Poemas de Morrer
“” E se tudo fosse ousadia
Reprises de filmes vividos
Nada pode ser real
São coisas da vida
Não há retorno
Nossas garras já foram cortadas
Visões definharam
É preciso renascer
Somos águia a proteger a colina
Voos infinitos
Trazer sentido puro
Rápido reinar
Sem o beijo
Sempre lembrado
Desejado como o melhor
Trocar a ruína pela vivência nova
Quando naturalmente
Beijar as nuvens outra vez
Serei expectador à aplaudir seu vôo...””
“” Um dia deixarei meu legado
Em tantas palavras
Deixarei meus versos
Para saberem que nunca desisti
Milhões de vezes eu rimei por ti...””
“”Solidão é fazer um churrasco sozinho
É uma taça de vinho
E ninguém pra compartilhar
Solidão é um aperto no peito
É aquela vontade sem jeito
De ter alguém para abraçar
Solidão é um muito por nada
É um amor que quando acaba
Deixa marcas no coração
Solidão é pensar em você
E saber que teu querer
Está bem longe da minha mão
Solidão é assim
É vazio que restou
Deixando saudade
Solidão é o fim...””
"" Foi certamente o mais medíocre golpe
O sândalo jocoso
Deveras vaidoso
No âmbar sucumbiu
Ainda que os deuses suplantem o corte
Ninguém estará mais perfumado
Além do machado
Que soberbo e enferrujado o destruiu...""
“” Feliz é quem tem o que repartir
Que se doa com alegria
Feliz é quem não se julga maior
Mas torna o meio melhor
Feliz é quem estende as mãos
E sabe que o mundo é de irmãos...””
“” Perder um grão de areia
Numa praia deserta
E imensidão
Se for considerada a busca pra reencontrá-lo...
- Nada é tão insignificante que não tenha seu valor....””
No dia em que você se for, será um dia como outro qualquer. A padaria da esquina vai vender pães; o atendente da farmácia vai vender remédios; o feirante vai montar sua velha barraca e atender seus clientes...
Alguém vai nascer; outro vai chorar; e alguém estará sorrindo.
O doente precisará de cuidados; e alguém estará se alegrando pela notícia da cura...
A vida vai continuar no dia em que a gente se for. Sabe porque? Porque no fundo, a morte faz parte da nossa vida.
A questão é o que estamos fazendo aqui, enquanto a morte não chega.
Para onde estamos caminhando, afinal?
E que lugar Deus ocupa em nossas vidas, em meio a tudo isso?
(Fabi Braga, 15/11/2024)
Viver a rotina do dia-a-dia
é confirmar a singularidade do ser,
o qual difere dos demais na natureza,
não pela sua racionalidade, mas pela
sua capacidade de criar as suas ilusões, as quais são responsáveis
pelas frustações que o conduz
a concepção de que a vida é apenas um ciclo do processo nascer e morrer.
Não perca tempo querendo entender o que vem depois,
pois o que chamamos de vida,
pode ser apenas um processo
que não não há para lém dele,
apenas um nascer e morrer posterior.
Morrer,
Não é só ausentar da vida
Tornar-se lembrança na despedia.
Morrer,
É ir além (literalmente)
Ser e não ser um alguém.
É também, nascer recorrente
para um espírito do bem
aos Céus, se foi benevolente.
Amém!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03, junho, 2016 - Cerrado goiano
Morrer...
Termina a vida, morrer, com ela o viver
Vão-se as dores, homenagens com flores
Rezas, choros e suplicas pros pecadores
Depois, uma furtiva lembrança a prover
Aos amores e aos meus admiradores...
... para as lágrimas fingidas
Meu até mais...
Cheio de saudações garridas
E minhas retribuições iguais!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/09/2020, 17’00” – Triângulo Mineiro
Feitos mostarda
"Somos sementes esperando eclosão,
sementes na palma da mão.
Ninguém quer ser o primeiro a ser plantado.
Queremos a vida sem nunca realmente tê-la usado.
Ainda reclamamos dum fruto não dado.
Não existe fruto sem raízes em terra e um pouco de sorte.
Não nascem flores sem algum tipo de morte.
Quem preservou sua vida nunca realmente nasceu.
Bem aventurado quem por alguma causa morreu.
Todo nosso legado pode caber na palma da mão,
ou talvez não."
Fênix
Assim como Hesíodo
testemunhei,
a bela ave renascer
das próprias cinzas que sobraram de si.
A mais forte e misteriosa,
Fênix.
A cada morte mais vida ela adquiriu.
Ela é como o amor
Fogo incendiário
que até morre, mas nunca acaba.
Sempre ressurge.
E o fogo que a tudo prova,
a purificou das memórias
das cinzas.
E como poesia,
renasceu.”
A margem espero o descanso do rio.
Ao ouvir o som de suas águas aquieto-me.
Sinto um misto de esperanças vindouras e medos pontuais.
Transbordo. Rompo diques, mas nunca é o suficiente.
Estou cansado! Contenho-me. Sustento todo um ecossistema.
Será que um dia chegarei a minha margem?
E lá chegando... será que poderei finalmente descansar?
E nesse merecido descanso... encontrarei ouvidos interessados em meus ruídos a fim de encontrar neles sua própria calmaria?
A margem espero o descanso do rio...
“Toda vez que enfrento um dilema pratico o exercício de minha morte.
Na minha cabeça só assim se é possível enxergar as próprias vísceras.
A morte, ainda que encenada, me garante esse distanciamento necessário para não me deixar corromper com o objeto ou assunto por mim observado.
Só morto consigo ser imparcial.”
Quando chegar as águas
e não mais poder distinguir
o paraíso terrestre do celestial,
Mergulhe.
Quando souber que chegou
lá onde céu e mar
se tocam num beijo azul,
Mergulhe.
Afogar-se é a melhor opção.
Não tenha medo.
O ar aqui é mais rarefeito...
É o que acontece quando se vê o belo,
falta ar.
Essa falta de oxigenação te fará bem,
ainda que esse bem te mate.
Não precisa morrer pra ver Deus,
mas se quiser conhecer os seus céus
sim.
Como árvore permaneço no mesmo lugar
resistindo as intempéries das estações.
Resoluto e ao mesmo tempo submisso às
novidades de cada novo amanhecer.
As pragas até queimaram minhas folhas,
mas não deixei atingirem meus frutos.
Minhas raízes estão ainda mais fincadas
minha copa a cada dia menos utópica.
Após me restabelecer decidi que vou morrer
de finitude, não de fatalidade.
Minha esperança é que o vento leve
partes saudáveis de mim e polinize um
futuro que não verei.