Poemas de Morte Poetas Conhecidos
Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido
Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?
Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar
O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.
VALE DA MORTE
Légua, meia légua,
meia légua em frente,
todos no Vale da Morte
cavalgaram com os seis centos.
“Para a frente a Brigada Ligeira!
Carreguem contra as armas!”, disse ele.
Para o Vale da Morte
cavalgaram os seis centos.
Para a frente a Brigada Ligeira!
Havia algum homem desanimado?
Todavia, o soldado não sabia
De algum que tivesse disparatado.
Eles não têm de responder,
eles não têm de se perguntar,
eles só têm de fazer e de morrer.
Para o Vale da Morte
cavalgaram os seis centos.
Agora
agora sim
tenho a morte na alma
e a vida nas mãos
haja ou não
um você aqui
agora estou só
agora sim
o que sobrar de mim
é meu
agora não há mais dúvida
pagando todas as dívidas
me livrarei deste eu
este agora que me escapa
me inaugura e funda
outro eu que vai pro mundo
outra dor que vai a furo
outro agora ainda mais fundo
por um segundo mais claro
agora é claro
que seja escuro
Costumo dizer que quando estamos muito tristes,
com a alma triste até a morte,
é como se estivéssemos atravessando um desfiladeiro
em uma corda bamba.
O que tem embaixo é um abismo,
e o que está acima é o céu.
Se você olhar pra baixo, você verá o abismo.
O abismo atrai o olhar, mas o abismo é morte certa,
e ao olhar para ele você pode entontecer e cair.
Portanto, nunca olhe para o abismo.
Mas também não olhe para o céu.
O céu é como um sonho,
e ele pode estar belíssimo, muito azul,
com um Sol radiante
ou com uma lua linda e repleto de estrelas,
não importa: não olhe para o céu,
porque de tão belo ele pode fazer você esquecer
de que precisa manter o equilíbrio
e seus pés bem firmes na corda.
Desta forma, eu te digo:
o único lugar para o qual você deve olhar é para a frente,
onde está o horizonte.
O horizonte é onde está tudo o que você pode descobrir,
viver e alcançar. Basta seguir em frente.
Se você olhar para trás,
poderá ver teus familiares e amigos dizendo:
‘siga em frente’.
Mas se você não conseguir ouvir isto,
concentre-se em teus pensamentos,
porque é na verdade o que você quer:
seguir em frente!
Então apenas mire o horizonte,
mantenha teus passos bem firmes
e você atravessará o desfiladeiro,
onde do outro lado haverá um mundo,
pessoas, e uma vida que esperam,
sinceramente,
que você siga em frente!
Não vieste à terra para perguntar
Se Deus, vida ou morte existem ou não.
Pega a ferramenta para trabalhar
Pondo na tarefa cada pulsação.
Ferramenta tens, não procures em vão –
Saúde, fé em ti, arte eficiente,
Capacidade, poder de expressão,
Coração sensível e força da mente.
...Poesia...
Nós não lemos e escrevemos poesia porque é bonito,
nós lemos e escrevemos poesia porque pertencemos a raça humana e a raça humana está cheia de paixão..."
Citação do filme "Sociedade dos Poetas Mortos"
Vejo doçura em seu sorriso
Brilho intenso em seu olhar
Mas a vida é perfeita e me satisfaço só em saber que ela esta viva
Os poetas reclamam que a ciência retira a beleza das estrelas. Mas eu posso vê-las de noite no deserto, e senti-las. Vejo menos ou mais?
Nós, poetas, na nossa mocidade começamos com alegria, / Mas daí passamos finalmente ao desalento e à loucura.
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
A UM AUSENTE
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
O que temer? Nada.
A quem temer? Ninguém.
Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez, sem vinho; e vida sem morte.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.
Nota: Adaptação de trechos da crônica "A Morte Devagar", de Martha Medeiros. Muitas vezes é erroneamente atribuída a Pablo Neruda.
...MaisEsta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia.
É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
E recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.