Poemas de Jorge Amado

Cerca de 29 poemas de Jorge Amado

– Por que pregar susto na gente, Berrito desgraçado? Tu bem sabe que tenho o coração fraco, o médico recomendou que eu não me aborrecesse. Cada idéia tu tem, como posso viver sem tu, homem com parte com o tinhoso? Tou acostumada com tu, com as coisas malucas que tu diz, tua velhice sabida, teu jeito tão sem jeito, teu gosto de bondade. Por que tu me fez isso hoje? – e tomava da cabeça ferida na peleja, beijava-lhe os olhos de malícia.

Jorge Amado
Os velhos marinheiros

Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar.

Jorge Amado
O menino grapiúna

Logo que um novato entrava para os Capitães da Areia formava logo uma idéia ruim de Sem-Pernas. Porque ele logo botava um apelido, ria de um gesto, de uma frase do novato. Ridicularizava tudo era dos que mais brigavam. Tinha mesmo uma fama de malvado. Muitos do grupo não gostavam dele, mas aqueles que passavam por cima de tudo e se faziam seus amigos diziam que ele era um "sujeito bom". No mais fundo de seu coração ele tinha pena da desgraça de todos. E rindo, e ridicularizando, era que fugia da sua desgraça. Era como um remédio. No rosto do que rezava ia uma exaltação, qualquer coisa que ao primeiro momento o Sem-Pernas pensou que fosse alegria ou felicidade. Mas fitou o rosto do outro e achou que era uma expressão que não sabia definir. E pensou, contraindo seu rosto pequeno, que talvez por isso ele nunca tenha pensado em rezar, em se voltar para o céu. O que ele queria era fugir da sua angústia, que estrangulava. Mas o Sem-Pernas não compreendia que aquilo pudesse bastar. Ele queria uma coisa imediata, uma coisa que pusesse seu rosto sorridente e alegre, que o livrasse da necessidade de rir de todos e rir de tudo. Que o livrasse também daquela angústia, daquela vontade de chorar que o tomava nas noites de inverno. No bando, não tardou a se destacar porque sabia como ninguém como afetar a dor.

Jorge Amado

Nota: Trechos do livro "Capitães da Areia"

O fato de não se compreender ou explicar uma coisa não acaba com ela. Nada sei das estrelas, mas as vejo no céu, são a beleza da noite.

Jorge Amado
Gabriela, cravo e canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

Temos olhos de ver e olhos de não ver, depende do estado do coração de cada um.

Jorge Amado
O gato malhado e a andorinha Sinhá: uma história de amor. Rio de Janeiro: Record, 1976.

Para que explicar? Nada desejo explicar. Explicar é limitar. É impossível limitar Gabriela, dissecar sua alma.

Jorge Amado
Gabriela, cravo e canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

Agora sabe que ela brilhará para ele entre mil estrelas no céu sem igual da cidade negra.

Jorge Amado
Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

Que culpa eles têm? (...) Quem cuida deles? Quem os ensina? Quem os ajuda? Que carinho eles têm? (...) Roubam para comer porque todos estes ricos que têm para botar fora, para dar para as igrejas, não se lembram que existem crianças com fome...

Jorge Amado
Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

Tem certas flores, você já reparou? que são belas e perfumadas enquanto estão nos galhos, nos jardins. Levadas pros jarros, mesmo jarros de prata, ficam murchas e morrem.

Jorge Amado
Gabriela, cravo e canela. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
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