Poemas de Nelson Rodrigues
Parabéns pelo teu aniversário!
Vida, saúde e lucidez!
Que a paz esteja contigo.
Que a luz ilumine o teu dia.
Que a alegria inunde teu coração!
Aproveita e celebra o presente que é a vida!
Recebe este tríplice abraço fraterno, deste teu humilde irmão.
"Alvorecer da Persistência"
Ao despontar do dia, sinto a aurora ecoar como um convite à jornada que se inicia para mim. Sob a luz matutina, renovo minha determinação para enfrentar os desafios que me aguardam, nutrindo a esperança de alcançar novas conquistas e melhorar minha condição. E mesmo quando a luz parecer vacilar, aprendo que cada tentativa me ensina uma nova lição. Enquanto houver fogo em meu peito, a chama da perseverança nunca se extinguirá, permitindo-me reerguer quantas vezes forem necessárias. Continuo, pois, tantas vezes quantas as necessárias, até à vitória ou à derrota final, mas sempre de cabeça erguida, por nunca ter recuado perante o desafio.
Sou um sonhador, um espírito livre,
mas não me enredam os véus do irreal.
Vislumbro horizontes, almejo destinos,
persigo as estrelas, com raízes profundas no chão.
Sou um sonhador ao leme, nas tempestades da minha mente,
Movido pelos sonhos, moldados pelo tempo.
Caprichosos, enchem as velas da minha nau,
Sou um sonhador, e os meus sonhos são a chave,
Para eu me encontrar, a forma de me compreender e alcançar.
Sou um sonhador e semeio os meus sonhos na dura realidade,
Na esperança de os ver florescer e quiçá um dia seus frutos provar.
Num mundo muitas vezes dominado pela euforia coletiva em torno de vitórias desportivas ou conquistas notáveis, opto por trilhar um caminho mais discreto em busca da realização pessoal. Não me deixo levar por essas euforias passageiras, pois encontro a minha satisfação nas pequenas coisas da vida, nas conquistas diárias que podem passar despercebidas aos olhos do mundo.
A minha realização não está vinculada aos feitos de outros, seja um clube desportivo ou qualquer outra entidade. Em vez disso, encontro validação na simplicidade do dia-a-dia, nas relações significativas que construo, nos desafios que supero e no crescimento pessoal que alcanço silenciosamente.
Ao escolher esta abordagem mais discreta, encontro uma sensação genuína de realização que é intrínseca e duradoura. Não sinto a necessidade de projetar a minha felicidade ou sucesso através das realizações alheias, pois compreendo que a verdadeira plenitude vem de dentro.
Assim, enquanto o mundo celebra as grandes vitórias e conquistas notáveis, eu encontro a minha própria versão de sucesso nas pequenas vitórias da vida quotidiana, sabendo que são essas experiências que verdadeiramente enriquecem o meu caminho.
Na jornada da alquimia, um caminho traçado,
O alquimista busca, com o coração iluminado.
Transmutar o chumbo em ouro, não só na matéria,
Mas na alma, na mente, na jornada inteira.
Prima Materia, o caos primordial,
Onde reside o potencial universal.
Do solo escuro da Nigredo, nasce a luz da Albedo,
A purificação que nos leva ao enredo.
Solve et Coagula, o mantra a guiar,
Desfazer para refazer, é o segredo a desvendar.
Em laboratório interno, o alquimista mergulha,
Explorando os recônditos da alma, onde a verdade fulgura.
Correspondências cósmicas, entre céu e terra,
Onde cada estrela, cada planta, cada pedra,
Ecoa a voz do universo, em harmonia eterna,
Uma dança de símbolos, uma sinfonia etérea.
Magnum Opus, o Grande Trabalho a realizar,
A jornada do alquimista, sem fim, sem parar.
Em busca da pedra filosofal, da verdade a encontrar,
Na alquimia da vida, a transformação a se revelar.
Com mercurius em mente, a mente a se elevar,
Na busca pelo conhecimento, pelo despertar.
E assim, na senda alquímica, seguimos adiante,
Em busca da luz, do ouro interior, do brilho radiante.
Nasci buscando a liberdade,
Quero ser livre, e quem quiser,
Que me aceite assim.
Procuro a sabedoria que ilumina como o sol,
Encontrar beleza que quase me cegue,
E desejo que a força nunca me falte.
Sonho voar como os pássaros,
Com a mente leve e sem correntes.
Quero ser um alquimista do ser,
Estranho como uma ave rara,
Nem sempre fácil de entender ou aceitar.
Às vezes estou distante,
Às vezes estou calado,
Às vezes estou radiante,
Às vezes estou falante.
Perco-me em mim,
Como se o pensar fosse um oceano sem fim,
Onde navego e me transmuto.
Sou simples, não simplório, sou como as estações,
Que mudam sem razão aparente.
Quero ser como a natureza,
Livre e sem amarras,
Deixando-me levar pelo vento e pela corrente.
Busco apenas ser,
Ser em plenitude, ser livre,
Simples e verdadeiro,
Como a ondulação do mar.
E quem quiser, que me aceite assim.
Na calmaria do meu dia-a-dia tranquilo,
Sem pressas nem aflições que perturbam,
Contemplo a vida com a serenidade de quem se entrega,
Não à procura do amanhã, mas à plenitude do presente.
Vejo as pessoas correndo atrás de ilusões fugidias,
Esperando encontrar a felicidade num horizonte distante.
Mas eu, na quietude do meu ser, prefiro saborear o agora,
Pois a alegria reside na simplicidade que exploro.
Não sou poeta de grandes feitos ou narrativas épicas,
Prefiro a delicadeza das palavras que acarinho.
Por que complicar o que é tão simples e belo?
Viver é o caminho, sorrir é meu consolo.
Assim, vivo o momento com serenidade e sem receio,
A vida é para ser vivida, no presente e com meu apreço,
E a paz interior no agora é a chave para minha felicidade.
A cultura é essencial para expandir os horizontes da nossa alma, e não se trata de uma questão de elitismo ou presunção. É, antes, uma maneira de crescer, de rasgar as paredes do nosso pequeno mundo e de nos entregarmos ao universo. Fechar os olhos ao que nos rodeia é limitar-nos a uma vida estreita e sem cor. Procurar cultura não nos torna arrogantes; é uma forma de iluminar o espírito e enriquecer a existência.
Viajar, mesmo que seja até ao fim da rua ou até ao fim do mundo, é essencial para que o mundo nos mostre mais do que a nossa redoma. Encontrar novas paisagens, cruzar olhares desconhecidos, tudo isso alarga o horizonte do coração e da mente. Permanecer em casa, a ver televisão ou a navegar no tablet, pode restringir-nos do mundo e empobrecer a nossa experiência. Sair, explorar, deixar que o vento e as palavras nos toquem, isso sim, é viver. É na cultura e na experiência do mundo que encontramos a verdadeira essência de ser, a plenitude de uma existência rica e verdadeira.
O poeta brasileiro Mário Quintana disse que "o verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê." E aqui se passa o mesmo: o verdadeiro cego é o que tem visão e se recusa a ver. Pássaros com as mesmas penas voam juntos, mas é preciso querer voar. Não presumo estar certo, nem ditar aos outros como viver. Esta é apenas a minha maneira de entender a vida e de como procuro melhorar como pessoa. Cada um tem o seu caminho, e o meu é este, guiado pela curiosidade, pela sede de conhecimento e pela vontade de ser mais, de ser melhor.
Às vezes, no ímpeto de acertar, a alma é um rio que se desvia do seu leito natural, cortando a terra com fúria silenciosa, mas sem perceber que ao querer tanto fazer bem, faz mal. Tentamos, com a pureza de uma estrela solitária, iluminar o caminho dos outros, mas a nossa luz cega, atravessa os olhares e não encontra compreensão.
É no fervor de agradar que nos perdemos, tal como uma flor que se abre demais e se desfaz ao vento. Nossas intenções, como barcos à deriva, colidem com rochedos invisíveis, fazendo-se em pedaços antes de alcançarem a margem desejada. Queremos dar o melhor de nós, mas, em nosso excesso, desajustamos a harmonia do mundo ao nosso redor.
Não lemos os sinais, não escutamos o sussurro das folhas, o chamado dos silêncios. Apressamo-nos, os olhos fixos no horizonte, sem ver o presente que se dissolve como um sonho matinal. Somos egoístas, não por escolha, mas por descuido, pela cegueira do coração que deseja ser amado.
Na ânsia de sermos compreendidos, esquecemo-nos de compreender, de ouvir os murmúrios que nos são destinados. E assim, com as mãos cheias de boas intenções, derrubamos as pontes que queríamos atravessar, ficando, ao final, ilhados na nossa própria solidão.
Venha, venha, venha a mim, ó pilim,
em toda a tua vil glória, cintilante e fugaz,
talvez não traga felicidade, é verdade,
mas nunca vi um rosto entristecer
ao encontrar-te perdido, esquecido no chão.
Ah, doce ilusão de papel e metal,
não devemos viver sob teu jugo,
nem erigir altares em teu nome,
mas, quando vens, és bem-vindo,
como a chuva inesperada em tarde de verão.
Traz contigo o conforto, o alívio momentâneo,
não a essência da alegria, mas um suspiro,
um descanso breve na jornada.
Não te idolatro, pilim, mas acolho-te,
com a mesma simplicidade que acolhe a flor,
sabendo que, apesar de efêmero,
teu brilho pode, por um instante,
aliviar o peso do cotidiano.
Venha, venha, venha a mim, pilim,
não como senhor, mas como servo,
um convidado que chega sem aviso,
e cuja partida deixará apenas
um eco suave, uma lembrança de luz.
Hoje, o dia brilha como nunca, pois é teu aniversário, e com ele a celebração do milagre que és. És como a primavera que, sem esforço, transformou meu mundo, afastando o inverno que antes o habitava. Tu és a simplicidade da natureza em flor, o vento suave que acaricia as folhas, o sol que aquece a terra.
Não te posso explicar, porque as coisas belas não se explicam, apenas se vivem. E vivo-te, Rosa Brava, todos os dias, com o mesmo espanto com que se olha para uma árvore antiga, que, sem pedir nada, só nos dá sombra e paz.
Parabéns. Que cada dia teu seja uma nova pétala, abrindo-se para a luz.
Nas dobras do tempo, onde a vida se esconde,
Investimos tudo, cada passo que se responde.
Como o machado que esquece a árvore ao cair,
Às vezes nos perdemos sem sequer perceber partir.
Entregamos sonhos, esperanças e suor,
Mas às vezes o destino nos reserva dor.
Como a árvore que cai sem ninguém notar,
Nossa entrega às vezes se perde no mar.
Mas mesmo diante das desilusões do caminhar,
Resta a sabedoria em cada cicatriz deixar.
Pois no esquecimento da árvore pelo machado,
Aprendemos a valorizar o que é verdadeiramente foi dado.
Entregamos sonhos, esperanças e suor,
Mas às vezes o destino nos reserva dor.
Como a árvore que cai sem ninguém notar,
Nossa entrega às vezes se perde no mar.
"Entregamos sonhos, esperanças e suor,
Mas às vezes o destino nos reserva dissabor.
Como a árvore que cai sem ninguém notar,
Nossa entrega às vezes se perde no mar.
Mas mesmo diante do dissabor que se instaura,
A esperança floresce, luz que nos segura.
Como a árvore que renasce após a escuridão,
Continuamos a navegar, em busca de redenção."
Instantes Eternos
No vasto cosmos, onde estrelas brilham sem véu,
Somos seres fugazes, numa dança de céu.
Num instante efêmero, único e transcendental,
Somos parte do enigma, do mistério sideral.
Entre galáxias e névoas, nossa essência se esvai,
Como brisa suave que ao vento se desfaz.
Façamos deste momento nossa eternidade a criar,
Cada pulso, uma sinfonia, cada respirar, um altar.
Neste universo vasto, és a luz, sou a sombra a vagar,
Como estrelas cadentes, a se encontrar.
Que cada instante seja um poema, uma prosa em nós,
Onde a alma do efêmero perpetue, em eterno solstício após nós.
Como estão os lábios que o meu beijo destruiu,
O néctar roubado, o desejo que sucumbiu?
Como está o rosto que o meu fogo queimou,
A face em chamas, o ardor que não cessou?
Como está o corpo que o meu treino cansou,
A pele marcada, o vigor que se esvaiu?
Se o lume arde alto, espero que ele não nos consuma,
Mas que eleve nossas almas, em chama e bruma.
Dia D
Nas praias de silêncio e sangue,
onde o vento ainda sopra a memória
dos que partiram sem regresso,
a areia guarda os passos de heróis
anónimos, mas eternos.
No murmúrio das ondas,
ouvimos o eco dos seus nomes,
gravados no tempo como pedras
firmes, inabaláveis no oceano
da nossa gratidão.
Cruzaram o mar, carregados de medo e coragem,
para libertar um continente acorrentado,
para rasgar as sombras com o lume da esperança,
para que a liberdade pudesse florir
nos campos devastados pela tirania.
Homens simples, de fardas gastas,
deixaram seus sonhos na terra natal,
e no último alento, sussurraram a promessa
de um amanhã que nós, os vivos, herdamos.
A Europa é livre porque eles tombaram,
e o nosso dever, agora, é lembrar
o sacrifício último que nos deu asas,
que nos devolveu a luz e a paz.
Jamais serão esquecidos,
porque a memória deles é o farol
que nos guia em noites de incerteza,
e o seu legado, a liberdade,
é o sol que nasce em cada manhã.
Nas praias de silêncio e sangue,
reverenciamos os heróis do dia D,
gratos pelo sacrifício imenso,
prometendo, em cada suspiro de liberdade,
que jamais os deixaremos cair
no esquecimento.
Vivemos tempos de sombras densas, onde o silêncio se faz refúgio e a palavra, um risco. A polarização ergue muros invisíveis, transformando o espaço comum num campo minado, onde cada sílaba pode desencadear tempestades. A liberdade de dizer torna-se miragem, ofuscada pela luz cortante da ofensa fácil.
Já não se pode abrir a boca sem que o ar se torne pesado, sem que as palavras sejam distorcidas, mal entendidas, censuradas. O diálogo, esse fio frágil que nos liga, estica-se até quase romper, ameaçado pela intolerância travestida de zelo. A palavra "tolerância" soa como uma piada amarga, dissipada no vento.
Onde antes floresciam debates, agora restam trincheiras. Cada opinião, uma bandeira; cada silêncio, uma suspeita. O medo de falar cala, sufoca, e a liberdade de expressão definha, encurralada pela vigilância implacável da hipersensibilidade. Escolhem-se as vias do ódio e da vitimização, em vez do entendimento.
A revolução necessária não brotará dos campos férteis; precisa de um terreno mais árido, onde as mentalidades sejam forçadas a mudar. Promessas de liberdade, por vezes, tornam-se prisões de benevolência, incapazes de curar as feridas que se agravam nas sombras do ressentimento.
No entanto, é preciso lembrar: a verdadeira mudança exige sacrifícios além das escolhas fáceis. É preciso confrontar a feiura que evitamos, a dureza das verdades que recusamos. Precisamos de uma revolução de mentalidades, um despertar que não virá sem dor, sem ruptura.
Nas fissuras da polarização, o ódio e a vitimização germinam, sufocando a esperança. Mas talvez, nas ruínas do diálogo, possamos encontrar a semente de uma nova compreensão, forjada no fogo da necessidade.
A liberdade, essa ave ferida, não alçará voo sem luta. E nós, perdidos entre sombras, devemos decidir: permanecer na escuridão confortável ou enfrentar a revolução que os tempos exigem.
A ajuda é como a luz do sol que não escolhe onde brilhar. Há um silêncio profundo que pulsa em cada gesto, uma mão estendida sem esperar outra. Na alma do vento há um sussurro antigo que fala de quem planta tâmaras, sabendo que nunca colherá os frutos. Na dádiva, encontra-se a essência, mesmo sabendo que o eco pode ser silêncio.
Mas a sabedoria murmura suavemente: a bondade não deve ser cega; deve ser iluminada pelo entendimento das circunstâncias. A verdadeira compaixão não se resume a atender cegamente cada pedido, mas a encontrar maneiras de ser útil sem causar dano a si mesmo.
Neste caminho de sombras e luz, o coração faz-se terra fértil, e cada ato de bondade é uma estrela que nasce, mesmo que só para iluminar a escuridão de um instante. Porque a grandeza reside na simplicidade de fazer o bem, sem perguntar o porquê, e na sabedoria de proteger-se para continuar a ajudar.
Há um silêncio que corre nos dias,
um cansaço de pensar profundo,
preferem os homens a sombra breve
da resposta fácil, como abrigo.
No caminho certo, há pedras e vento,
mas a verdade é um lume que aquece.
Escolhem o engano de olhos fechados,
na ilusão doce que adormece.
Mas há quem busque, mesmo exausto,
no labirinto da mente, o sol nascente,
e encontra na complexidade do mundo,
a pureza de um rio transparente.
Nas margens do pensar, floresce a vida,
onde o esforço se torna luz constante,
e a verdade, lenta, desabrocha,
em cada alma que não se cansa e avança.