Poemas de José Saramago
Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente, ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro.
Costuma-se dizer, dêmos tempo ao tempo, mas aquilo que sempre nos esquecemos de perguntar é se haverá tempo para dar.
"Não tenhamos pressa, mas não percamos TEMPO". José SaramagoPra que descrição se cada um tira sua própria conclusão?
Posso explicar uma porção de coisas, mas não posso explicar a mim mesma.
JOSÉ SARAMAGO - Não se vá! O céu deixará de brilhar
Que as luzes encobrem as tristezas da vida,
Nos lençóis que adormecem a alma partida,
Do serralheiro mecânico feito letras imortais,
Não se vá Saramago! Não. O céu deixará de brilhar,
A mais nobre constelação sideral portuguesa,
Abrilhantada neste universo do além-mar.
Tu não vês que toda a tua pátria querida chora,
E a abóbada lusitana relampeja nesta hora,
Não vejas tu que mãe língua portuguesa pranteia,
Na despedida que agita as ondas do mar,
Elevando o teu nome nas gigantescas alturas,
Ó Saramago! Não se vá ao brilho das estrelas!
Ó Saramago! Tu não partiste sem dá adeus,
Dos prantos que solavanca agora os continentes,
Marcado na cultura de toda a nossa humanidade,
Das gotas que caem de cada olhar do céu turvo,
Não se vá Saramago! Não. O céu deixará de brilhar,
Nesta aprazada lâmpada que se acende com tormentos.
E faz do silencio, magoada a falta da brisa e lamentos,
Ó Portugal! Ó Lusitana! Reis dos mares do grande Atlântico!
Não deixeis tu, que leve aos céus agora o nobre filho lusitano,
Suplico que arrebentas com tuas colossais ondas de mar aberto,
E que tu tragas nosso irmão poeta e escritor ao chão português,
A mais altiva constelação sideral portuguesa do nosso além-mar.
www,shallkytton.com
O poder da leitura com objetivo: José Saramago, um serralheiro que virou escritor e ganhou um Nobel de Literatura.
Conheço outras histórias tanto quanto interessantes e reais, por exemplo: Um pedreiro que virou filósofo, poeta, editor e jornalista atuante nas questões nacionais.
Leitura com objetivo de crescer e contribuir com a humanidade, eis a nossa função como agentes produtores de livros e de conhecimento.
"Quando li 'A Caverna' de José Saramago, onde ele reconta o mito de Platão, resolvi que não iria me prender às ficções da vida. A virtualidade é uma dessas ficções. A virtualidade é uma caverna."
(Do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser")
O homem nem sonha que, não tendo ainda sequer começado a recrutar os tripulantes, já leva atrás de si a futura encarregada das baldeações e outros asseios, também é deste modo que o destino costuma comportar-se conosco, já está mesmo atrás de nós, já estendeu a mão para tocar-nos o ombro, e nós ainda vamos a murmurar, Acabou-se, não há mais que ver, é tudo igual.
...pensa nas contradições da vida, no fato de que para ganhar uma batalha às vezes possa ser necessário perdê-la... (O homem duplicado)
Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo.
Por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel.
É interessante como levamos todos os dias da vida a despedir-nos, dizendo e ouvindo dizer até amanhã, e, fatalmente, em um desses dias, o que foi o último para alguém, ou já não está aquele a quem o quem o dissemos, ou já não está nós que o tínhamos dito.
Deixar que o tempo passe, que as coisas amadureçam. E se tiver de ser, será, e se não tiver de ser, não será, acabou.
Nem a arte nem a literatura têm de nos dar lições de moral. Somos nós que temos de nos salvar, e isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa soar antigo e anacrônico!
Não são os políticos os que governam o mundo. Os lugares de poder, além de serem supranacionais, multinacionais, são invisíveis.
...cada um de nós é este pouco e este muito, esta bondade e esta maldade, esta paz e esta guerra, revolta e mansidão.
Estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão depois. A única coisa que importa é o triunfo do agora. É a isto que eu chamo a cegueira da razão.
... É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.