Poemas de Morte
Amor não morre de morte súbita. Ele morre lentamente assassinado com doses homeopáticas de desprezo, de silêncio e tanto faz.
Vivemos tempos sombrios, difíceis e a linha que divide a vida e a morte está nos limites da nossa própria casa, por isso não saia de casa, mas se for necessário sair ore antes e depois que chegar, agradeça.
A gente entende que a vida é mais forte que a morte quando vê que a planta que não resistiu aos açoites do tempo deixou uma semente no chão ao ser tombada por ele.
Quando a pessoa se sente o centro do universo, chega uma doença ou a morte pra mostrar que ela é igualzinho a todas as outras: um grão de areia e nada mais.
Talvez, o prazer que alguns idosos sentem em falar de doença e morte nada mais seja que uma homenagem à vida.
Temos tanto medo da morte, que não nos damos conta de que cada dia é uma morte, cada dia é um pedaço de nós que pra sempre fica perdido no tempo.
Eu não tenho medo da morte. Tenho medo é dessa sensação de impotência de não poder resgatar os sonhos inocentes que deixei para traz, tenho medo é de não ter tempo de viver tudo que me dispus a viver, tenho medo é de ir antes de tornar clarividente a minha alma para me tornar luz em outro plano.
Só tem medo da morte os que não vivem com intensidade suficiente para fazer valer a sua passagem pela terra.
Eu sei que a morte faz parte da vida, mas dizer que eu não a temo é mentira, também não sou corajosa o suficiente para procurá-la, tampouco, desiludida o bastante para chamá-la. Resiliente a espero quieta no meu canto.
Não importa quantas vezes eu leia Morte e Vida Severina, em todas elas eu me emociono. Morte e Vida Severina para mim é quase uma oração. João Cabral de Melo Neto foi brilhante quando reconstruiu os altos medievais retratando de forma tão clara e inteligente a vida dos nordestinos. Com metáforas pesadas e inquietantes o autor trouxe para o imaginário do leitor o antagonismo vida-morte e transformou em poesia a vida sofrida desse povo.