Poemas de Luto
DEIXAR IR TAMBÉM É CUIDADO
Os corredores compriiidos
Cinzentos ...sem cor
Presenciam apertos no peito sofridos...
Acolhendo todo o tipo de dor!
Dor em busca de paz
De cura pra aliviar
E tem a dor pela dor que também se faz voraz
De quem está a cuidar e acompanhar
O sofrimento é singular...
Não nos cabe um julgamento!
Para o quanto dói cada um tem seu limiar
Sua forma de se expressar naquele momento
Resta a quem está perto o “cuidado”
E o melhor a se fazer pode parecer tão complicado!
Pois diante da ânsia insistente daquela vida zelar
A escolha em algum momento é deixar o apego de lado...
Deixar ir também é uma forma de amar!
Diante do melhor a ser feito
O que se resta a fazer?
Já que a dor agora é forte no peito...
Do vazio que não da mais pra preencher?
E vai ser dia após dia assim!
Até que a dor dê lugar a saudade
E a gente se dê conta de verdade...
“Que pra quem tem fé a vida nunca tem fim!Não tem fim... 🎼”
SOBRE A FINITUDE
É tabu tal assunto!
Adiamos pra falar...
Postergamos pra pensar...
E incomoda só de imaginar...
Como será não estar mais “junto”?
“Junto”!
Junto de quem
Alguém...
Que antes de sua partida...
Fez algum sentido em sua vida!
E o que sabemos da Finitude:
É que com a sua chegada...
Ficamos de mãos atadas...
Só nos sobra a inquietude!
Só nos resta repensar sobre o nosso “junto” estar:
Se a decisão for de se juntar...
Que permaneça ali por inteiro!
Que em nada além queira pensar...
Que no abraço possa demorar...
E ali queira ficar!
Pra que dessa cena possa se lembrar...
Quando isso um dia lhe faltar...
Já que tudo isso pode ser passageiro!
Céu Purpura
Sob ruas nevoentas, não enxergo justiça
Sem horas para contar minha insônia
Divago louco, envolto no pálido tato
Segurando a linha tênue da vida
Em pele conflitante a minha
A morte possui senso de humor
Rindo ele esteve, do nosso genuíno amor
Pintando-a, assim, de provocador roxo
Jus as suas vestimentas fúnebres
Destoante de seu cerne perfeito
Forçado estou, ao fardo doloroso
De carregar a obra-prima mortal
Sublime aroma angelical a fugir
De seus cabelos sem luz a revirar-me
Sua essência absoluta, do meu lado a ficar
Zombeteira aos olhos impudicos
Sua posição transcende sangue e carne
Me isolando de ti, abriu celebres asas
Largando a existência antiga
A qual amei perdidamente
Mas pouco me falta
Não serei capaz de dá-la a terra
A mim sempre pertenceu e assim será
Dissipado em eterna aflição
Deita-se em mim sem mais tensão
Inabilitado do pensar
O que me resta é apreciar
Juntos as suas preferidas Violetas
O céu purpura de seus lábios.
SINÔNIMO DE AMOR
Não há nada igual que o dissabor de despertar, aquela embirração de não querer se levantar, aquele nojo de se olhar no espelho e sentir o menor nível de amor-próprio alcançável.
Tão lesivo, tão danoso, tão ácido esse amargor da vida azeda. O sentimento de perecimento da alma, a sensação de ter a energia sugada por completo, a aflição de se sentir inútil, e ao mesmo tempo, contentamento de ser desprezível.
A saudade de quando você ainda tinha um pouco de felicidade, a euforia com atos simples, o prazer do bem-estar, o entusiasmo de ver os amigos, da fome em demasia, daquela overdose de dopamina, endorfina, serotonina, ocitocina. A saudade do querer viver.
Pensar que tudo começou no coração, terminou em uma folha de papel molhada por lágrimas, começou com um gesto, terminou com uma palavra, nasceu na esperança, e morreu na depressão. Agora tenho a certeza de que sinônimo de amor, é luto.
ÉRIDA
Sem chão nem Fé, me vi flagelado
bem apegado a um Amor tinhoso.
Devaneando, morto, ao Sol do Descaso,
vi o mundo ruir. Abismo vultoso.
O bailar de Érida, Corpo equilibrado,
vinha mostrar seu Passo virtuoso.
Era o Baile corrente, aclamado,
tecido nos Saltos sem pouso.
E veio o Sonho: e foi desperdiçado!
E veio a Morte: o luto renovado,
o espinho encravado em meu pé!
Tudo indicava o Sol! Fiquei embaixo,
na Prisão que estive e em que me acho,
a Sonhar e a bailar, sem chão nem Fé!
Meu Amado
Eu olhei para as estrelas e vi você,
quis fazer um poema pra homenagear nossa amor, porém nem poeta eu sou...
Meu amor por ti é tão grande do tamanho da imensidão dos céus...
Quando a saudade vir eu vou olhar para o céu e admirar o brilho das estrelas, pois o brilho delas me faz lembrar você.
Te amo meu lindo príncipe.
POEMA DE PAUSA, REFLEXÃO E RESOLUÇÕES ANUAIS
Por que é que eu me importo tanto com os outros, em detrimento de mim mesmo? Por que sou tão abnegado, a ponto de dar o meu sangue e suor pelo próximo?
Por que gasto o meu ser tentando agradar a quem amo? Por que cativo atenciosamente gente, mandando mensagens, visando refletir em torno da vida? Por que dou presentes, faço convites, ofereço ajuda, disponho empréstimos sem juros, discutivelmente à toa?
Por que luto tanto por um bem-estar maior, em vez de dar 100% por sucesso e bom nome? Por que virei alguém com poucos amigos, outrossim homem fiel à família?
Por que tenho medo do futuro, em vez de me preparar para o enfrentar? Por que estabeleço rotinas difíceis, entretanto produtivas; sujeito-me a dor e cedo-lhe a passagem, voltando, enfim, ao zero? Por que venço renhidas batalhas; logo me esqueço do êxito e quero os trompetes do fim da guerra?
Por que temo o silêncio, preferindo sons e vozes a todo o tempo? Por que me lembro do passado com certa amargura, apesar das lições aprendidas?
Por que me sinto traído ou injustiçado com os que enalteci, os quais, em contrapartida, não fizeram nada páreo para comigo? Por que sou um prodígio nas minhas maiores competências, mas sou visto como pequeno, tolo e insignificante?
Isto muda hoje: não há mais saudações, sem bom dia; ajuda, sem nexo; favor, sem confiança; perdão, sem pedido de desculpas; convívio, sem união; elogios, sem abraços; partilhas, sem correspondência; luto, sem amor.
Os poemas que líamos juntos, foram escritos por nós dois.
Fomos autores da nossa própria história, e quando você partiu, tornei-me um livro incompleto, uma narrativa sem fim.
As pessoas tentam-me ler, mas as páginas estão incompletas e as que ainda existem, eles não intendem. Talvez ninguém nunca saberá ler-me da forma que você me leu.
Grãos de saudades
O Tempo resolve.
Não, ele aparta as dores,
e aperta a saudades.
O tempo dissolve
tudo em recordações,
transformando em pequenos
grãos de lembranças,
grãos coloridos,
grãos cinzentos.
E assim vai ficando possível
de carregar, a dor da saudade.
É, a morte veio buscar
A pessoa que eu amo
Ela veio levar
O meu vazio no peito ela não quis tirar
Mas levou meu sorriso ao levar-te pra lá =/
O que vou fazer sem você para amar ?
Saudade no peito vai aqui ficar =(
Já estou com saudades de você para me abraçar =)
Agora em outros braços
Felicidade vou buscar.
Mas de ti vou sempre lembrar!
A morte nos separa aqui _____________
Mundo de concreto
Mas é correto
Estamos ligados nessa espiral de afetos
Insta: @li.fer.nanda
O Fantasma que me acompanha
Olho para todos os lados.
Ele pode estar em qualquer lugar.
Não importa em quantos pedaços
Minha alma esteja a se quebrar.
A se remendar.
Ela nunca irá mudar.
A alma não muda,
Ela evolui.
Aprende a lidar com o que passou,
A tirar proveito do passado,.
Aprende a se adaptar a ele.
Mas apesar de evoluir,
O passado não deixa de existir.
E ele volta.
Quando você menos esperar,
O fantasma irá voltar,
Com a pretensão de te atormentar…
Depende de você tornar-se resiliente,
Ou vítima.
A vítima sofre.
O resiliente sobrevive.
Com o fantasma aprende…
E com ele convive.
Punição Lunar
Atração atroz, arrebatador significado lunar
O enfermo debilitado, sem prazo estipulado
Não merece da Solução, ó pobre coitado!
Diziam minhas vozes mudas em frenesi atordoado
“ Quem eu seria. Se não possuo significado?
Da Solução não possuo olhos, sou apenas distração.”
Lua, assim advinda da magnifica Calitheya
Faz favor e abra teus lábios ruborizados
Entoando novamente a estes prados abandonados
Cobrindo-nos na penumbra de sua infinita angústia
Pois amas zombar das frustrações simplórias de meu ser
Odeio tanto quanto a venero
Sem lembrança amorosa, eu ainda te espero
Com a mesma esperança de ataque afetuoso
Faz-se lar suntuoso na imensidão verde.
Temo tanto quanto a venero, pois entendo.
Das atrocidades que me pune a te compor
Obrigado a ceder sanidade em prol da expiação
Abandonei, portanto, toda a razão sem menção do porquê
Se estou salvo ou acorrentado, sóbrio ou aprisionado
Coesão comum alguma faz parte de nossa ligação pálida e doentia
Se ela fosse minha, então quem eu seria?
Um atroz sem significado nesse mundo degradante
Feito da Solução uma mera distração conveniente
Mas ela. A Lua. Era tão pequena como eu.
Fulgor da Manhã Gelada
Um frescor tão leve e estonteante a brisa trazia
Novamente esse mesmo aroma doce me envolvia
Clareza nessa menina de idade, eu assim a via
No macio caminhar abanando saia prateada
Um terrível significado fúnebre eu temia
O amanhecer gelado de minha manhã diminuía, onde agora está?
Em contraste, da terra áspera a seu toque sensível
Irreconhecível natureza ou apenas um ser aberracional?
Mas não importava o que fosse provido racional
Com afinco viril e totalmente irracional, demonstrava apreço a mil
Essa presença que agitava meu coração frágil, que dor imoral
Conversas sem proposito assinalado
Àquela mocinha eu dediquei manhãs tão nevoentas como gelo
Seu nome em euforia eu me arrisquei a pedir
“Lina. Meu nome é Lina. Qual o seu moço?”
De resposta simples em partes eu me dividi
Ouvido aquela voz que um dia já conheci
A manhã gelada, da qual tanto vivenciei sem fim
Esbravejando folia angustiante, ali pontuei como um preso infeliz
“Tão bom é conhece-la, mas tão tardia se fez”
A menininha em suspiro longo, proferiu só mudez
Acalentando-me com sua fria morbidez
Tinha importância como nenhum outro
Esse sentimento devastador que tanto logro no silêncio
De significado como nenhum outro
Minha dor seria certeira
Pois o certo é o certo
E meu ato de santidade não compensaria o tormento
Dessa frenesia que rasga-me nesse momento
Torne-se eterna ao meu lado, nesse banco frio
Dessa manhã que só me traz tanto desalento.
Na vida:
a mudança é inevitável;
a perda é irremediável;
a felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo.
Resiliência é a única ação que temos, para caminhar nas nuances que a vida nos dá.
O luto é preciso, e, cada um - individualmente - saberá como passar por esse processo!
Me lembro de um grupo de amigos
que ficou vinte anos se reunindo e sempre faltava alguém.
Toda vez que estavam juntos era só:
– Ué? Hoje o fulano não vem?
Se ia um não ia outro,
quando não cancelavam o encontro também.
Mas no dia que o marcão morreu
No velório não faltou ninguém....
O seu nome é vida e o que está escrito no verso é morte
Este sopro que não tem nome, endereço, data e hora
Deixa a gente louco
Sem saber o que acontecerá em seus desdobramentos
O que será em seus próximos capítulos
O que permanecerá
E o que mesmo antes de ser seu
Vai partir para nunca mais voltar
Sequer ter a chance de sonhar
Faz a gente pensar:
O que eu vou perder desta vez?
Já perdi minha dignidade. Qual perda será a próxima?
O Lavar
Escrevo ainda com gotas de água na pele, resultado da breve chuva que me atingiu no caminho da padaria/verdurão até em casa.
As sensações que me invadiram nesse momento a minha adolescência tem uma memória mais vívida, porém a repentina plenitude pareceu ser a leveza necessária para ausentar o luto, a ansiedade dos últimos dias, que é o assunto desse pequeno texto.
A raridade das coisas nos coloca sem saber como processar. Dediquei minhas palavras sobre o período da quarentena e sobre perder há alguns dias atrás para um projeto literário coletivo e me faltou processar como nossa sociedade ocidental, com raras excessões culturais, não sabe lidar com perda, com morte. Prova são as inúmeras obras artísticas das diversas manifestações que se dedicam em mostrar o quanto é péssimo.
Deixar ir significa que vamos ficar e a ideia em si parece solitária demais. Não temos como hábito guardar as emoções e memórias das pessoas quando ainda estamos com elas e revisitar de tempos em tempos. De repente não é possível mais construir e vem o desespero de procurar o que ficou nos baús da mente.
Agora irei secar essa água que veio de cima, talvez não a mais limpa, mas permitiu em meio ao caos o egoísmo de dizer que me senti bem, viva para as possibilidades que buscarei construir. Obrigada pela força renovada pois a luta continua não só por mim, mas por todos nós.
O silêncio foi a resposta.
A ausência um forte tormento.
Minha inspiração calou-se.
Sua memória entregou-se ao esquecimento.
Mas, a minha mente ainda lúcida,
Lembrará com gratidão,
Quem reconheceu em mim talento,
E eterna será em meu coração.
A dor da saudade ficou somente para mim.
Pois, agora seu coração descansa, e sua dor teve fim.
Sei que de mim já não lembra, e nem poderá me ouvir.
Mas, o meu coração ainda sofre a perda por vê-la partir.
Como uma vez ela me disse, quem tem amigos deixa saudade.
Mas, além disso, ela deixou um legado, de perseverança e lealdade.
Agora só me resta a lembrança,
De seu sorriso e sua alegria.
Toda a nossa história foi um conto,
E, agora, será poesia.
Tristeza no coração, saudades na lembrança
O mundo sagaz cruel, que brinca com a esperança
O ódio carregado na veia, tem que desabafar
Um brilho se torna opaco, uma luz não vai brilhar
Uma quebrada de irmandade, separadas pelo fel
Uma dor que está no peito clamando pelo céu
Choro pelo luto, choro pela dor
Choro pela raiva eu choro pelo amor
Ando desnorteado, por um vale sombrio
O corpo todo treme, na alma um calafrio
Peço perdão ao pai peço perdão a ti
Com as lágrimas caindo, sem motivos pra sorrir
Um grito que não ecoa, um eco que aqui jaz.
Estejam em PAZ!!!
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e que a paz e calmaria reine em nossos corações...