Poemas de Martha Medeiros

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Quero acolher com generosidade o que em mim se manifesta de forma incorreta. Não vou pedir permissão aos outros para desenvolver a mim mesma, mando no meu corpo e em tudo o que ele confina, coração incluído, consciência incluída.
Talvez eu esteja com receio de ter ido longe demais desta vez e esteja preparando a minha defesa, caso alguma coisa não saia como esperado. O que eu espero? Não espero nada, espero tudo, estou à deriva nessa aventura. Eu queria cristalizar esse momento da minha vida, mas estou em alta velocidade, e não sei se quero ir adiante, só que eu não tenho opção. Acho que é isso. Eu tinha opções, agora não tenho. Não consigo parar esse trem."

Todas as pessoas trazem o mesmo rosto melancólico de quem viveu tudo e não encontrou o que procurava.

Um amor deve servir de trampolim para nossos saltos ornamentais, não para provocar escorregões e vexames.

No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato.

Uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.

Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.

Os metereologistas costumam avisar com mínimo de antecedência quando a natureza vai sofrer um fenônemo climático, quando um temporal está a caminho, quando é hora de retirar as roupas do varal, ou nos casos mais extremos reforçar portas e janelas. Mas, ainda não inventaram um recurso tecnológico para avisar quando um homem vai entrar na sua vida e fazer o chão tremer.. Você foi o abalo sísmico totalmente inesperado, e antes que pudesse me defender, deu-se início da minha devastação.

Viver é uma caminhada e tanto, não há essa colher de chá de se poder selecionar onde descer. É preciso passar por tudo: pelo desânimo, pela desesperança, pela sensação de fracasso e fraqueza, até que se consiga chegar a uma praça arborizada onde se iniciam outras dezenas de ruas, outras tantas passagens, e seguimos caminhando, seguimos caminhando.

"Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender."

Troque experiências, troque risadas, troque carícias. Não é preciso chegar num momento limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir.

Seguir nosso desejo é o que nos torna livres, e o desejo é variável, mutante, inclassificável - não pode ser considerado moderno ou antigo, é o que é.

Cada pessoa tece a sua própria versão dos fatos. Cada um de nós tem uma maneira particular de perceber as coisas, e há diversos graus de intensidade no sentir, o que torna absolutamente infrutífera essa perseguição pelo senso comum.

Nenhum amor é igual ao outro, logo, as dores também deixam cicatrizes particulares.

''E se eu ao menos fosse considerada uma aliada sua, mas não, eu era mais um elemento do exército oposto,aquela que estava mais perto e que podia receber seus golpes mais certeiros. Você nunca foi violento, mas como era cruel.''

O bem é uma construção de uma vida.
O mal, ao contrário, é rápido no gatilho.

Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios.

Creio que fui abençoada com um coração meiguíssimo e em contrapartida com um pavio bem curto.

Eu só empresto livros para quem tenho certeza
de que os ama tanto quanto eu, e quando sei
que serão lidos num prazo razoável.
Se não há intenção de me devolver logo,
estabeleçam um resgate: eu pago.

Crônica: Ciúme das coisas - Livro: Montanha Russa

" O sentimento não suporta tudo.
Mas é desse tudo que é feito um sentimento:
de choques e prazeres, de desejos e solidão.
O sentimento fatiado não existe.
Lascas só de sentimentos bons: não.
Vem sempre junto a parte estragada"

Crônica: Sentimentos indecisos - Livro: Montanha Russa

" Dores de amor, falta de grana
e angústias existenciais são contingências da vida,
mas você não precisa soterrar os outros
com seus lamentos e más vibrações.
Sustente o próprio fardo e esforce-se para aliviá-lo.
Emagreça onde tem que emagrecer:
no espírito, no humor.
E coma de tudo,
se isso ajudar."

Crônica: A importância de perder peso - Livro: Coisas da Vida