Poemas de Lágrimas
Balada do Teu Abismo
Quando mergulho
na profundidade
das tuas lágrimas
vejo as marés vazias
ouço o mar das tuas artérias
nessa viva e rutilante maresia
gotejam os descalços poentes
nas agitadas marés do teu rosto
onde a textura do amor desliza.
Sob o clarão telúrico
afixo a minha fervente âncora
à balada do teu abismo.
Coador de Lágrimas
Quando coamos
a tristeza das lágrimas
ficam, à tona,
as impurezas
das dores
de uma submersa
escuridão.
O Preâmbulo da Chuva
Os meus olhos derramam o preâmbulo da chuva.
As lágrimas que escorrem pelo meu rosto são as chuvas trémulas, são memórias líquidas, naufragadas na alma. Chove em mim um dilúvio de dias, que se desfazem nos galhos das solarengas saudades. As agonizantes horas trazem à tona os cardumes dos verbos, onde se erguem as angústias dos meus caminhos. Os meus olhos choram a chuva arremessada por um oceano de palavras. Chorar a amar é despenhar-se em lágrimas.
CARREAR
O silêncio, origem de um final
Conhece o caminho do suposto
Lágrimas correndo com tal gosto
Em uma sensação de dor visceral
Que lacera a alma tão brutal
Na fúria de qualquer desgosto
Como sombras dum sol posto
E uma avalanche descomunal
Do desejo, ali sentidos e cego
E nesta escuridão submerso
A emoção é arrancada do ego
Que maltrata, e deixa disperso
Na ilusão, e então as carrego
No olhar, no peito e no verso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 10’33” – Triângulo Mineiro
HORAS DE SAUDADE
Vou de avivo no repouso, descontente
E travas lágrimas nos olhos a prantear
Ah! quanta avarenta emoção a suspirar
Ah! quanto silêncio no sertão poente
A hora no horizonte é vagar cadente
Um adeus, sem acabar e a se quebrar
Um vazio apertando a alma no pesar
E uma solidão que fala com a gente
A escuridão, e um nó na garganta
Um feitiço que no amargor canta
Cravando a sensação pela metade
Tristura, e uma trova sem medida
Querendo versar, e na dor sentida
Redigem as horas duma saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/11/2020, 12’07” – Araguari, MG
A Flor do Madacaru
A flor do mandacaru... das lágrimas pelo chão
Brotam da dura terra num alvo véu do agreste
Ornadas de espinhos, num prenúncio de união
De força, na secura ou na chuva em ato celeste
Abrirá! E ao poeta de cordel - eterna comunhão
São trovas da flor a enfeitar a poesia que fizeste
Flor do mandacaru... graça despertada no sertão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/11/2020, 09’02” – Araguari, MG
TRISTE MENINA
Chora cá a tua morte pra eternidade
os soluços que assim a memoraram
as lágrimas arrancadas não secaram
nos carecentes campos da saudade
Aflitiva entre as aflitas a tua verdade
molesta por todos faltos que faltaram
as tuas consumições nunca cessaram
na tua meiga e agitada sensibilidade
Então, sonha aí, posta na conciliação
no teu moimento da campa santa
agora pode aquietar o teu coração
Dorme, na graça e na união Divina
dói n’alma o silêncio que agiganta
ide em paz, saudosa, triste menina!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’23” – Triângulo Mineiro
Sétimo dia da Páscoa da prima Flávia Magalhães Nogueira
TEMPOS IDOS
Não sepultes, lágrimas, o que já andado
Tem pena da recordação que sobreviveu
Eu suspiro cada detalhe que não morreu
Os quero perto, concebido, ao meu lado
Não, não desejo o sentimento enterrado
No campo ignorado e tão cheio de ilusão
Que não se soterra, assim, uma sensação
De emoção, e então, dado por encerrado
Ah! não me arranque d’alma este acalanto
Deixai-me cá no conforto que quero tanto
Sem dar adeus aos sonhos meus partidos
Ó singular amor que traz tanta imensidade
Não me abandones cá no sírio da saudade
Agoniante, ao dobre triste dos tempos idos
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 fevereiro, 2022, 12’16” – Araguari, MG
MANANCIAIS DOS VERSOS
No infinito da inspiração há quimeras
Há olhares, lágrimas, poética, emoção
Em versos que buscam certa direção
Aquele sentido, fervilhante, deveras!
E, vem em sensações da imaginação
Ornando a poesia tais as primaveras
Multicor, também, apertos e esperas
A caçar, a montante, tinos e paixão
No infinito dum ’alma, murmurante
Os desejos, os ensejos, tudo adiante
Sempre em junção... não dispersos!
Que juntados, aos poetas, a valeria
Ádito dum sentimento em travessia
Ilusão... nos mananciais dos versos!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Julho de 2022, 14’38” - Cerrado goiano
NEM SAUDADES, NEM PRANTO (soneto)
Não há mais saudades, nem mais pranto
Secaram as lágrimas quando eu te perdi
E nesta seguidão tanta, seco, chorei tanto
E já sem encanto, tanto era amor por ti!
O coração se cansou, enxuto num canto
Lembres-te? que sofri, contanto resisti
Beijar-te... e beijei-te com tal acalanto
No entanto, no desdém, rudeza senti
Porém, esqueçamos toda essa história
As lembranças hoje estão na memória
Se tudo passa, você por mim já passou
Os sentimentos já não têm mais sonhos
Nem o silêncio os momentos medonhos
Se por nada sobrou. Adeus! Tudo acabou!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/03/2020, 05’55” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Você esperava que me importasse?
Você não merece as minhas lágrimas
Eu acho que é por isso que elas nem estão aqui
Quando penso que houve uma época em que quase te amei
Você se mostrou um idiota e vi quem você era de verdade
Pra quem não me conhece prazer: sou feita de sonhos, sentimentos, sorrisos, lágrimas. Também sou feita de mágoas, ressentimentos, lembranças...sou feita de erros, acertos, qualidades...
Nunca fui Maria vai com as outras, pra muitos, um terrível e inaceitável defeito.
Trocando em miúdos: tenho personalidade !
Só mais uma coisinha: nunca esqueço o bem que me fazem, menos ainda o mal !
Senti algo estranho em mim
Vazio, dor imensa do lado esquerdo
Chorei...
Lágrimas caiam de mansinho
Não deu pra segurar !
Doeu de montão sentir que não estava mas em você
Que não fazia mais parte dos teus sonhos
Que fui deletada das tuas lembranças
Doeu, magoou, machucou...
Saudade !
Saudade do que um dia fui
Chorei...
Não havia mais nada a fazer
Te perdi !
Barco, navego por rio e mares
Sou vento que acalma tempestades
Sou riso que enxuga lágrimas
Sou céu de estrelas cadente
Rio de pedras correntes...
Areia, porto seguro
Que acalma maré forte
Ondas altas,
Sou léguas de caminhos
Desertos...
Perfume da natureza,
Flores...
Poetas são o que querem
O que sonham.
Sou noite de maresia
Lua cheia
Amados, amantes...
Paixão, fantasia.
Sonhos,
Verão, inverno
Desejo que consome
Queima
Letras que escrevem
Teu nome
Retrato, moldura...
Te guardo...coração
Pensamentos...ilusão.
És meu
Menino, homem.
Na vidraça
Do meu peito
Bate chuva,
Lágrimas,
São pingos,
Enxurradas,
Lembranças
Saudades
De tardes
De músicas,
Olhares,
Fantasias...
Bate no peito
O desejo,
Viver,
Reviver
O que fomos
O que podemos ser
Rios de sonhos,
Mensagens,
Telefones...
Que saudade
Que vontade,
Que desejo,
De nós.
Vi o amor transbordando em um rosto cansado.
Vi a saudade caindo em lágrimas, derramando solidão.
Parado no tempo que se viveu...lembrando o se que foi !
Vez em quando caio na real e ai, só Deus.
Só Deus,
pra segurar minhas lágrimas, pra devolver meu sorriso.
Só Deus,
para não me deixar no chão, na mão.
Rola tristeza, desengano...
machuca peito, doe alma.
Sinto o desprezo...
e ai, só Deus !
Não espere de mim sorrir se realmente não estou afim,
Não espere que eu contenha ás lágrimas quando eu quero chorar.
Não espere uma atitude ou uma palavra apenas para agradar.
Não me troco, sou eu mesma em qualquer ocasião ou lugar.
Meu rosto tem apenas uma face: a minha !