Poemas de Morte
Virtude é subversão, passível de cadeia e morte!
Pensa exatamente assim os que amam e adoram o jeitinho e as facilidades.
Oque é a Morte?
Ao meu ver a morte já não é mais representada pelo velho esqueleto de foice médio circular, onde em punho esgalfeia a jugular do ser humano.
A Morte hoje já não assusta tanto quanto nos tempos passados. Hoje a morte ganha até nome de redentora onde redime uns tantos e alivia alguns sofredores.
Atualmente esse pavor é talvez de não morrer, mas se um padecer, sem fim e não fazer a passagem. Percebe!
A morte cai bem quando não cabemos mais no mundo.
E pra entender só a GRATIDÃO
de ter estado ambos na companhia.
Afinal a vida não tira nem dá.
... a vida só nos empresta!
De ontem para hoje morri!
E não foi uma morte,
Igual a dos dias anteriores.
Só sei que hoje, eu já não era o mesmo de antes,
...e ontem e depois,
...de depois ontem,
...e dias a mais anteriores.
Senti-me não renovado.
Senti-me não mais como eu era igual aos dias passados...
E percebendo que apartir de todos os outros dias era Eu, agora na vida tentando de novo me reconhecer.
E como entender ?
A morte nada mais é que,
o Amor purificado.
Uma vez que o corpo é a prisão de nossa alma, nosso espírito.
Me perguntam e pedem pra dizer oque penso sobre a Morte.
E reluto!
Como entender o algo indecifrável, desconhecido e dúbio de compreensão.
Acredito que a única aceitação da morte se faz por entender sem compreender o mirar, o contemplar de um céu de conformidade e conformação.
Só posso ir até aqui...
Morte eis o milagre da vida!
Arrasta egos, antropomorfisa crenças e desidentifica-nos de orgulhos, purifica, e nos torna imaculados.
Uma vez percebido quem somos nos!
A morte só existe quando tudo oque foi vivido entre uns e outros gera esquecimento.
Caso contrário, que é quando nos amamos, deixamos sentimentos e lembranças em nossos corações e com isso nos eternizamos uns nos outros.
Devemos deixar fluir os ciclos da vida.
Toda prisão causa dor e sofrimento.
Seja sempre, sempre grato.
A gratidão é o reconhecimento entre os corações humanos.
Toda dor terá seu começo e seu fim.
Marcos Aurélios disse, "a morte paira sobre vossas cabeças, seja bom!".
Eu, porém entendo que ser bom é uma das piores maldades humanas.
Precisamos ser melhores.
Uma vez que já somos bons em muitas falcatruas!
Morte, meu caro, não tem nada a ver com está vivo ou, a confirmação da mesma.
Muitos estão mortos em vida meu caro e se quer sabem.
Ex. Você acorda todos os dias e repete o dia anterior como se fora novo.
Tá morto, e faz só o repeteco, do que se imagina que é o novo viver.
...Entende?!
A morte não é o coração interromper - se simplesmente: a covardia e esmorecimento no recurso da batalha da vida inclusive, também é a morte.
Eterna Chama
“Tomar a Morte como Conselheira”,
Fez-me um homem mais presente!
Fez-me humanamente consciente!
Fez-me da atitude ,uma boa maneira!!
Aceitar a minha mortalidade,
Fez-me da vida uma guerreira!
Fez-me da esperança uma herdeira!!
Fez-me da lembrança, uma saudade!!
Esse fogo que me queima o coração
É mais que a ardente chama da paixão,
que me bate dentro do peito, todo dia...
Esse fogo que me aquece toda a mente
É mais que a fanal chama permanente,
Que me ascende, com a sabedoria!
Eterna Oração
Senhora Dona Morte! A Ti confesso!
Nesta vida de vontades que me deixa louco
Todo desejo do mundo para mim é pouco.
Retira de mim toda ânsia, é o que Te peço.
Solícito, como um solitário antropo oco,
Silenciosamente a solitude me conforta!
Dona Morte! Sou um solilóquio moco!
Seja a Perene Guardiã na minha porta.
Com a fenomenal Áurea Oriunda
Da Tua Obscura Fonte Mais Profunda
Cubra meu pranto vazio, e o resto afasta...
Deixa sair toda a utopia do meu desatino...
Nasci só e Morrerei só — é meu destino!
Expulsa todo prazer que não me basta...
A Morte Eterna
Nebulosa é a lembrança e temorosa sim,
Na insana utopia do pensamento fugaz.
Funesto é o esquecimento da memória assaz
Do antes e o depois – é o início e é o fim...
Faminta é a desilusão da natureza voraz
Na fantasia da alegria exuberante que externa
O excêntrico desejo conflitante da interna
Busca pela felicidade – é a guerra que jaz!
Jazida no âmago da deletéria matéria erudita
E suscitada no pranto da segura jornada infinita
– É a maior sorte esperançosa de um homem forte!
É a absoluta obscuridade fenomenal que acalma
Todo desespero da disputa infernal pela alma
Passada e futura– é a Eterna Morte!
A vida e a morte são inseparáveis em todas as religiões:
-Se eu não existisse, tu não viverias. (Vida)
-Se eu não vivesse, tu não evoluirias. (Morte)
"O medo continuado da morte inviabiliza a preparação para a morte, chamada pelos escolásticos de 'ars bene moriendi' (a arte de morrer bem).
Pensar na morte como destino inexorável é refletir sobre o sentido da vida. A isto alguns místicos deram o nome de 'contemplação da morte'.
Morre mal quem na morte só enxerga o fim da vida, e não a necessidade de ordenar-se moral e espiritualmente para viver bem, enquanto não recebe a visita da Indesejada das Gentes.
A morte da pessoa anticontemplativa, de mente obnubilada, é estúpida; e triste parece ser o destino de sua alma".
"As pessoas têm mais medo da morte do que vontade de viver na verdade.
Não lhes passa pela cabeça que viver no erro ou no engano já é uma morte em vida".
Pensar na morte é uma oportunidade de avaliar como está nosso relacionamento com Deus. (Edmar Torres Alves)
Fonte: Devocional Presente Diário, da RTM, meditação do dia 02.11.2024
Ó velas do meu moinho,
rodízios da minha azenha,
vão rodando lentamente
esperando que a morte venha.
I
Há qualquer coisa no rosto
desse teu ser pachorrento,
como quem espera o vento
nas belas tardes de Agosto…
O que me causa desgosto
é ver o teu descaminho,
deixo neste pergaminho
saudades do teu passado,
e ao ver-te abandonado
ó velas do meu moinho.
II
Foste um símbolo da vida,
remoeste farinha a rodos,
foi pena não dar p´ra todos,
como é triste a despedida...
Foste pão numa guarida,
imperador real da brenha...
O meu ser em ti se empenha
em ser cantante e moleiro,
ó águas do meu ribeiro,
rodízios da minha azenha.
III
Rodopiando a nostalgia
onde o meu ser nada viu,
não laborou, não sentiu,
nem fez de ti moradia...
Resta a minha simpatia,
o supor de quem não sente,
recordar o antigamente,
enaltecer a nossa História,
E os meus versos, na memória
vão rodando lentamente.
IV
Rodam como uma moagem
com carradas de cultura
e os sinais de desventura
dão-me gritos de coragem...
São murmúrios da mensagem
celebrada na resenha,
pra que o vento nos mantenha
sempre a par do seu saber,
e todo o mais é só viver,
esperando que a morte venha.
A MORTE DAS VIOLETAS (soneto)
No vaso floreado de variada cor
De suave frescor e delicada trama
Cheias de viço e aveludada rama
Desabrocham as violetas em flor
Pouco estar, e de fugaz esplendor
No seu breve e infortunado drama
Enlanguescida, ela, curva e acama
Tal aos pés da sofrência a fatal dor
E vai perdendo o regalo a violeta
Aos amuos do tempo, ali funesto
Num despojo final, e última reta
E, desbotada e então tombada
Épica, em um derradeiro gesto
Mortal, a violeta se vê imolada
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de agosto, 2016 – Triângulo Mineiro