Poemas de Partida
Flores Murchas
Desmaiadas na vida
Pálidas desabrochadas
As cores de partida
As pétalas cansadas
Ainda com viço
Afadigadas...
Murchas flores
Flores murchas
Tristes louvores
Versadas...
De perfume postiço
E as forças exiladas
Feitiço
Da existência traçadas
Do fado mortiço
De inevitáveis jornadas
Murchas flores
Flores murchas
Tristes louvores
Desenganadas...
Perfazendo o curso
Revoadas
Incurso...
Flores murchas
Murchas flores
Tristes louvores
Encantadas!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 dezembro, 2022, 18’52” – Araguari, MG
Versão musical para o poema “Flores Murchas”
SAUDADE QUE CONFESSO
Depois que te perdi, só depois, da tua partida
Senti no peito, um vazio, que cá eu confesso
Um calafrio na alma, aquela pior dor sentida
E, se há igual, parecida, afirmo, não conheço
Suspiros sofrentes e aquele choro espesso
As noites tão compridas na ilusão perdida
Ladeando a emoção, cujo o certo endereço
É o coração, que arde numa aflição sofrida
Depois que foste, só depois, singular paixão
Me vi significado em uma constante tortura
De sussurros duma surtada dorida contrição
De não retribuir, a ti, o carinho que me dava
Com exatidão, repondo com minha ternura...
Ah! Saudade, está sensação, não imaginava!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 janeiro, 2023, 19’56” – Araguari, MG
LINHA DA VIDA (soneto)
A linha da vida, na vida é sinuosa
Da partida a emaranhada chegada
Quimera criada e felicidade caçada
Já a morte... Ah! A morte é teimosa
E nesta estrada, a sorte misturada
Certeza e surpresa bem manhosa
Mas tudo com uma pitada furiosa
De cor e sabor, se bem aproveitada
Tal qual uma poesia em sua tosa
Irresoluta é a linha a ser traçada
Porém, é elaborada na sua prosa
E no tem tudo e no não tem nada
Há saída, entrada, espinho e rosa
Como corredeiras (vida) não fica parada...
Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano
A linha da vida, na vida é sinuosa
Da partida a emaranhada chegada
Quimera criada e felicidade caçada
Já a morte... Ah! A morte é teimosa
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
LEVEZA
No derradeiro, se percebe no fado:
que a solidão contém partida e vinda
as lembranças fitas em laços, atado
a lua na solidão tá sempre na berlinda
a madrugada não é grande nem pequena
que o possível no possível pode ainda
que a saudade é frágil como uma pena
e que as coisas mais leves, tem cheiro,
que a van filosofia prescinda...
Luciano Spagnol
2016, dezembro
Cerrado goiano
Poema do imaginário
Vamos pulsar a vida
Expulsar e por de partida
Qualquer forma de desamor
Some no abraço o laço acolhedor
É preciso amar
É preciso atar
No olhar, a cumplicidade
Chegar mais na felicidade
Como quem chega
Para alguma parte
E sempre rega
O sonho em arte
A vida em entrega
“O silêncio é o exato momento do nada no lamento.”
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO DA PARTIDA
Ao despedir do cerrado, central sertão
na noite, eu deixarei a luz da lua acesa
a minha admiração posta, fica na mesa
e as lembranças largadas no árido chão
Os cuidados, ao pai, deixo minha certeza
que o bem é mais, mais que a ingratidão
que a vida com amor é repleta de razão
e que o sono só descansa com nobreza
Talvez sinta falta ou talvez só indagação
o que importa foi a história com clareza
e paz que carrego no adeus com emoção
E nesta canção de laço e fé no coração
a esperança na bagagem, única riqueza
se parto, também, fica a minha gratidão
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
SÚPLICA
Se tudo acaba e tudo passa
A dor chegada tem a partida
A vida sua vitalidade vencida
Se tudo ao vento é fumaça
Se a firmeza tem sua recaída
O fado dia de caçador e caça
Fato alegre, outro sem graça
Se há subida, também descida
Se a alma não leva a carcaça
E a bondade nos é prometida
Na lei de Deus, sem ameaça
Se nem tudo é dor desmedida
Se tudo cai, Senhor, que negaça
Está má sorte na realidade parida?
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Paráfrase Auta de Souza
Flores murchas
Desmaiadas na vida
Pálidas desabrochadas
As cores de partida
As pétalas cansadas
Ainda com viço
Afadigadas
De perfume postiço
E as forças exiladas
Feitiço
Da existência traçadas
Do fado mortiço
De inevitáveis jornadas
Perfazendo o curso
Revoadas
Incurso
Flores murchas, encantadas!
Seus olhos são duas contas tristes
De uma chegada de uma partida
De uma saudade, de um'Alma ferida
Na busca sempre da perfeita batida
De partida!
Pois quem vai volta
Volta na saudade,
de ida e vinda
Embora seja outra rota
Várias até que se finda
Então,
que venha outra cota
E também outra filosofia
Pois a vida é uma pelota,
e viver uma mercearia...
fodo da minha morte
o tempo na hora, suponho
me cubra com filó e vigonho
na partida,
desobrigo lamentos na despedida
levarei os versos para minha sorte
lágrimas, aos que comigo importe
e orem aos meus pecados perdoar
sem saber quando, fico a imaginar
o fado da minha morte...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Data indeterminada
Há uma saudade em cada despedida
A dor no peito vozeia por está partida
Lágrimas mudas viram cinza e nada
A lembrança passa a ser uma porrada...
Se é pra danar, perde-se para encontrar,
pois encontra-se para novamente amar...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
A PORTA
De tábua és construída
ao vento e a poeira corta
marca chegada e partida
viva e morta: sou a porta
Eu abro para quimera
me fecham no temporal
sou tramelada, espera
proteção, da casa ritual
E neste abre e fecha
a escada é o meu chão
lá fora eu vejo pela brecha...
O bem, é a porta do coração.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 27 de maio
Cerrado goiano
"De onde se olha o mundo,
seguro de uma chegada,
mas sem nunca haver partida,
porque nunca se deixou nada."
Visto meus pés na estrada, em ladainha de coragem e covencimento, de que o vento da partida é o melhor neste momento... Apagando-me, diluindo-me, desmanchando-me na saudade deste meu contratempo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
junho 2010, Rio de Janeiro. RJ
Ultimar
E quando chegar a hora da partida, o choro deve ser de despedida. De um até breve. Num ato de fé, leve.
Pois entre a vida é a morte tem que existir a convivência com o amor, e a sorte de poder dizer nas lembranças que este foi o maior valor...
E que está levando na bagagem a honestidade e a solidariedade.
Só assim ficará a saudade.
Pois Jesus Cristo veio e nos transformou. Nos resta seguir seu ensinamento, para que possamos suplantar o sofrimento...
A única verdade o único caminho.
O bem maior... Nossas vestes de linho.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/11/2015, Cerrado goiano
Finados
AMOR PERDIDO ...
Depois que tu foste, só depois, da partida
Notei que do manso amor, o meu é sujeito
O grato sentimento da sensação, da vida
E, se tem maior bem, desconheço o feito
Afeto ardente e forte, repleto e perfeito
Que na emoção a conformidade é diluída
Um olhar, afago, gesto com poético jeito
Que na boa afetividade a ventura é parida
Depois do vazio, só depois, me vi corso
Num aperto no pensamento que tortura
Que conquista a mente dando remorso
Não tem preço, amor perdido, só trava
A sede, a inspiração, suspiros, a ternura
Tu foste! esvaindo o mimo que me dava! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/01/2021, 19’18” – Triângulo Mineiro
A chegada também é partida
Guardo no bolso um instante de bons anos de amizade
Leve na bagagem um tiquinho meu.
Que as ondas do mar não apague a linda história que ficou aqui.
Turbilhão de sentidos
Entre a volúpia da chegada
E a angústia da partida
Não importa, na lacuna,
Quanto tempo transcorreu
Não importa, no tempo,
o que ou como tudo se deu
Chegar e partir
Ficar e sumir
Negar e assumir
São os lados das nossas viagens
Ficar além da conta causa dano
Desfaz plano, irrompe desengano
Finda a imortalidade
Solte as amarras
Que bons ventos nos tragam
novas e boas paragens.