
tinha asas.
E que chocava
esperança,
no ninho
de passarinhos!
Ave Poeta
Voa, voa, ave poeta
Paira pela imaginação
Leve contigo cada meta
Do coração!
De versos e palavras
Pouse na tua criação
Ouse, chore e voeje
Ave poeta! ... emoção
No que a alma rege
E todas na sensação
Voa, voa, ave poeta
Paire pelos amores
Siga por tua reta
Do longo caminho
Cante o canto poeta
Com sonho e carinho
E, põe-te a trovar
Vai-te do teu ninho
Passa o passado, no ar
E vai-te bem mansinho
O que mais vale é voar
Então. Eu passarinho....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 de junho, 05’45”, 2021 – Araguari, MG
Doce Como Doce De Mamão Enroladinho
Que a felicidade,
venha fresquinha,
como água!
Doce,
como doce de
mamão enroladinho.
Alegre como o
cantar do passarinho.
Terna como a minha alma!
Sonhadora como
as minhas inspirações.
Que a felicidade,
nunca me abandone...
Mesmo quando a vida
insiste em me deixar triste.
Eu quero sempre
poder ter a capacidade
de buscar estratégias,
para trazer a felicidade,
para perto de mim!
Pois somente assim...
E bem assim...
Terei todos os meus
sonhos coloridos!
Uau!
Não mereço, não mereço!
Mas quero-quero.
Duas vezes, uma pra mim e
outra pra você.
é por isso que o passarinho repete:
quero-quero!