Poemas de Partida
Mais uma vez a vida deu um jeito de seguir seu rumo. Afastou novamente quem deveria permanecer, levou para outro continente quem deveria estar permanentemente recebendo calor e ser possível todo dia abraçar.
Se ela vai trazer de volta ou não, já não posso dizer, não é possível premeditar.
Já não tenho mais coragem de fazer planos ou simplesmente esperar alguma resolução prévia do que se sucederá.
O destino nunca foi uma caneta possível de se segurar.
Pobre menina que não pesquisa antes de se apaixonar, que sempre esteve a mercê do que virá.
Dia cinza
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Hoje não irá ter o dançar das cordas
Hoje o sol brilha radiante no céu
Um céu cinza , cheio de ventania
Não sei como me expressar
Mas dessa vez o adeus eu pude dar
O abraço de um gigante em uma pequenina chama de vida
Todos já sabemos como será o final da nossa história
E todos já sabiam como seria o final dessa historia
Mesmo assim a dor veio ...
E todo dia parece
Ser uma nova oportunidade
De uma despedida
E pela primeira vez em muito tempo
Eu não queria dizer adeus
Pela primeira vez em muito tempo
Eu queria poder segurar sua mão
E te pedir pra ficar
Pela primeira vez em muito tempo
Eu queria que esse dia não terminasse
Pela primeira vez em muito tempo
Mesmo que por instantes
Eu quis apenas sorrir e acreditar
Que eu poderia merecer...
Mas tudo mostra que
As coisas continuam iguais
E que mesmo sem haver lágrimas
O choro ainda vai existir dentro de mim
E é hora de deixar você ir...
ADEUS, uma palavra ate fora de moda, sempre questiono o respeito com os mais velhos, por idade ou talento.
Enquanto jovem a noticia de falecimento de algum amigo é motivo de tristeza e outros tantos sentimentos que continuam insistindo em me marcar.
Envelheci e vejo meus amigos partindo, creio que existam outras vidas, e que em um outro lugar nos reencontraremos.
Sinceramente não tenho medo da morte, porque entendo que ela é muito mais dolorida, pra quem fica do que pra quem parte.
PARADEIRO DOS OLHARES
Na ausência de quem meu coração guarda carinhosamente,
Os dias vão passando de maneira desapressada e triste,
A Angústia é o pulsar de um corpo que ainda resiste.
Saudade é uma constância no tempo e o tempo é tão duro.
Um falta obstinada e a incerteza do Futuro.
A Chegada é calmaria, é também inquietação de felicidade,
O agora, e você é presente.
A Partida é aflição, invade uma pressa em um tempo de espera, acompanhada de solidão.
É como morrer e viver mil vezes, Esperar e contar, a urgência de ter e se perder.
Na Ausência a gente pode se encontrar,
A Lua é o paradeiro de Olhares Perdidos cheios de Saudade e o meu estará lá.
~De relance~
De relance te vi pela primeira vez
De relance encantei-me pelo teu sorriso
De relance eu segui teus passos
Até que de relance, nossos olhos se encontraram
De relance conversávamos
De relance e através de um só olhar
De relance me senti amando
Mas até de relance
Eu não sabia o que era amar
De relance eu te acompanhava
Porém de relance não bastava
De relance eu o vi se afastar
De relance eu vi que ela tinha o que eu não tinha
E de relance
Eu o vi partir
.
O tempo me viu,
Ele me disse “onde você vai?”.
Vou quebrar minhas pernas,
Retratar minha preguiça.
Me afogar nas mentiras,
Tirar-me-ei a dignidade,
Tempo em excesso, preguiça em excesso,
Me perdoe doce tempo.
Não fujas de mim,
Eu vou te reconquistar,
Eu vou lamentar sua partida,
Eu te darei o devido valor.
Despedida
Permita que eu me vá!
Pois é longa minha jornada
E é tão tarde...
Já se faz demorado
Meu tempo de amar...
Permita que agora te esqueça,
Que minha boca emudeça,
Incapaz de te beijar,
Permita que eu volte
A te chamar de amigo,
Pois só assim...
Posso te levar comigo!
De Tanto Amor
De quanto estou a te amar em sentido vão?
Do amor... que dele me valha a certeza
Que dele me traga sua plena beleza
Rica quimera para um infeliz coração.
De quantas esperas sofro eu de solidão?
Cortina que se fecha de grande tristeza
Luz que se apaga, por tamanha frieza
Traz vazio d’alma de dor em comoção.
Pela tua ausência, que me lide à vida:
Arrancam-me as encostas, sombras sem ti
Por vulto ébrio, que te solvo embebida.
Mas um dia, mesmo consumida e vencida,
De tanto amor, amar-te em vida... Só a ti
Hei de morrer, tendo-te além da partida.
Estando no Percurso entre o Bem e o Ótimo,
não sei exatamente como estou,entretanto,
Já sair do ponto de Partida, há muito tempo.
Toda vez que alguém vai embora, alguém fica ferido.
Ferido por saber que a melodia por mais linda que foi tocada, agora só será entoada nas mais profundas memórias.
Memórias daqueles que esperam por um dia poder revelar em um paraíso incerto.
Eu não sei o que tem lá do outro lado e por que temos que ir embora, mas penso que é por algo bom e por motivos maiores aos quais temos aqui.
Porque lá é nosso final ou assim esperamos que seja.
Ao som daquele velho piano deixamos as lágrimas rolarem de dentro do peito, gota à gota rolam em nosso rosto esvaziando todo o sentimento dentro de nós.
As preces daquelas senhoras, pedindo para o senhor guardar essa alma e confortar os corações que aqui ficaram, vão sendo levadas com o vento frio de uma tarde dolorida.
Talvez pareça não ter sentido a hora de ir embora, mas o momento de partir chega para todos.
Por mais difícil que seja enfrentar a quebra de um coração de quem fica, isso é necessário na hora de ir embora.
Deixei-lhe partes de mim.
Fragmentos invisíveis,
como brisa a tocar-lhe
a face.
Levei pouco
de ti.
O suficiente para
me fazer sorrir.
NÃO HÁ ESTRADA SEGURA (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
A vida de cada pessoa é só dela.
Nossos sentimentos podem até combinar.
Podemos até misturar as ideias, quem sabe
até nossas vidas...
Mas não posso viver o seu viver...Jamais...
Sua história é sua história.
Cada um criará o seu próprio caminho.
Devo caminhar para além das montanhas
Devo enxergar para além das montanhas
E para chegar à verdade
É preciso atravessar muitas encruzilhadas,
trincheiras...
batalhas...
Não há estrada segura.
Não pode haver comodismo.
Cada qual tem seu ponto de chegada...
Cada qual tem seu ponto de partida...
É preciso superar-se...
Nem todos podem todas as coisas
do mesmo modo e com a mesma capacidade.
Não somos iguais,
somos diferentes.
Cada um é cada um.
Que assim seja!
Veja bem,
Toda vontade liberta
Todo desejo alerta
Todo sonho desperta.
E se...
Todo sorriso conquista
Todo passeio é partida
Toda saudade é doída.
Há pois que,
Todo sumido aparece
Todo encontro enobrece
Todo abraço aquece. É prece...
Afinal,
Todo caminho é curioso
Todo futuro é misterioso
Todo mistério é precioso
E de todo o mundo, o que me resta
É querer um pouco.
Eu corro
Eu corro.
Eu grito.
Eu choro.
Eu lamento.
Eu sinto.
Eu desespero.
Eu fujo.
Eu corro da solidão;
Eu grito por um mundo melhor;
Eu choro pela falta de amor;
Eu lamento por falta de sentimentos;
Eu sinto a dor da partida;
Eu fujo pro mar, onde posso amar, somente amar por onde as ondas me levar.
Um "trem" chamado amor...
(Nilo Ribeiro)
Hoje eu divaguei,
sua imagem, vislumbrei,
a vida, reverberei,
no trem do amor, viajei
o amor é um trem,
difícil de explicar,
quando o danado vem
o coração quer se embarcar
na estação da vida,
o amor faz a parada,
alguns, sofrem na partida,
outros, alegram na chegada
este "trem" carrega emoção,
transporta a felicidade,
vai lotado de paixão,
volta cheio de saudade
é o trem chamado amor,
que não pode descarrilar,
pois machuca, causa dor
não tem como consertar
seu balançar costumeiro,
faz plec, plec, nos trilhos,
meu coração passageiro
faz tum, tum pelo teu brilho
este trem me leva,
este amor me apossa,
não preciso de reserva,
preciso da tua resposta
é danado este "trem",
é especial sua estação,
tão feliz ele vem
e estaciona no coração
um amor que não tem local,
qualquer cidade é ideal,
pode ser Natal,
quem sabe Blumenau
é um trem bão dimais
amar com toda paixão,
é reencontrar com a paz
que foi perdida na solidão
hoje eu divaguei,
sua imagem, idealizei,
nosso amor, sublimei
enfim, viajei,
por isto poetizei...
Foi uma triste despedida,
Silenciosa, quase despercebida.
Sem abraços, nem promessas...
Somente um olhar desesperado,
De um coração assustado
Rumo a uma saudade desconhecida.
Foi a mais triste despedida
Daquelas de quem a esperança foge
Certa que não haverão reencontros
Que acalentem a dor da partida.
Sinto passos na minha estrada, pegadas que desenham um arco íris sobre um véu negro de sombras, florescendo de esperança o resto dos meus dias.
O tempo me possui e morre em meus segredos, todos os ontem, cintilando em meus amanhãs sua ecografia, colorindo minhas páginas em branco, expurgando minhas dores, deixando seu rastro que me enche de vida, então eu me lembro de quem sou, do que sei e aprendi, e sinto que o mundo me pertence, porque nem sempre tudo dá errado...
... Bate asas Fênix, em meio ao temporal você sobreviveu.
A Felicidade
O vida que levo, desfruto e saboreio.
Quão meigos são os teus traços
Quão frios teus abraços.
Se te envolvo e me prendo a ti, sinto o amargo sabor daquele que pouco a pouco a tentam roubar de mim.
Roubar a vida? Me pergunta o tempo...
Digo eu:
- Sim. Roubar-me a vida. Vida essa que sofro, que lamento e me sento a observar o encanto dos desencantos dos teus algozes.
Mas que tem o tempo com a vida?
Já dizia a sábia experiência:
- O mesmo que a saudade com a partida!
E assim é a vida!
Cara, longa e sofrida!
Mas ainda que sejas assim tão restrita, a felicidade que fora outrora dita; diz o poeta:
- É apenas um estado de espírito.
Ser feliz é ser cônsul de quem és, donde vens, aonde vais e onde se quer chegar.
Independe de tempo, dinheiro, amores e desamores encontros e desencontros.
Ser feliz é saber que em cada partícula de vida, há uma oportunidade de plantar uma semente de sorriso um diálogo, um abraço, uma surpresa escrita em uma folha com pautas.
Ser feliz é contentar-se com o que tens e não ambicionar o que não tem
Ser feliz é simples.
É claro.
É belo.
É dizer bom dia sem ter a obrigação de dizê-lo.
É sorrir para alguém que, por um desacerto, tropeçou e caiu sentado, sem esquecer de estender-lhe a mão para que o dito se ponha de pé.
Em suma é isto:
Ser feliz é ser
Ser feliz é querer
Ser feliz é viver.
Poesias que hão de caducar um dia
Ponto de ônibus
Brilha, estrela, brilha!
Brilha no azul do céu condenado
abraça o espaço/tempo e brilha
nesse agudo gueto urbano desalinhado.
Rasga o vento a face fria
dos sujeitos por hora tornados ilhas
em sinuosas filas aleatoriamente formadas
e organicamente organizadas.
Vagos olhos brilham
vago olhar, vaga... triste
sem referências e sem brilho
pela falta de nexo desse lugar.
Nuvens cinza vagam
num horizonte (azul) disforme
vagam os olhos perdidos
na vastidão deste vazio enorme.