Poemas de Nascimento de um Filho
Você vai olhar pra trás
e ver que sempre é muito pouco
vai querer se antecipar
dizer que sabe brincar com fogo
mas vai acordar
ao lado da chance
de poder viver
tudo de novo
e vai entregar
à sorte o mapa
com as regras do jogo
e então vai descobrir
que não dá mais pra construir
sua prisão de pouco em pouco
vai sentir o que sentiu
mesmo que já conheça o novo
e vai entender
que saber aonde ir
não muda o caminho
e vai encontrar
um mundo que não
conheceu sozinho
e então vai descobrir
Você vai olhar pra trás
e ver que sempre é muito pouco
A minha andorinha nunca será presa em uma gaiola; Eu a amarei tanto que nunca surgirá no coração dela o desejo de partir, apesar de ser livre para ir;
Quem ama jamais aprisiona;
Quem ama conquista a pessoa amada todos os dias.
Informou-me a bela rosa
com muita sinceridade
que era doce o seu perfume
e discreta a sua vontade
disse ainda que era mito
que eram só pra proteger
sua frágil estrutura
os espinhos em seu ser
pois gostava do poder
que surgia na derrota
do gigante que caía
por sonhar além da conta
mas ainda que eu soubesse
as regras todas do jogo
e não quisesse arriscar
colocando a mão no fogo
cometi um grande erro
ao olhar todo o cenário:
conhecer as consequências
não te livra do calvário
quando pude reparar
o meu sangue já descia
pela inerte flor do campo
que eu achava que sorria
tinha um tom bastante intenso
de vermelho em sua cor
o que sempre teve antes
quando era incolor
tinha a mesma densidade,
sua aparência se mantinha,
nada estava ali mudado
nem ao menos parecia
mas enquanto perfurava
o meu dedo a flor apática
eu só pude me calar
e sentir de forma estática
que era minha a natureza
porque dela eu sempre fui
relembrou-me a flor imóvel
que por mim a vida flui
Então você encontra alguém e se encanta. Aquela imagem desperta o seu desejo e você fica bem por isso, desfruta o momento mais feliz do seu dia, ou talvez o único momento de felicidade. Você quer que essa sensação se repita, e acredita que tudo acontecerá da mesma forma, ou será ainda melhor. Acredita que o acaso te apresentou há pouco um ser que tem o dom de melhorar a rotina dos seres humanos porque é alguém especial.
Vocês trocam olhares, e num instante estão se beijando. Esse beijo parece ser o melhor que alguém já conseguiu te dar (e olha que não foi por falta de tentativas). Vocês trocam telefones, e você já imagina como o papo será agradável, em um dia de insônia, às três da manhã. E você espera ansiosamente por essa ligação, quando o telefone toca você quase nem consegue entender o que vem do outro lado da linha. Só sabe que é muito bom escutar aquela voz.
À medida que os dias vão passando, a pessoa ocupa um espaço cada vez maior nos seus pensamentos, e você tem certeza de que ela será tudo o que você sonhou. E continua sonhando. Você sente que, mesmo que algumas coisas não estejam indo bem, o tempo vai consertar tudo, porque aquela é a criatura feita sob medida para você. E pode dar certo. Ou não. Você tira o peso do mundo dos seus ombros e coloca nos ombros do outro.
Apaixonar-se é ser preconceituoso.
agora
tua ausência já não se faz notada
aos poucos some o que restou de ti
quando percebo já é madrugada
e o meu silêncio deixa-me dormir
eu não peço para o destino nada
além do tempo que eu não vi partir
mas o impossível pavimenta a estrada
de quem ainda tem o que eu perdi
e na ilusão de que era meu o riso
que eu entreguei já antes de entregar
eu me esqueci de que era preciso
andar na areia para ver o mar
e este chão em que, com receio, piso
é a cidade em que vou habitar
Minha homenagem ao aniversário de 153 anos da cidade de Campina Grande-PB
Campina Grande, que já nasceu "Grande" e engrandece a grandesa dessa gente.
Gente essa, que se orgulha de ser dela habitante.
Com sua formosura que irradia elegância.
Com suas praças e parques onde arvoream a esperança.
Grande Campina...decantada por poetas, cordéis e repentes.
Rainha da Borborema; de gente com mentes criativas, trabalhadoras e competentes.
Gente com jeito de gente, terra de gente simplesmente.
As vezes nublada, as vezes chuvosas; com noites frias, manhãs amenas e tardes quentes.
De contrastes intrigantes; onde o Açude Velho é cheio, frequentado e exuberante.
Contrario a isto o Novo é seco, inóspito e esquecido por essa gente.
Das frequentes e tradicionais festas juninas.
Da resplandecente beleza de suas luzes natalinas.
Dos bolevar com seus cafés, onde as manhãs não passam, para os que ali consomem.
Dos bate-papos nos calçadões, que alegra o entardecer dos homens.
Breve
A noite leve que de mim fugia
Roubava insípida a minha exaustão
Não inspirava mais humor que o dia
Nem demonstrava por mim compaixão
Era tão breve a vida que partia
Levava intrépida a minha oração
Para que o tempo que de mim corria
Não me roubasse a minha solidão
E mesmo sóbrio, no temor das horas
Eu despertava a minha própria aurora
Cavando o óbvio no jardim do sempre
E mesmo louco, por querer tão pouco
Eu entregava enfim um canto rouco
Ao que de mim corria eternamente
VAI
Aquiete o teu coração
que a tristeza vai passar
nada além do que convém
no teu peito vai durar
que se esvai por entre os dedos
o que era então tangível
para sempre revelar
no distante o invisível
do silêncio que gritava
com carinho o seu pretexto
do rompante que calava
qualquer sopro de sossego
na procura de viver
o que era o seu destino
descartando sem querer
o seu conto genuíno
Nada além do que convém
no teu peito vai durar
deixe quieto o coração
que a tristeza vai passar
que é teu o mar salgado
que esvazia o peito aberto
e da nuvem faz chover
irrigando o vil deserto
fica aquilo que se foi
para nunca mais voltar
fica o que já era seu
para sempre transformar
e afinal o que se ganha
é aquilo que se tinha
com um pouco de relevo
com um toque de euforia
com um tanto de receio
de entregar o seu presente
mais a vida que se tem
e é toda pela frente
pois o quanto de poesia
que se esconde no caminho
não se pode descrever
nem sequer viver sozinho
Se eu pudesse cantaria
a canção que em mim se esconde
se eu soubesse a melodia
do silêncio que responde
A minha amiga
a minha amiga eu não sei de onde veio
mas de lá trouxe tudo que podia:
o tempo que lhe falta na rotina
e se estende pela sua companhia,
a vontade de abrir o próprio peito
e abarcar esse mundo em um só dia
sem perder a leveza de sentir
o compasso que une a melodia
o que trouxe consigo a minha amiga
eu não sei se consigo descrever
é um pouco de tudo que eu já vi
mais um tanto de coisas pra aprender
é o sopro de vida que eu senti
quando a sorte me deixou escolher
que eu queria que fosse também seu
esse sangue que eu não pude eleger
à minha amiga ofereço o meu ombro,
o meu colo e a vontade de ficar
conversando como quem não quer nada
e desconhece a hora de parar,
o sorriso que de mim toma conta
ao dizer qualquer coisa sem pensar
pois é isso que ofereço e recebo:
a beleza de sentir sem julgar
o presente que eu dou à minha amiga
não tem fita, não tem laço, nem preço
é o que o espelho me mostra agora
e aquele jovem que eu já não conheço
é a dor que só vai porque demora
e aquilo pelo que mais tenho apreço
é o que vai sem medo de existir
pois não tem a sua morada endereço
ali surgiu, sem uma explicação
o que não tem nome e nunca vai ter
dali fluiu, sem uma só razão
o que a gente nunca vai entender
eu só queria, com muita afeição
não deixar pra depois e já dizer
que o tempo só vai dar a direção
pois és minha amiga e sempre vai ser
No caminho da mudança
No caminho da mudança
há um pouco de esperança
no que se vai construir
e se busca a liberdade
de poder criar a chave
para o que se quer sentir
e de luta é feita a estrada
em silêncio a caminhada
desemboca em um lugar
em que ninguém sabe ser
mais do que se pode crer
que se era ao começar
há o medo do que vem
da semente que contém
o futuro a ser criado
mas repousa na bravura
o dever de achar a cura
para o que feriu o passado
tem o sonho o seu recanto
ao criar com o seu encanto
o que vaza o homem são
e o limite da coragem
é a própria realidade
que se serve da ilusão
quem anda carrega em si
a certeza de que ir
é melhor do que ficar
leva tudo que não sabe
todo o anseio que não cabe
no receio de parar
mas quem deita dorme e esquece
que a resposta da sua prece
já está no seu perdão
e a sombra que o olho vê
não é nada além do que
produziu a sua ação
no caminho da mudança
há um pouco de esperança
há um passo e nada mais
Pai
“Quando a vida lhe der um Pai
Viva a vida que lhe atrai
Pai sempre será Pai
Pois a vida eterna lhe trará
A sabedoria de se revelar
A que um dia será um Pai
Do fruto do Pai, sai a semente de Papai
A semente do querer, vem a emergir a vontade do querer
Querer nem sempre é poder
Mais meu Pai me deu o poder de querer
E por querer, lutarei para obter
A sabedoria de meu pai
Que tanto me atrai
Para um dia, ser como meu Pai”
26/04/2017
Sonhei contigo esta noite
mas não quero nem lembrar
cada detalhe furtivo
que roubou meu descansar
Quero aos poucos me entregar
ao que trouxe o meu desejo
sem, contudo, desvendar
o que move o que não vejo
Quero em mim redescobrir
o destino pelo mapa,
a coragem em sentir
a beleza em ser cascata
É você, e mais ninguém
o que é meu está guardado
no que eu disse sem dizer
na janela do meu quarto
no que eu mato pra viver
na frequência com que calo
Sonhei comigo esta noite
Eu sei, você sabe
Tinta preta e papel
Um terceiro no par
Mesmo que seja leve
Eu nunca soube atuar
Melhor deixa como está
Eu sei, você sabe
Julieta e Romeu
Só se for pra casar
Mesmo que seja fácil
Eu sempre quis complicar
Então me diz
Que fica aqui
Comigo e vai demorar
Só se for pra deixar o teu abraço
Em volta dos meus braços
Quando a sorte não quiser me escutar
Só se for pra entender o que eu digo
Ser sempre o meu amigo
Sem perder aquele jeito de amar
Eu sei, você sabe
Tinta preta e papel
Um terceiro no par
Mesmo que seja leve
Eu nunca soube atuar
Melhor deixa como está
Eu sei, você sabe
Julieta e Romeu
Só se for pra casar
Mesmo que seja fácil
Eu sempre quis complicar
Então me diz
Que fica aqui
Comigo e vai demorar
Só se for pra deixar o teu abraço
Caber bem nos meus braços
E fazer a sorte desabrochar
Só se for pra tornar o seu sorriso
Meu mais seguro abrigo
Sem perder aquele jeito de amar
Soneto do amor em si
Amo-te assim, sem troca e sem barganha
Sem resquício de culpa ou de perdão
Amo-te no limite em que a razão
Delira e me permite tal façanha
Amo-te, sem querer saber se ganha
O ceticismo, sombra da emoção
Ou o relógio, carrasco da ilusão,
Meras medalhas para quem apanha
Amo-te só, com o êxtase primeiro
E a experiência de quem muito amou
Unindo-os enfim, como um carpinteiro
Que com calma, trabalha com ardor
E sem terminar, repete o roteiro:
Todo dia se constrói um grande amor
A garota e seu jardim
Ela olha cada flor do seu jardim
como um sentimento que passou
deixando saudade, ou apenas
a lembrança de que sentiu
alguma coisa maior que a sua
própria existência
O cuidado é diário.
A satisfação contemplativa
que tem os visitantes, para
ela é vaidade, porque o
vermelho da rosa tem uma
gota do seu sangue.
Mas foi dado com carinho.
Afinal, quem seria a jardineira
se não amasse os espinhos?
Não exalta a ilusão como
cenário ideal para a vida
mas, sabe a importância
dela para que esse cenário
seja construído e conquistado,
porque se não acreditasse
que um dia voaria como
as borboletas que pousam
no seu jardim, talvez suas
asas não abarcariam
tantas flores.
Quando uma flor morre,
seu coração vai junto.
Parece que o cuidado,
suas horas de esforço
se perderam em algum lugar
onde já não tem relevância.
Mas quando chega
uma semente nova,
ela planta com a expetativa
de que se torne ainda mais linda
do que a flor que morreu.
E enquanto rega sua nova
esperança, redescobre
a coisa mais importante:
ela ainda sabe cultivar!
E olha cada flor do jardim
como um sentimento.
E deita,
sorri,
inspira.
A loucura do amor...
Loucura? Não, não há loucura no amor...
Sensação pura que gera esse grande furor...
Mas, na verdade, acho sim enlouquecedor...
O que em algum momento me torna um sábio ditador...
Ditando as incriveis lições do inventor...
Inventou o Eu e essa tão paixão, a brasa maior desta doce sensação...
vivência significativa que mobiliza afetos e emoções ...
A loucura é além da expressão...
Se não fossem os seus olhos
Se não fossem os seus olhos,
Com certeza, o mundo seria mais triste.
Eles são o elo entre mim
E tudo que eu não consigo escrever,
Falar, imaginar, compreender
Se não fossem os seus olhos,
Eu não teria tanta certeza
Da transcendência da matéria,
Da eloqüência de um gesto,
Do futuro da poesia
Quando doce, você pára e divaga
O brilho deles consegue
Me trazer a calma do mar
De Ipanema, e ao mesmo tempo
A noite estrelada de Van Gogh
Se os olhos são a porta da alma
Os seus olhos são a alma
Sem barreira e precedentes
O reflexo da paz que eu nunca
Imaginei poder encontrar
Se não fossem os seus olhos,
Eu não sei o que seria desse lápis
Preto, tão vago
Que parece ter sido feito
Pra encontrar os seus cílios
E contornar a mais bela obra
De vanguarda que o mundo já conheceu
Sim, de vanguarda, porque o seu olhar
Não respeita qualquer padrão
Não se curva a ninguém
Apenas reluz, como uma extensão
De toda a beleza dentro de ti
Às vezes acho que o tempo pausa
Para contemplar os olhos teus
Assim, como quem não quer nada
E tentar descobrir o segredo
Do meu encanto ao te ver
Ah, se não fossem os seus olhos,
Eu não teria dito ao destino:
Eu quero é ser poeta.
A porta
A porta estava quase fechada.
com um cadeado novo, de metal
brilhante, pronto pra envelhecer
e virar história amarga que não
se conta em livros de auto ajuda
Com cuidado você a abriu,
mas não perguntou nada.
Tirou a cortina da frente da janela,
deixou o sol entrar por onde
nunca devia ter saído, e aos poucos
foi ajeitando tudo para que a sala
ficasse apresentável.
Fez sumir a poeira da estante,
colocou uma música pra tocar,
mas não quis cantar ou dançar,
apenas sorriu, como fosse o passado
um bobo diante de tudo
que a vida reservava pro futuro.
Não fez com que sua presença
fosse, em nenhum momento
necessária, e sim desejada.
Um alguém que mostra como é bom
ser livre com hora marcada
para voltar para o café, para a cama,
para o bolo de domingo
ou o beijo de despedida na saída.
E antes que se pudesse saber
qual seria a nova rotina dali,
partiu.
Não disse “já volto”,
mas deixou subentendido
que o tempo é relativo.
Não deixou um bilhete,
e sim um papel em branco.
Não deixou fotos,
mas um porta retrato vazio.
Não deixou quando,
mas quem sabe, um talvez
Só deixou saudade
e a porta aberta.
Pessoas fortes são aquelas que não desistem de seus sonhos.
Lutam pelo caminho mais complexo e difícil.
Pois o fácil nessa terra cheia de raiva não existe.
Então é dever do ser humano ser íntegro, leal e seguir os seus princípios.
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