Poemas de Morte

Cerca de 13034 poemas de Morte

⁠Cautelosa e Serena -

Quando a morte vier
cautelosa e serena
haverá luto e solidão
no sentir de quem souber
que o seu toque deixa pena
no pulsar do coração!

Quando a morte vier
ninguém sabe quando virá
talvez traga algum encanto
no olhar de quem lhe der
aquilo que ninguém dá
a saudade como um canto!

Quando a morte vier
vem com ela outro destino
vem com ela outra vida
e se alguém a não quiser
terá dor no seu caminho
ao partir sem despedida!

E é mentira quem disser
que o morrer já não importa
só a vida que passou
quando a morte vier
de repente fecha a porta
e quem era terminou!

Inserida por Eliot

⁠Decisão da Morte -

De suspirar a cada dia já cansado
deitando no meu leito a solidão
eis que junto a mim pegando a mão
senti um toque longo e velado!

Era a Senhora dona Morte
mensageira de todas as nortadas
espalhando pela noite a cor do nada
trazia um tal silêncio no seu porte!

Tinha olhos frios e desgarrados
trajava negro luto sobre o corpo
vi-lhe traços pálidos d'um morto
passos lentos, tristes e pesados!

Falou da solidão onde me afundo
falou da dor que visto no meu corpo
disse que sou vivo mas estou morto
por isso não me leva deste mundo!

Inserida por Eliot

⁠Habemus Nada -

Alguem diz habemus Papam
na varanda de São Pedro
mas da morte Ele não escapa
e o que habemus é segredo!

E o que habemus nós de querer
deste mundo de mortais
além da fama de não ser
tão diferente dos iguais?

E o que habemus nós de ter
não sabendo o que é amar
numa ânsia de correr
sem saber quando parar?

E o que habemus nós de ser
procurando ser alguém
num caminho que é esquecer
que esta vida vai e vem?

E o que habemus nós de dar
a quem nos dá o que não queremos?
O segredo é não esperar
por aquilo que não temos!

E o que habemus de sentir
perante a crueldade
de uma gente que a fingir
é tão má na realidade?

E por que habemus de chorar
quando houver separações
se não temos quem amar
no bater dos corações?

E o que habemus ante a morte
quando a vida é despojada?!
Nada fica, triste-sorte,
e afinal habemus nada ...

Inserida por Eliot

A Vida Chega Tarde -

⁠A vida chega tarde
quando breve vem a morte
e sem fazer alarde
vem num golpe de má-sorte!

Entre a vida e a morte
quem escolhe nunca pensa
estar vivo é ter sorte
porque aos mortos só lamenta!

Quando vi no teu regaço
amortalhada, sem esperança,
tanta mágoa, só cansaço,
morreu em mim a confiança!

E em silêncio fui embora
dei à morte a minha vida
e num segundo se fez hora
de partir sem despedida!

Inserida por Eliot

⁠Que eu saiba bem-viver a vida,
para que, quando a morte venha,
não mate em mim um morto!

Inserida por Eliot

⁠Glória, Poder e Guerra -


É breve a glória deste mundo
chega com o Tempo, vai-se com a morte,
chega d'um silêncio tão profundo
como os braços negros da má-sorte!

E o porquê de tão vis separações?!
Credos e raças que se odeiam,
homens que se aglutinam, destroem corações!
Porque não se tocam nem se amam?

E é tão breve o tempo - passageiro ...
A vida passa p'ra quem vai chegando ...
Tanta guerra no mundo inteiro
e tanta gente que apenas vai passando!

Inserida por Eliot

⁠Na Rota do Vazio -

Trago num pensar feito de nadas
memórias que um dia serão morte
não lamento se as horas estão contadas
não sinto do meu corpo as passadas
passam breves, não é que isso me importe
afinal, minhas asas estão quebradas!

Já não tenho as asas que antes tive
no meu dorso as sinto consumindo
regresso a cada sitio onde estive
àqueles onde a morte fui vestindo
nada lá encontro, nada vive
tudo a cada dia vai fugindo!

Já não tenho esse regaço onde dormi
já não sinto o teu olhar profundo
já não sei daquela vida que vivi
daqueles versos que outrora te escrevi
da vontade de ser dono do mundo
quando afinal vivia só p'ra ti!

Inserida por Eliot

⁠Ontem -

Ontem a Morte que parecia só miragem
é hoje um campo de papoulas carmesim
é os passos de um romeiro em viagem
nos últimos dias que o encaminham para o fim.

Ontem a tristeza que parecia não ser nada
é hoje a roupa que carrego sobre o corpo
do silêncio que fica nas paredes desta casa
ou dos olhos que se fecham no teu rosto.

Ontem a vida que parecia tão real
é hoje um acto de vazio e contrição
é um eco de amargura, um eterno vendaval
porque o Ontem, afinal, já não volta à nossa mão.

Inserida por Eliot

⁠A Morte -

A morte é um campo de alfazema e alecrim,
um canteiro d'açucenas, rosas brancas,
traz um cheiro de malvasia e jasmim,
pairando triste de amargura, sobre as campas!

A morte é um anjo que esvoaça pelos Céus,
é um lírio, é um grito de vingança,
é a porta que nos leva um dia a Deus,
o silencio d'um adulto ou um choro de criança!

A morte é o claustro denso d'um convento,
a tela d'um pintor, pintada ou em branco,
o espaço que viaja, cada átomo do tempo,
é a pauta que se lê e dá suporte ao canto!

A morte é apenas o silencio da passagem,
destino que nos espera, ali, mais adiante,
todos a seu tempo, não é miragem,
verdade que nos despe, mais perto ou mais distante!

Inserida por Eliot

⁠Campa Vazia -

Numa campa triste e fria
há um corpo sepultado
que já não tem poesia
pela Morte naufragado.

É o corpo de um Poeta
já sem luz no seu olhar
e uma rosa que não seca
está na campa a soluçar.

Tão só, abandonado,
cheio de dor e solidão
naquela cova parado
está um pobre coração.

Até os versos que escreveu
não passaram d'um momento
mil instantes que perdeu
mal morreu o pensamento.

E até o epitáfio
já se foi da lousa branca
e o seu corpo tão frio
sem memória nem lembrança.

Pois viveu no lado errado,
passo a passo, dia a dia ...
Estará o Poeta sepultado
nesta campa triste e fria?!

Diz a voz daquela gente
que tal cova está vazia
porque uma estrela cadente
o levou da campa fria.


A Luiz de Camões.

Inserida por Eliot

⁠P'ra lá do mar -

Eu nasci p'ra lá do mar
onde a morte tem lugar
e a vida não se vê;
como a água está na fonte
há em mim um horizonte
cheio de sombras e porquês!

O porquê de eu ser assim
um tormento sem ter fim
uma vida sem Destino;
como um barco sai do cais
e à mercê dos temporais
perde os sonhos no caminho!

O porquê de eu não amar
o porquê de eu só chorar
desde a hora em que nasci;
na viagem que é a vida
fui bailando à deriva
tantas vezes me perdi!

Porque trago este destino
cheio de sombras no caminho
cheio de noites a nascer;
eu vivi p'ra lá do mar
onde a morte tem lugar
e tanta vida há por viver!

Inserida por Eliot

⁠Esta noite -

Lado a lado, frente a frente,
nós, a Morte, o destino e a saudade!
Quem diz que não sofre, mente,
pensando que vive em liberdade!

Não passa tudo d'um instante
entre o desejo de ficar e ter que partir;
o ritmo é binário, constante,
vivendo a vida da vida a fugir.

Olha docemente em teu redor,
a vida não acaba, simplesmente,
quem nasce p'ra morrer não é pior
do que quem vive infeliz no meio da gente.

Esta noite tocarás para as estrelas,
esta noite, tocarás ao som do vento ...
Tudo porque as Estrelas são belas
e a vida não passa d'um momento!

Inserida por Eliot

⁠À Morte de Maria Flávia de Monsaraz -

Silêncio todos os povos,
silêncio todas as raças,
todos os Credos,
todas as gentes!

Façam silêncio todas as
Almas ...

O Céu parou!
Calou-se a voz dos Astros,
as Estrelas não cintilam,
a noite cobriu os horizontes.
Em tudo há algo que doeu.

Por toda a Terra há um eco
de saudade:
" - Ficámos órfãos das Estrelas ...
... a Maria Flávia morreu!"

Os Anjos, em cortejo, a vieram
abraçar ...
E assim partiu: imutável, eterna!
Além de todas as palavras ...
Esférica, etérica, ampliada.
Na evidência Sagrada da Essência
do Ser ...

Inserida por Eliot

⁠E a vida é assim -

E a vida é assim
cheia de principios e de fins
cheia de alegrias e de mortes
e até a própria sorte
está cansada de ter fim ...

Mas a vida é assim
um abismo entre ti e mim
da juventude à velhice
vou dizer o que já disse
a vida é assim!

Às vezes cheira a jasmim
há o não e há o sim
talvez o sim uma saudade
o não uma vaidade
porque é que a vida é assim?!

Por vezes feita de cetim
nem sempre é um jardim
um silêncio, uma quimera
e na verdade, quem nos dera
que não fosse tão ruim.

Mas a vida é assim
tem principio e tem fim
nós nascemos a chorar
não passamos sem amar
'inda bem que a vida é assim!

Inserida por Eliot

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Perdi a soma de quantas vezes venci a morte por doença, inanição, assassinato, acidente, vício... Depois de tantos anos e muitas voltas por cima da quase morte, sei que será difícil, mas vencerei meu maior desafio: Não morrer de amor por você.

Inserida por demetriosena

A HONESTIDADE DA MORTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Chega o ponto em que o homem smplesmente amontoa bens; coleciona fortunas; guarda poderes em sótãos; abarrota os arquivos de fama e prestígio... soca seduções em armários e não sabe mais em que buraco enfiar tantos títulos, vendo que o infinito prossegue, ao passo que o ser humano fica; chega em seu limite, restando apenas o abismo... a certeza de sua fragilidade... a consciência de que a morte continua insubornável. A vida não tem preço nem tanque para repor combustível. O desejo de realizar o sobre-humano, exceder a linha de um horizonte que nunca será presente, há de se tornar o resumo da falência de tantas conquistas.
Viver é um conjunto de realizações contínuas... mas no campo dessas realizações, temos que ter equilíbrio, moderação, lucidez e longanimidade. As raias da loucura e da avidez por tirarmos de todos o mundo inteiro, tendo-o só para nós e a qualquer preço, tem perigos indizíveis. Se Deus existe, como pode ser que sim, nenhum de nós ascenderia em tempo algum, ao cargo de seu braço-direito. Quem um dia chegou lá, segundo a literatura sacra, está no inferno há muito tempo.

Inserida por demetriosena

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Aceito a morte... não a sala de espera... se havemos mesmo de morrer, por que a morte não vem sempre antes da "desexistência"?

Inserida por demetriosena

UMA GRANDE BESTEIRA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A morte acaba de convocar o Ermenevaldo Bastos da Figa... ou de uma Figa. Ermenevaldo, pessoa de grande vulto e prestígio, era imortal. Pelo menos estava imortal. Era membro de academia de letras.
É assim mesmo, a vida: somos imortais até que a morte nos desminta. Ou mortais, até que a morte nos imortalize por algum tempo, talvez por algumas gerações, em saudades ou homenagens pontuais. Uma eternidade miúda, passageira, se considerarmos a própria eternidade.
O que aprendi neste mundo, até o momento, é que a vida é besta. Somos todos, bestas... tudo isto não passa de uma grande besteira.

Inserida por demetriosena

BOA MORTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Viver bem é morrer de velhice... morrer de viver... morrer bem.

Inserida por demetriosena

MINHA GRANDE AMBIÇÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Se vier no tempo justo, nem a morte matará o sucesso de minha grande ambição: ver minhas filhas criadas, bem resolvidas e felizes.

Inserida por demetriosena