Poemas de Nascimento
A lembrança é a prova que uma pessoa sozinha carrega muitas outras consigo, logo nunca estando sozinha.
A solidão não tem fonte física ou espiritual, mas um meio termo entre eles, ou seja, se origina na mente.
Nada é mais belo e doce que uma mentira bem feita, conforta os aflitos e une os inimigos. Assim como não a nada mais aspero e feio que a verdade, machuca corações e afasta os aliados. Disse o político.
Muitos fazem pouco caso de uma discussão, claramente não veem o que realmente está acontecendo, dois mundos, duas realidades, dois universos colidem buscando destruir para não ser destruído. É uma chacina sem proporções que ambos os lados conquistam ou são conquistados. O vencedor? Esse é aquele que com sabedoria absorve o que é útil, ignora o inútil e não prolonga a batalha, resolvendo com um simples "ok, você está certo".
É incrível a capacidade humana de atribuir poder de decisão a outrem. Como " próximo ano tudo vai mudar", " Novembro retrógrado" ou o famoso "Foi culpa dele". Nunca vendo que é o próprio indivíduo a força de mudança ou inércia.
Ser vítima tem um gosto amargo, ou era assim, ultimamente mais pessoas o vêem com certa doçura, não na tragédia claro, mas no tratamento que se recebe por ser vítima, um agridoce que desejam saborear.
Nossa voz para os outros muitas vezes é como um sonho que ao acordar, pode ser lembrado para sempre ou se acorda sem nem saber que teve um sonho.
Desconheço uma experiência similar com a leitura de um livro, é uma experiência única de conversar com alguém que geralmente se desconhece, mas de forma profunda e íntima, conhecendo os pensamentos e a forma de ver o mundo. Nem se restringe a distância, tempo ou morte.
Os filhos mesmo já crentes que não vêem mais seus pais como heróis, ainda não vêem seus país como pessoas, que assim como os filhos precisam achar seu caminho, tem dúvidas, inseguranças, traumas, incertezas e outras questões que os filhos enfrentam mais desacreditam que seus pais também.
Não há momento mais infeliz que perceber a monstruosidade de seus atos, mas também não a momento de maior iluminação ou aceitação.
O desejo é como o botulismo, vem sorrateiro, sem darmos conta perdemos o controle e o cérebro para de pensar.
Se cada pessoa soubesse quão perigosa é sua mente buscariam se compreender e racionalizar seu pensamento através do questionamento, evitando de fazerem muitas besteiras. Porém, por muitas vezes me pergunto se elas realmente não sabem ou se sabem, mas aceitam esse perigo por medo de confronta-lo em busca de se conhecer, confrontar o que guarda no âmago do seu ser.
Como vocês buscam a reconciliação após um erro? Eu busco usar de palavras e ações, palavras porque prezo muito por elas, creio que elas esclarecem o que a ação obscurece, na verdade diria que ações apenas reforçam as palavras, por isso que a cura se começa com palavras, se caminha com ações e termina com mais palavras. Por isso, amo começar com um "me desculpe" ou recebe-lo.
Outrora a ideia da criação dessa coleção era para registrar bons pensamentos meus, depois se tornou forma de liberar a energia dos sentimentos e agora ao que percebo se tornou completamente pessoal. Não esperava tamanha escalada de finalidade, porém não posso negar que, no fundo, esperava que um dia alguém chegasse a encontrar esse recluso local que reside meus pensamentos, seja por orgulho ou solidão e agora com essa alteração de finalidade, me questiono se realmente desejo manter esse santuário tão isolado.
Algo que só agora pude notar, como esta minha sanidade? Me confronto sobre esse assunto tendo em vista que eu sei que ninguém lê o que escrevo, mas tenho recentemente feito questão de mencionar os inexistentes leitores, formar um diálogo mais aberto, não sei se é por influência dos livros que leio ou por buscar ter minha voz ouvida, ou por algo mais egoísta e depravado como orgulho? Um dia saberei responder as duas perguntas.
Para meus leitores imaginários, sim, eu sou hipócrita, como não seria sendo gente? Feliz ou infelizmente, as pessoas acabam por se contradizerem, mudarem de caminho, como muitos dizem "o mundo da volta" ou "a ocasião forma o ladrão". Mas, claro que eu sou hipócrita com limites, são hipocrisias sutis, eu diria, como mandar indiretas, julgo muito quem o faz, mas também o prático.
No mundo pós-industrialização, muito se fala na padronização das empresas, nos produtos, meios de produção e afins para aumento de "performance". Entretanto, pouco se fala no movimento para padronizar as pessoas, cada vez mais pessoas são limitadas a um rótulo e o pior, aceitam esses limites impostos pela sociedade com total normalidade, de forma tão simples abandonam sua autenticidade pelo senso de segurança passado por ser rotulado. Assim, cada vez mais pessoas se amarguram por não serem elas mesmas, mas serem o rotulo que lhe foi dado, como os produtos que consomem.