Poemas de Loucura
D. SEBASTIÃO, Rei de Portugal...
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Dizem que de louco todo mundo tem um pouco.
Então considerando que muitos surpreendam-se comigo,
de louco eu devo ter um muito.
E quer saber? Hei de ter então muito mais.
Ninguém se destaca nessa vida sendo igual a todo mundo.
O pensamento é o único lugar onde ainda estamos seguros,
é onde nossa loucura é permitida
e onde todos os nossos atos são inocentes.
Que instale-se um novo mundo cibernético,
mas que virem sucata esses detectores
de mentiras, tão sujeitos a falha.
Dentro do pensamento não há tecnologia
que consiga nos achar.
A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia.
Creio que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino.
O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio.
Nos indivíduos, a loucura é algo raro – mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra.
Dinheiro é um negócio curioso. Quem não tem está louco para ter; quem tem está cheio de problemas por causa dele.
Uma ira desmedida acaba em loucura; por isso, evita a ira, para conservares não apenas o domínio de ti mesmo, mas também a tua própria saúde.
Até aos quarenta anos o homem permanece louco; quando então começa a reconhecer a sua loucura, a vida já passou.
Se os comunistas têm razão, então eu sou o louco mais solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperança para o mundo.
A sabedoria não pode ser transmitida. A sabedoria que um sábio tenta transmitir soa mais como loucura.