Poemas de Morte
SOVAS E CRENÇAS
"Sovas e crenças no estágio condoído,
Sejam fortes para me esculpir
No esplendor de meus currículos.
Não assaltem sem me empoçar,
E corporalizem sobras de meus estampidos.
Tristes são os moldes que suas ostentações
Respiraram sobre mim
Roubando-me urbanidades e cerrações,
Quérqueras e simulações,
Trazendo-me a insistência das perrices
E o estrume da morte.
Se o culto me entulha,
Divulgo descargas de simploriedades.
Se me estufo na gana de gestar peripécias,
Destituo meu fogo eterno
E me comprazo de nunca ter sido
Espera de contos e entrevamentos."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES
Eu, morta e enterrada
Meu silêncio sepulcral
Serve de passagem
Uma espécie de ritual
A vida é renovada
A torre foi, enfim, derrubada.
Eu, descanso em paz.
As vezes a fumaça do meu cigarro tem mais peso que as lágrimas que não saem dos meu olhos.
Formam uma nuvem densa de odio,tristeza e morte.
Brotos de cristal
Na serra sinuosa
Planando sobre o impacto
São pedaços do vidro
Ao longo do asfalto
Acidentado
Pedaços de vida
Atirados e removidos
Partes de um todo
Partem daqui
Boa viagem
Medo da tão chegada hora de sua visita
O tempo rege esse momento sem julgar
Restando somente esperar com plenitude
Tentamos supri-lá com esperanças falsas
E acreditar de que o outro lado é melhor
Se eu morrer amanhã!
Eu não quero nada mesmo porque não cabe muita coisa em um caixão.
Nem mesmo a fita amarela, com o nome dela, porque uma fita não caberia tudo o que ela foi em minha vida, cantem como se eu estivesse vivo, lembrem das poucas coisas boas que eu fiz, sem demagogia, não quero discursos de qualquer seguimento religioso, deixe que meus filhos falem, doe meus órgãos, meu celebro principalmente gostaria muito de continuar pensando por aí.
Doce amor que da cor
Do frio ao calor, do conforto a dor
Os olhos que me amavam agora me julgam
As doces palavras do passado agora me machucam
Sinto minha vida esvaindo por entre meus dedos
As mãos de um assassino que trucidou sua própria felicidade
Antes livre para amar, agora sem direito de tal liberdade
Agora sozinho, esquecido para viver apenas com meus medos
Jogado como lixo dentro de quatro paredes frias e escuras
Deixado para apodrecer
Sem sentimentos, inútil.
O peso dos pecados me esmaga, sufocando
E agora, tomei uma decisão sem volta
Fraco, o perigo era eu, não consegui te defender de mim
Sonolento, a dor e a culpa vão embora com o vermelho carmesim
Mas do que isso tudo adiantou se nunca terei seu perdão?
NESTA NOITE
Nesta noite de insónia tento escrever
Mas não consigo será desatino ou não
Ânsia que me aflige nas memórias
De um passado tão presente
Onde habitam os meus fantasmas
Embriago-me nesta solidão nostálgica
Perco-me em sussurros na vastidão da mente
Regresso ao silêncio das manhãs eternas
Rasga as rochas enfurecidas pelos ventos
Atravesso montanhas, serras em fúria
Mergulho as dores nas geladas águas deste mar
Sonho os retalhos da solidão do tempo
Das saudades dos intensos momentos vividos
Na mais profunda ilusão desta noite de insónia.
ღღ
Em passos incertos na vida
Calculo a fórmula da sorte
Em um vasto caminho só de ida
Sou a bússola que aponta pra morte
‘Morrer’ é uma coisa, e ‘perder a vida’ é outra (bem diferente):
1- O ser humano é considerado morto quando suas atividades cerebrais decretam falência perante as leis da medicina;
2- O ser humano, porém, perde a vida, quando deixa de sonhar, de amar, de acreditar, de se expor, de sentir prazer com pequenos gestos, ou quando até mesmo o brilho do sol ao meio dia passa a lhe causar incômodo.
Prefira sempre morrer a perder a vida.
Se for para morrer, que morra logo e deixe de fazer peso na terra;
Se for para viver, que seja intensamente feliz e agregador aos que lhe cercam e, principalmente, para o próprio sapato.
Aqui não existe justiça
Um dia ouvi falar de anjos, que eram seres bons,
preocupados e sempre dispostos a ajudar qualquer pessoa que fosse.
Acreditei que fossem celestes
e visíveis apenas aos espiritualmente sensíveis.
Um dia conheci um anjo, era realmente muito bom,
preocupado e sempre disposto a ajudar as pessoas.
Acreditei que fossem eternos,
mas humanos não podem viver pra sempre.
Coisas ruins acontecem as pessoas,
não existe justiça quando isso acontece às boas.
Pessoas boas não deveriam sofrer
e se sofrem, onde está a justiça nisso?
Nos tornamos crianças,
criando punições para quem faz o errado.
Mas e quem fez apenas o certo?
Onde está a justiça quando o anjo de uma criança se vai?
Quando um anjo sofre,
quando o heroi (pai/mãe) de uma criança padece,
quando o melhor amigo morre,
quando você é deixado sozinho,
Quando uma luta termina em derrota,
quando os bons são castigados,
sem ninguém entender o porquê
Não existe justiça
Não existe justiça
quando um anjo chora.
Não existe justiça
quando a vida não colabora.
E como ela é feita de acontecimentos,
sempre cheio de coisas boas ou ruins,
não importa quão bom você tenha sido
Na vida, nunca haverá justiça.
" O seu abraço gelado me tira do tempo e me leva à eternidade
A uma nova cidade
Onde não existe vaidade
Onde o amor é de verdade
só de pensar sinto saudade".
Vê esta pessoa importante para você a sua frente? Está vivo! Então sugiro que aproveite à rica oportunidade que tens neste efêmero presente que o vislumbra, e portanto, proclama a ela teus ansiosos elogios à vontade.
Pois talvez, futuramente, este poderá ter evoluído para óbito, e então... Teus elogios sublimes que pretendia proclamá-los de nada valerão, teus elogios cairão no mais fundo dos abismos. E mesmo que ainda consigas guardar contigo um único elogio, este permanecerá inaudível por ele.
Por mais alto e incansavelmente que conseguires entoar tua branda voz, este, jamais, jamais ouvirá as tuas demasiadas gritarias.
Temos os dias e as noites
horas e mais horas que lentas
nem percebemos, aos poucos se vão,
sem pena, envelhecendo a vida
Temos os risos e choros
em tremulos lábios,
orações sussurradas
com medo do outro lado
Temos promessas e ilusões
pensamentos entorpecidos
onde muitoslutam e morrem
dentro de si mesmos...
Ele disse:senta.
Mas eu não consigo me mexer.
Ele disse:aqui,
mas eu não quero ir.
Ele disse:agora.
Será que eu ainda tenho tempo?
Interno
Não se almeja o céu do inferno
Cascas podres desmancham
Ao colocar morto o que há dentro em terno
Estou só....
Só comigo...
eu sou...
meu amigo
abracei a solidão
ela é o meu coraçao
estou só,mas sozinho nunca estou...
pois estou comigo.
Mas eu sou a solidao...
sou o vazio que completa
aqueles que tem medo de morrer sozinhos na própria solidão...
Quase sem vida, cabeça ao seu colo.
Fecho os olhos para não mais vê-la
com força fecho minha boca, para nem uma gota escapar.
Em um pranto doloroso me pergunta o porquê?
E dos meus olhos fechados descem lágrimas que não enxugarei, da boca fechada nascem sussurros, palavras mudas que te dediquei...
Por que a pergunta se hoje mesmo isso me pediu? Sempre lhe disse que qualquer loucura por sua felicidade faria...
Você foi o remédio, hoje optou ser o veneno.
Uma das maiores sabedorias da vida é a gratidão no lugar da murmuração.
É mais sábio agradecer pelo que se tem, do que murmurar pelo que não tem.
A gratidão enriquece, enquanto a murmuração empobrece.
A gratidão vivifica, enquanto a murmuração mortifica.
A gratidão reconcilia, enquanto a murmuração causa intriga.
A gratidão é o antídoto contra o veneno da murmuração.