Poemas de Morte
...Pessoas queridas estão partindo no expirar dos dias...
Parentes, amigos... Irmãos...!
...Ao chegar do seu tempo... No tempo de Deus...!
E por saber que nunca mais os veremos,
E que, nem tão pouco ouviremos mais o som das suas vozes,
Somos nós, tomados pela lacerante dor da saudade...
... Saudade das caminhadas juntos pela imensidão da posteridade,
Saudade dos muitos risos festejados e lágrimas marejadas em cumplicidade,
Saudade de memórias vivenciadas na cadência da felicidade,
Saudade dos sonhos vividos em realidade,
Saudade de tudo que a vida nos deu na integralidade...
...Pessoas queridas estão partindo no expirar dos dias...
Amigos, parentes... Irmãos...!
...Sem tempo de dizer adeus, ou, ao menos até logo...
Passeando pelo cemitério, me surpreendo ao me deparar com um pequeno e negro corvo que me fita sem parar,
Ao perceber que há algo em seu bico, minha curiosidade só aumenta
O que será aquilo? O que essa ave carrega?
Eu me mantive inerte e de fato admirada com aquele acontecimento, pois eu não imaginava;
E ao me aproximar ela não se mexeu, aquela ave de morte ali permeneceu.
Destino, loucura, pensem como for,
ela carregava consigo em seu bico uma flor.
Flor esse que para mim simboliza amor e morte, ela carregava uma rosa em seu pequeno porte.
Já fui neve no mar, já fui espada na mão (José Afonso)
No passado sofri de algumas vaidades. Mas calei que prefiro ser neve no mar do que poeira pisada, caída no chão. Ser a neve que se funde com o mar é ser a frescura que sabe de antemão que muita gente lhe vai perguntar: quando cantaremos o Hino da Libertação?
No passado sofri de algumas vaidades. Mas agora, que vivo sem sedução, digo: ser neve que se fundiu com o mar é ser como a estrela que se fundiu com o céu (coisa que, antes, a estrela sempre temeu) e nele brilha mas sem chamar à atenção.
No passado sofri de algumas vaidades mas não falei de ser espada na mão. Hoje, que sou a neve caída no mar, muitas vezes me interrogo: ser lâmina afiada em ereção não será entrar no estranho jogo dos que põem pessoas a sangrar e querem sentir vida a pulsar no seu coração? Mais logo, quando a Musa Menina chegar, me dirá se tenho ou não tenho razão.
Num voo de cores, dança a borboleta,
Entre flores e sonhos, a vida completa.
Ela é o sopro do vento, a luz do poente,
Um sussurro da vida, tão efêmera, tão presente.
No entanto, vem a morte, silenciosa e certa,
Finaliza a dança, a cortina deserta.
Mas na despedida, uma nova beleza desponta,
Na metamorfose final, a vida se reencontra.
Acredite ou não, você é um mero mísero fragmento de poeira, o teu ego será a tua sepultura, e o seu corpo decomposto nem para fertilizante servirá para a terra...
In, Quem Bate?
Quando eu morri dentro de mim, eu pensei:
O que guarda dentro desse coração?
Onde estará minhas lembranças daqui à frente?
Será que é cedo a imagem do Jardim?
Sentirei cheiro de perfume?
Ou apenas um silêncio poético me espera?
(...)
E quando a morte for de carne, o que farei?
Haverá sentimentos e pensamentos,
Este dia é como um eco dentro de nós?
Passei a vida buscando significados,
Pragmatismo e alegorias ao desconhecido,
E todos chegaram a um destino de estação.
Passemos as margens do rio.
....
Nenhum bem financeiro...
Nenhum grande nome terreno...
Nem mesmo Líderes Religiosos,
ricos e famosos,
poderão nos livrar do acerto,
com Jesus Cristo,
Até os mortos terão que voltar,
para prestar contas,
no dia do Julgamento!
Minha rosa adorada
Em ti encontrei o amor,
aquele que me faltava.
O amor me trouxeste até você
e que seja esse teu motivo de ficar.
Que o amor nós entrelace,
que sejamos uma só carne.
Que eu faça parte da tua alegria,
que seja eu o teu "até que a morte nós separe".
Tamanho privilégio que não deve ser menosprezado, o de poder amar verdadeiramente de uma maneira intensa e em troca ser amado na mesma intensidade por sua amada, um sonho desperto numa realidade mais bela, juntos numa relação sincera de corpos e de almas, fortalecida cada vez mais com o passar do tempo entre muitas vivências abençoadas.
Vivenciando uma vida conjunta, partilhando felicidades, sofrimentos, muitas lutas, vitórias, a expressividade de momentos calorosos, emocionantes, daqueles que deixam gosto de saudades, depois de construírem memórias, enriquecidas pela reciprocidade, uma paixão duradoura, atitudes amáveis, uma música especial para todas elas, uma rica peculiaridade.
Amando mutuamente com tanta vontade e veemência que provoca neles o medo consistente de um ficar sem o outro e ter que experimentar a tristeza de viver em um lugar incompleto, onde a graça não seria mais a mesma, certos sonhos ficariam em silêncio como se um lindo som fosse infelizmente silenciado, tirando a beleza de um laço forte profusamente raro.
Haveria em seus corações, o desejo admirável, incessante, de que se o mundo acabasse, pudessem pelo menos permanecer de mãos dadas, seguindo na direção da eternidade, onde continuariam festejando um amor verdadeiro tão poderoso que nem a morte seria capaz de acabar, então, morreriam lado a lado com um belo sorriso no rosto e de olhos fechados até o eterno encontro.
Fim
Nossos pensamentos são uma areia movediça
Quanto mais pensamos, mais nos afundamos
Os pensamentos não fim
Nada disso tem fim
Nunca tem um fim
Continuamos vivendo e vivendo
Até a morte chegar
E quando ela chega, achamos que é o fim
Mas o fim não existe
O figurante
O passado me mata, constantemente, me massacra. E por que? Seria fácil falar que é por causa de um amor, mas é muito mais complexo que isso. Quando você ama alguém, você se entrega. Você não se coloca em primeiro lugar. Você deixa aquela pessoa ver cada linha sua. A vulnerabilidade, As dores, Tudo. Tudo o que você pode ou não oferecer e ser rejeitado é normal, mas ser rejeitado por todos a vida toda, te coloca em um mar de inferioridade gigantesco como se somente por você nascer, você já está errado. Você se vê perdido, como se realmente todo mundo mente pra você, como se você realmente não existisse e é só parte de uma novela, onde você é o figurante, sabe? Ninguém liga pro figurante, ninguém leva a sério o figurante, ninguém se importa com o figurante.
A vida é bela e breve como os orvalhos.
Vivemos a vida como se ela fosse interminável. Mas entre a mesmice e a velhice é um pequeno intervalo de tempo. Olhe para sua história: não parece que você dormiu e acordou nessa idade? Para as pessoas superficiais, a rapidez da vida estimula a viver destrutivamente, sem pensar nas consequências dos seus comportamentos. Para os sábios, a brevidade da vida convida-os a valorizá-la como um diamante de inestimável valor.
Ser sábio não significa ser perfeito, não falhar, não chorar e não ter momentos de fragilidade. Ser sábio é aprender a usar cada dor como uma oportunidade para aprender lições, cada erro como uma ocasião para corrigir caminhos, cada fracasso como uma chance para recomeçar. Nas vitórias, os sábios são amantes da alegria; nas derrotas, são amigos da interiorização. Você é sábio? Viaja para dentro de si mesmo? A grande maioria de nós provavelmente conhece no máximo a antessala da própria personalidade.
Todos os caminhos levam ao mesmo fim e a jornada pode ser maravilhosa,
se não temermos nos perder, um do outro
ou de nós mesmos.
Não se questiona se as borboletas são exageradamente belas,
nem se elas se expõem,
apesar da aparente fragilidade, cabe apenas admirá-las,
à distância.
ELA
Caminha sutilmente...
Com a sua foice, afiada.
No rosto, um desejo ardente
De um viver diário, cansada.
Não tem alma, nada sente,
Apenas cumpre seu mandado.
Vem, megera desnaturada!
Traz trevas com o seu véu negro.
Do necrotério, ceifa a madrugada;
Ao coveiro, descreve teu enredo.
À sepultura, finca tua morada;
Ao cemitério, conheces em segredo.
Vem, dama negra impiedosa...
A cintilar feito um vagalume,
A deixar a vida bailar, invejosa,
E o cadáver a escorrer necrochorume.
A executar tua obra, caprichosa,
E a germinar larvas como no estrume.
Então vem... que te esperamos...
Tanto o preto quanto o branco,
E todos que sucumbirão à navalha.
Pobre, rico, andarilho ou manco,
Ambos vestirão a mortalha.
E não adianta apego ao santo,
A morte não goza férias...
É a operária do além que mais trabalha.
Paulo Cerqueira
"Moça"
Moça, bela moça
O que fazes sozinha
Nessa noite tão escura?
Moça, bela moça
Com essa pele tão pálida,
Fazes o papel da Lua.
Moça, bela moça
Cuidado com a rua escura,
Pois não passa carro, nem pessoas.
Moça, moça bela
Descalça no chão frio,
Com tua velha vestimenta amarela.
Moça, moça bela
Sinto falta da sua presença
E das decorações tão sinceras.
Moça, moça bela
Não vá tão depressa,
Pois, assim como o tempo,
Os carros não esperam.
Moça! Moça!
Mas que decisão louca!
Por que não olhaste para os dois lados da rua?
Moça! Moça!
Logo uma semana antes do nosso casamento,
Nosso "feliz" 3 de setembro...
Moça... Moça...
Hoje só resta tristeza,
Chorando em frente ao seu caixão,
Em plena sexta-feira.
"Eu estou morto.
Eu não sei quem me matou.
Também, há muito, que nem sei quem sou.
Então, não sei quem morreu, ou quem me matou.
Mas sei que estou morto e que morto, estou.
Ser ou não ser, ser quem não ama, ou ser quem odiou?
Ser quem ela deseja, ou ser quem sou?
Nessas idas e vindas, não sei se fico; não sei se vou.
Não sei se é ódio, não sei se é amor.
Coração empedrado, desprezo, rancor.
Amaldiçoo-a pela madrugada, acordei respirando n'outro dia, que azar, senhor.
Meu corpo vive, mas minh'alma, há muito que jaz, e não sei quem a matou.
O que sei? Mesmo respirando, sorrindo, coração batendo, divertindo; morto estou..."
“Por favor, amor meu, me livre desta vida moribunda.
Permita-me, pedir-lhe em namoro em uma tarde fria de Domingo, e casarmo-nos, na Segunda.
Por favor, meu amor, deixe-me, curar-lhe as feridas e ser da sua alma, a lembrança mais profunda.
Permita-me, meu amor, e verás que a felicidade, há muito lhe circunda.
Amo-te, amada minha, deixe esse sentimento dar vazão, pois esse amor me inunda.
Minh’alma, afogada, se afunda.
A vida é tão bela; o amor, aquela coisa singela; e a paixão, aquela coisa insana, que compursca.
Seus olhos, são paisagem; seu toque, inenarrável aveludar; sua imagem, o todo do divino; sua voz, é música.
Eu te amo, do momento em que te vi, até da minha morte, obscura.
Sei que não te mereço, sou o pecado, o erro, das criações do Deus, a mais impura.
Mas imploro, a esta pífia existência, amor meu; um único beijo, a salvação sua.
Caso não, tudo bem, divindade que és, mate em meu âmago, o amor que sinto por ti e livre me, desta vida moribunda…”