Poemas de Memória
JOOAKINA E SERAFIM
O sol já brilha à pino
Porque ainda dormes Serafim?
Lembro-me de ti, madrugador,
Falavas em pegar o sol com a mão,
Hipérbole ou não, mas tinhas tudo sob controle...
Era bom ouvir teus passos e o som da tua voz
Entre as plantações de café...
Cantarolavas canções que embalavam nossos sonhos...
Vieram crises, mas eras incansável, forte,
voluntarioso...
Foram tempos de lutas, mas eras um guerreiro.
Agora o teu olhar longínquo, alem do que, não podemos ir,
Alem dos nossos limites,
Será a pressão, a labirintite?
Letícia telefonou, mas não mencionei a queda,
Pra que preocupá-la? Tiras de letra...
Esquece os meninos, nem meninos são mais...
Cresceram... se foram... também tenho saudades
Suas risadas, suas brincadeiras ao redor da casa
Enchia tudo de vida...
Foram tempos inesquecíveis.
Agora temos o rex, o golias, as galinhas...
Temos um ao outro, me prometeste seria pra sempre...
Queria te confessar algo que nunca te disse:
Sempre te amei
Sempre amei esse teu jeito ousado
Tinhas o olhar insistente, a mão quente...
Agora o teu olhar parado... atua mão... fria...
Acorda Serafim! Serafim!
Serafim! Serafim! Serafiiiiiimmm!!!
Eu tenho um pé no horizonte
e outro no paraiso
eu tenho uma fonte infinita de riso
e um sol se pondo atrás do monte...
TUDO O QUE SEI...
O que sei de estrelas?
Na minha mente eclipsada de confusões
Só há chuva no jeito de ver e de sentir...
O que sei de calor?
Há um constante ocaso no despertar
Das minhas emoções
As flores que conheço são luzes urbanas
São olhos de máquinas dinâmicas,
Que gritam a dor do não sentir...
O que sei de universo
É tudo que se sintetiza na tua retina
E nessa silhueta de anjo
E é isso que me faz ver constelações
Sobre a tua cabeça
E nuvens sob os teus pés...
Nada entendo de sonhos
Mas a noite me conduz
Entre divagações e tons celestiais
A tua voz é uma promessa de um paraíso
E eu penso no beijo...
Isso é tudo o que sei de amor.
Tadeu G. Memória
LASANHAS
Encontraram-se de uma forma meio estranha
numa encruzilhada
meio madrugada
quase manhã...
e se olharam de uma forma que acanha
e sentiram um calor esquisito
um fogo nas entranhas
e gelava uma brisa no corpo
um frio que assanha
e se sentiram presos numa armadilha que apanha
de surpresa e desprevenida uma vontade tamanha
de sentir no corpo a unha que arranha
do prazer, esse jogo onde não se perde nem se ganha
mas satisfaz toda a fantasia de quem sonha
e quando amar se torna uma façanha
pois se encontraram na praça
e perderam a vergonha
e se despiram de graça
sem preconceito dessa artemanha
e rolaram na grama e se enpernearam feito aranhas
e se lamberam na cama com gemidos de prazer e de manha
e se deliciaram como se fossem lasanhas...
Se não guardamos a data de aniversário de quem nos é importante na memória do coração, não vale a pena escrevê-la na agenda.
Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado.
O tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar.
Verdadeiros amigos não saem nem da nossa memória nem da nossa lembrança, pois os verdadeiros amigos fazem parte da nossa história, dessa nossa andança.
Existem apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade: o primeiro é manter a memória em dia. O segundo eu não me lembro.
“Para o inocente, o passado pode guardar uma memória. Mas para os deleais, é só uma questão de tempo antes do passado devolver o que eles realmente merecem.”
Se há uma coisa que eu ainda tenho é memória. O que é péssimo. Se eu esquecesse as coisas de vez em quando, todos nós estaríamos um pouco mais felizes.
O melhor álbum de fotografia é a nossa memória, nela ficam gravadas fotos reais de momentos bons e ruins de nossa vida.
Ficou na memória dos meus olhos o clarão do sorriso dos seus. Depois disso, tudo o que sorri pra mim com algum sol faz eu lembrar de você.
Não esqueço de quem me estende a mão. Minha memória não é curta. Apesar de eu esquecer nomes, jamais deixo passar batido o que fazem por mim. Porque aprendi que ajudar o outro é bonito. Mas ser grato é mais bonito ainda.
Memória é uma coisa engraçada...lembro de tudo que queria esquecer, esqueço tudo que preciso lembrar.
A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante. Não esqueças que era a emoção do primeiro amor.
Não despreze a tradição que vem de anos longínquos; talvez as velhas avós guardem na memória relatos sobre coisas que alguma vez foram úteis para o conhecimento dos sábios.