Poemas de Martha Medeiros
Amamos A, amamos B, amamos C, e por alguns nem era amor, e sim entusiasmo, e sabe-se lá de quantos entusiasmos somos capazes.
Se você decide não voar por qualquer coisa que você supõe que te prenda, lembre-se, isto também é escolha sua.
Uma vida sem amigos é uma vida vazia. O mundo é muito maior que a sala e a cozinha do nosso apartamento. A arte proporciona um sem-número de viagens essenciais para o espírito. Amar é disparado a coisa mais importante que existe.
"O amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão."
"Você está só. Viveu um grande amor, que durou alguns meses ou vários anos, não importa, e agora está naquele período conhecido como entressafra: nada nesta mão, nada na outra."
...O modo de mexer no cabelo, uma fala pausada, um olhar direto, um sorriso quase envergonhado, a segurança de não precisar se valer de estereótipos para agradar - charme. Bom gosto nas escolhas, saber a hora de sair de cena, fazer as coisas do seu jeito - charme. Estar confortável no corpo que habita, ter as próprias opiniões, alimentar sua inteligência com livros e pessoas igualmente inteligentes - charme. Não se mumificar, não ser tão inflexível, não virar uma caricatura de si mesmo - charme...
Por que tudo isso faz bem? Porque o cotidiano anda muito monocórdico, as notícias andam muito repetitivas e a natureza pulsante da gente, pouco provocada. Bom lembrar que podemos ser viscerais sem nos rendermos à vulgaridade, ser lascivos através do blues e suas guitarras, e ficarmos excitados sem perder a classe.
Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve para montar o quebra-cabeça da nossa vida, um quebra-cabeça de cem mil peças.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
"Não acerque-se de meus traumas, não invada meus mistérios, não atrite-se com o meu passado, não se esforce para entender. É proibido tocar no sagrado de cada um. Hoje faço mais planos, cultivo menos recordações e não guardo muitos papéis. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço os limites com as mãos.. é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais e não perco a fé por constatar o óbvio: Tudo é provisório, inclusive nós. (...) Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna e delicada. Sempre desprezei as coisas mornas. As coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador. É preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia. E por mais piegas que seja dizer: Eu não voltaria no tempo para consertar meus erros, não voltaria para a inocência que eu tinha - e tenho ainda. Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi? Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim."
O público, composto em sua maioria de jovens, parecia gostar de aparentar mais idade, vestiam-se como adultos. Maturidade era um valor que pegava bem. Hoje quem é maduro se veste como garoto. Maturidade se transformou num valor obsoleto.
"Porque falar a gente fala sobre tudo e sobre todos, o que mais temos é opinião. Mas autoconhecimento, mesmo, a gente ganha é através do enfrentamento, e não com especulações."
E você surdo, mudo, cego e burro, desperdiçando o que eu tenho de mais sagrado, de mais inteiro e mais honesto.
Todo pedido é uma transferência de poder. Você quer que alguém, ou algo, uma entidade cósmica qualquer, tome conta dos seus dias. Não fique devendo esse favor para os céus. Cancele a encomenda e meta você mesmo a mão na massa. Seja mais legal com seus irmãos, tome banho de chuva, dê um beijo surpresa em quem você ama, cuide dos seus dentes, aproveite sua juventude, viaje de trem, ande de bicicleta, responda os e-mails recebidos e passe horas dentro do mar. Trate de fazer as pazes com o espelho, de se espreguiçar, de dizer bom-dia pro porteiro e de dançar sozinho no meio da sala. Comece a correr atrás dos seus sonhos, a valorizar as coisas simples e a zelar pelo o que só você tem: sua vida.”
Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. […] Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir. […] Me rapte! Se nada disso funcionar, experimente me amar.
Nota: Versão adaptada de Link
E então? Somando os prós e os contras, as boas e as más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.
Nota: Trecho da crônica "Dentro de um abraço"
...MaisIsso me apavora, o "nunca mais" que me persegue desde o momento em que acordo e que me dá medo e que me faz voltar a ser criança, medo de nunca mais viver o que vivi, sentir o que senti.
(…)Se ninguém nos telefona, se ninguém vem à nossa casa, se ninguém aceita nosso jeito, parece que a gente não existe, parece que as coisas deram errado, e não deram. Sou uma pessoa bacana, forte, generosa, não devia precisar de ninguém que me aplaudisse, mas a gente precisa dos outros, precisa que eles demonstrem que nos admiram, mesmo que estejam fingindo.