Poemas de Mario Quintana - Cuide do seu Jardim
Não há pai nem mãe a quem os seus filhos pareçam feios; nos que o são do entendimento ocorre mais vezes esse engano.
Os filhos seriam, talvez, mais caros a seus pais e, reciprocamente, os pais aos filhos, sem o título de herdeiros.
Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.
Todos se queixam, uns dos males que padecem, outros da insuficiência, incerteza, ou limitação dos bens de que gozam.
Ainda é mais fácil avaliar o espírito de um homem pelas suas perguntas do que pelas suas respostas.
Qualquer homem é capaz de fazer bem a outro homem; mas contribuirmos para a felicidade de uma sociedade inteira é parecermo-nos com os deuses.
O nascer não se escolhe e não é culpa nascer do ruim, e sim imitá-lo; e é culpa maior nascer do bom e não imitá-lo.
O que vulgarmente faz que um pensamento seja grande é dizer-se uma coisa que nos conduz a muitas outras.
Afinal de contas, atribui-se preço bem alto às suas conjecturas quando se cozinha um homem vivo por causa delas.
Uns homens sobem por leves como os vapores e gases, outros como os projécteis pela força do engenho e dos talentos.
Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?