Poemas de Morte

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⁠Não temo a Morte temo antes a Vida
e os seus caminhos pedregosos
cheios de sucalcos ...
Não temo a Morte temo antes a Vida!

Inserida por Eliot

⁠A única coisa que sei
é que não sei
se sabendo o que é a Morte
saberia viver a vida!

Inserida por Eliot

⁠Soneto para Sua Majestade a Rainha Isabel II de Inglaterra aquando da morte do Principe Philipe.

- O NOSSO AMOR -

Quando o nosso amor já não for o que foi outrora
lembra-te que as cinzas que de nós ficaram
são apenas pó, silêncio, o fim de tantas horas
que as horas da nossa história não marcaram!

Porém verás que serei o que sempre fui pra ti!
O mesmo olhar, a mesma Alma, sempre teu,
nada em mim mudou, além de já não estar aqui,
e de sofrer, sentindo que pra nós tudo morreu!

Adeus! Palavra que me corta o paladar
que me toca no silêncio e na quietude
junto às praias do cansaço, frente ao mar.

Tantas voltas dei ao mundo, foi em vão,
eu nunca encontrei a tua juventude
noutros olhos, nem o toque que tinha a
tua mão ...

Inserida por Eliot

⁠Eis uma casa fria
que a saudade ergueu
para depois da vida
repor na Morte
o meu desfeito lar!

*Sobre o Epitáfio de um Jazigo.

Inserida por Eliot

⁠ERVA DA FOME -

Sou Erva da Fome
que nasce da terra
da solidão que nos come
à morte que enterra!

Sou Erva da Fome
não sou Erva ruim
na esperança que dorme
tão perto de mim!

Sou Erva da Fome
que nasce e persiste
na dor que consome
faz de mim um ser triste!

Sou Erva da Fome
correndo vales e montes
e afogo o meu Nome
no silêncio das Fontes!

Inserida por Eliot

⁠- ⁠Lucidez ou Desatino -

Por momentos, por instantes
as horas felizes da vida,
- numa morte constante -
vi passar sem despedidas!

Passou o sonho e a vaidade
a verdade e o amor
até passou a saudade
do silêncio e da dor!

Passou a noite, passou o dia
e chegou a madrugada
mas aquilo que eu sabia
afinal não era nada!

Porque o livro do destino
- que Deus deixou aberto! -
só ele sabe do caminho
de quem pensa que está certo!

Ricardo Maria Louro

Inserida por Eliot

Eu sou um ser perdido
sou um pobre atraiçoado
Sou um triste que é vencido
pela morte apaixonado.

Inserida por Eliot

⁠A outra Face da Vida -

A Morte não existe,
somos Seres Imortais ...
Estamos vivos desde Sempre
e viveremos para sempre!

Fazemos parte de um Sistema Vivo
que Eternamente se Recicla ...
Somos Seres Reencarnantes,
a parte Humana de Deus
que habita a Eternidade.

A Consciência de "não-Morte"
é a percepção de que a Morte
é a outra Face da Vida.

Somos Almas e não corpos!

Inserida por Eliot

O Engano da morte -

⁠Certa vez,
aprouve à morte dizer por aí,
ainda sem morte ser,
que sem morte a Vida seria
sem Sentido!

E quando Deus assim o quis,
chamou a Vida e a morte
para lhes dar suas tarefas ...
A Criação estava prestes a Nascer!!!
E quando eleitos foram seus cargos,
a morte que antes de ser morte
já vinha de Escorpião,
do submundo de Plutão,
aceitou o cargo com uma condição.

E falou:

"Aceitarei tal tarefa
se fizerdes que o meu acto
traga sempre um motivo!"

E assim foi, a morte aceitou ser morte
por trazer sempre arreigada uma desculpa,
um mote!

Mas Deus, Omnisciente,
incutiu uma clausula
que ninguém viu:

"Não há Vida sem morte,
porém, não haverá morte
sem Nova Vida!"

E assim, a Vida prevaleceu sobre a morte!
E a morte, eternamente "condenada"
a Renascer numa Nova Vida ...

Inserida por Eliot

⁠Morte das Ilusões -

Silêncio! Calem-se as vozes!
Perfilem vossos corpos
façam silêncio ... "chora" a ilusão!

"Acendam cirios que passa a minha dor!"

Dor-de-Amor nascida de esperanças vãs
num bulício de esperas infinitas!
Ilusão que gera ilusões de ilusões
prisioneiras na teia obliqua
de um Coração "frio".

Projecção limite sem limite
de um "vazio" interior...

Teia solitária, ofensiva, defensiva,
precária ... nascida do efémero,
iludida no Eterno, reduzida ao banal.
Teia por mim tecida onde a "presa mortal"
sou Eu. Assim é a dor que "promove" a morte
das ilusões.

Dor que "arrefece" a paixão que projecta
no outro uma ilusão de absoluto.
Não é Amor, é desejo, isso que manipula!
O desejo não Ama, possui!
Desejar o Amor e não Amar o desejo
é a percepção final da dor-de-"desamor"
nascida da ilusão precária de querer "agarrar"
alguém a quem se "perde".

Alguém que vai e não vem,
alguém que vai e não torna!

Apaguem os cirios! A ilusão morreu!
A dor já não é dor, é Consciência ...
E a Consciência de "desamor" é a percepção final
de que o Amor Renasce na iluminação de cada dor!

Inserida por Eliot

⁠Soneto à Morte do Conde Orgaz -

Lá longe, mais além, onde não vejo ninguém,
existe um préstito funéreo
a que minh'Alma se prende, porque contém,
um profundo olhar etéreo ...

Vão muitos a sepultar, entre lúgubres caminhos,
D. Gonzallo de Tolledo, Senhor da Vila de Orgaz.
"Óh morte, quando é que também me vestes...?" Assim diz, o Poeta-Conde, Senhor da vila de Monsaraz!

E em hora derradeira ouve-se uma voz sem Paz:
Não há ninguém que me conforte,
oiço ainda o Vento chorar trágico e forte!

E tanta gente se vê nos funebres chorões do seu caminho
a abrir com lágrimas de morte, um qualquer destino,
para aquele que foi outrora o Conde de Orgaz!



(Soneto que nasce da belissima Tela do Pintor El Greco em que o tema principal é a morte e enterro do Conde Orgaz.)

Inserida por Eliot

⁠Pranto à Morte de Cristo -

Não haverá quem chore
dor mais funda ou maior
do que as contas do Rozário
choradas por Maria
a caminho do Calvário!

Vêde, ó gente inclemente,
gente pobre que não sente
esta Alma Divina,
ela arrasta por Terra
o que só o Amor ensina.

Olhai a mantilha de Maria
e vêde vós o que eu não via,
o branco já não é branco,
é vermelho cor-de-sangue,
tanta dor, amargura e agonia.

Onde'ides pecadores?!
Segui Cristo sem pudores,
segui Maria com ternura
nesta dura caminhada
onde cada passo é desventura.

Ó Senhor que tormentos
que dura caminhada:

Mais pura que o Cristal
é a vossa Santa Face
que na mão dos Judeus
foi como se quebrasse!

E o vosso olhar Divino
raso de lágrimas amargas,
são as lágrimas do Mundo
que carregas como Chagas!

É o peso da Cruz
aos meus pequenos ombros
é o peso do mundo
que me atira aos escombros!

E aquela mulher, que pena!
Quem é ela que tanto chora?!
Não é Maria tua Mãe?
Não, é Maria Madalena.

E essa outra da toalha
que vos foi a limpar?!
Ela correu para vós
ao ver-vos a chorar!

Guardiã da minha Face
é a jovem do Sudário,
deixo-lha estampada
a caminho do Calvário!

E lá vai Cristo ensanguentado,
cuspido, caido e julgado
pela Rua d'amargura!
Ó Homens que maldade,
não tendes ternura?
Senti a dor desses Passos,
tende Piedade!

E quando Deus rompeu o Céu
o Templo rasgou o véu,
nasceu o Graal!
E da veste dos Fariseus
coberta de sangue
nasceu este Pranto
no Seio de Portugal!!!


Inserida por Eliot

⁠Vida mais Além -

Quando a morte chegou,
impávida, serena ... gelou-se-me
o sangue nas veias ...

E na eternidade desse instante,
mais alto que todos os instantes,
mais profundo que todas as dores,
peguei-te na mão,
não deixei que partisses!

Chorei nesse instante, chorei de loucura!
Chorei ... chorei ... chorei perdidamente
porque pequei!

Mas tu partiste como quem sente
que a Vida é mais além!

Inserida por Eliot

⁠Aquando da tua Morte -


Diz-me porque não ouves?
A rua continua - e o barulho da gente
que vai e vem e volta sem sentido.
Só tu ficaste - num fundo
que não sabias.

Porque ficas assim? Já nem há lágrimas
nos teus olhos excessivamente abertos.
Devem correr nos rios em qualquer parte.
E a Primavera há-de voltar um dia
ao Coração das flores.

Porque ficam os teus dedos imóveis
e o teu corpo - como se acabasses para sempre?

Prendeu-se-te aos ombros uma noite tão funda.
- Teus frágeis ombros.
A minha Alma é parada e enlouquece.
É terrivel a hora - imenso
o espaço aberto em teu redor.

Que fazes a meio dum espaço tão imenso?
Teus lábios são longe das palavras.
Só a dor é presente e cega-me os sentidos.
A dor agarra-se-me ao corpo.
- E a tua noite - veio - cobre-me todo!

Haverá Rios ainda?!

Não sou mais nada que a tua noite - agora -
assim, parado, a meio tempo ...
Subito foi-se-me a Vida como um vidro partido!
E todos os gestos me são inuteis.

Haverá Mães em lugares aquecidos
que embalem docemente um Filho?!
Em mim não nasce nada!
Estou. - E olho-te como quem não vê!

- Sentes o longo gemido da Terra?
O que fica.
Depois de tudo se fechar!!!

Inserida por Eliot

⁠Transfiguração -

A morte chegou!
Bateu à porta - entrou -,
e como baralho de cartas
a Vida desmoronou ...
E mil vozes aladas
soaram pelos Céus,
ressoaram pela Vida ...
E abismos se alevantaram
ante os olhos meus!
Minh'Alma sofreu,
tão contida, tão contida! ...
Que o silêncio que páira
sobre a cinza da Infância,
intimo, veloz, me castiga,
me castiga!
Feito de ganância, Ele,
transfigura a minha Voz ...
E eu fico, tão só,
tão só ...

Inserida por Eliot

⁠Cego e Possuído -

Perdido em devaneio
só a morte me apetece
que o Amor nunca veio
nesta Vida que acontece!

Nada há nas minha veias
a caminho do Coração!
Estou preso por mil-teias
de loucura e solidão ...

E a quem devo pedir perdão
por não saber o que fazer
deste inútil Coração?!...

Só me sei aqui perdido,
não sabendo o que dizer,
tão cego e possuído! ...

Inserida por Eliot

⁠Do Esquecimento I -

Eu sou o que escrevi,
mas há como esquecer,
a morte, esse eterno adormecer
pode apagar o que vivi ...

A memória é coisa breve,
o esquecimento uma verdade,
que a terra seja leve
a quem parte sem idade ...

Eu sou, fui e hei-de ser,
devo dize-lo firmemente
que nem morrendo hei-de morrer!

Pois sou mais que o esquecimento,
sou mais que o ser que já não é
num eterno pensamento ...

Inserida por Eliot

⁠Vida Vivida -

Andei p'la vida fora e não lembrei
que a morte um dia vinha m'encontrar
não sei se alguma vez a desejei
que a morte é coisa certa há-de chegar.

Esquecida de que a morte também tinha
um voar de asas serenas de marfim
minh'Alma num feitiço que adivinha
só lembrava hora-a-hora quem perdi.

Meus olhos que são pedra e solidão
tão cansados, revestidos de cristal
não sei por que caminhos pisarão
só espero que adormeçam natural.

Eis quando pressenti que a morte vinha
e à luz do coração me despedi
sozinha numa cama que é só minha
morri, foi nesse instante que eu morri.

Inserida por Eliot

⁠Contrariedade -

Passei a Vida a desejar a morte,
agora, prestes a morrer,
quero tanto à Vida!

Inserida por Eliot

⁠Berço de Poeta -

Porque trago junto a mim
tanta vida e tanta morte?!
Foi no ventre de onde vim
que nasceu a minha sorte ...

Minha mãe o que dizer
neste mundo a esta gente?
Que trazias sem saber
um poeta no teu ventre!

Desde a hora em que nasci
ao passar de mão em mão
que no berço onde dormi
estão a dor e a solidão.

Minha mãe o que fazer
se este mundo não me entende?!
Cantarei até morrer
a dor que minh'Alma sente ...

Inserida por Eliot