Poemas de Morte de Machado de Assis
Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar...
Eu que meditava ir ter com a morte, não ousei fitá-la quando ela veio ter comigo.
Não há nada eterno neste mundo; nada, nada. As mais profundas paixões morrem com o tempo.
É certo que receava perder Capitu, se lhe morressem as esperanças todas, mas doía-me vê-la padecer.
Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer.
A vida é tão bela que a mesma ideia da morte precisa de vir primeiro a ela, antes de se ver cumprida.
O arvoredo dos morros fronteiros estava coberto de flores-da-quaresma, com suas pétalas roxas e tristemente belas.
Diferença de vocações: o casal Aguiar morre por filhos, eu nunca pensei neles, nem lhes sinto a falta, apesar de só. Alguns há que os quiseram, que os tiveram e não souberam guardá-los.
O capitão fingia não crer na morte próxima, talvez por enganar-se a si mesmo.
Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.