Poemas de Janela
O quadro vivo
Eu gosto de olhar pela janela do quarto.
A janela alta do meu prédio
e olhar.
Ofusco-me nas luzes horizontescas
pitorescas da noite sublime,
distantes e borradas de rímel.
A agonia começa no cômodo
de cunho pensante.
As luzes lá da frente não se apagam
aqui as paredes se esfriam
cada vez mais
cada vez mais necrosadas.
O olhar alcança a floresta tempesteira por raios,
logo atrás dos borrões nos postes,
da torre da igreja crucificada,
dos borrões amarelos ambulantes,
os da ida e vinda
os da volta e partida.
Alguns piscam, outros param,
muitos voltam
(Esqueceram as chaves de casa, a camisinha, o próprio aniversário)
Os pneus queimam o asfalto,
sinto cheiro amargo,
deve ser a torradeira avisando que o sol apareceu
e que eu esqueci de dormir,
deve ser de manhã, o sino vai tocar
e eu permaneço olhando pela minha janela
com meus olhos pintados por lápis preto,
ambos em volta preenchidos pela cor viva
o negro.
Durmo sem saber que horas são,
não sei, porque ainda não dormi.
O estranho no ninho observava pelas entrelinhas
da janela de seus olhos o mundo lá fora.
-O que aconteceu?
-Senhor para onde este trem esta indo?
perguntou o menino de sardas timidas.
O senhor de barba grizalha e chapéu de palha respondeu:
-Depende, quanto tens?
O menino com os olhos cheios de lágrimas exclamou:
-Senhor dinheiro ,eu só tenho essas duas velhas moedas que trago em meus bolsos, nada mais.
E o senhor respondeu novamente:
-Dinheiro? daqui nada vale, apenas seus sonhos.
-Não tens sonhos? Questionou o senhor ao menino.
-Sim, tenho muitos. Disse o menino ainda com um ar de assustado.
O velho senhor então deu um meio sorriso e disse:
-Então por que perguntas para onde este bendito trem esta indo,
se carregas tantos sonhos contigo?
-Não percebes que se tem tantos sonhos assim, podes ir para onde quizer...
-Os sonhos são a passagem ilimitada para qualquer lugar do mundo! Finalizou o velho senhor...
Da janela ao corredor, 20 passos
Um cigarro, a mesma cor,
Um dia pra gastar
Quantas portas pra fechar lavar o cheiro e o gosto
Foi sem hora pra voltar
Feche os olhos quando eu for mostrar o meu mundo pra você que está sempre aqui
Tudo oque existe ao meu redor
Da janela eu a espero
É noite! Eu nem tenho sono
De manhã! sinto abandono
Meus olhos não os vêem,
Minha rua! Está sem graça.
Que rua encanta? Que perfume passa?
Os cabelos! Que vento esvoaça?
Que o vento te de asas pra voar e
Traga o encanto ainda mais linda pra me encantar.
Nostalgia
Da janela aberta
vejo so sonhos que tive,
as viagens que não fizemos,
os passeios que lamentamos,
e os sentimentos que contive.
É irônico,
mas as melhores lembranças que tenho,
daqueles inefáveis momentos,
são o desespero, a insegurança e abandono.
A nostalgia,
assim tão terna, assim amiga,
é a prova que tudo não passou de ilusão,
mas sinceramente
espero que nesse verão
o céu não se turve,
enegrecendo as nuvens
e levando com a chuva minha paixão.
Sorriso
Sorria seu melhor riso.
Seus olhos brilham radiantes.
Abra sua janela de pureza.
E me embale na leveza do teu encanto
Teu sorriso acalma meu pranto
Esse riso me abre a janela da alma.
Tua alegria, minha necessidade.
O silencio toma o vázio da sala
O oceano se espande sem anunciar
e então trasborda pelas janela.
Os sorrisos se apagam num piscar de olhos
Os corpos se revelam entre quatro paredes
incinerando suas almas rebeldes e solitarias.
Agora tudo ficou mudo e incolor
Dificil de explicar em palavras...
Parado na Janela
Parado na janela, é onde ao leve toque da ponta de minha caneta seringa formam-se palavras e devaneios. Olhando para a folha de caderno consigo também ouvir cada um dos nonilhões de gotas que com impacto estonteante caem sob as mais variadas superfícies.
Ouço os trovões de uma chuva passageira, trovões constantes e inconsequentes que pousam onde querem sem nem pedir liçensa. Ora estava calor, ora está um vagaroso frio que em velocidade relutante e surpreendente move as árvores e plantas fazendo-as sambarem ao som de uma sinfonia natural.
Olho de maneira retilínea, fecho meus olhos suavemente, paro. Inspiro todo o odor abafado e calmo da chuva, chuva que muitos pediram para dissipar o contínuo calor ofegante anterior.
Calo-me. Me dou ao luxo de sentir o poder da natureza, o vento como seda que derrama sob meu corpo, sob minha face, me sinto vivo, me sinto purificado!
Observo sem compromisso as formas surreais que os raios constroem, dilacerando os céus que nublado e tampouco calmo estavam por ordem dos Deuses.
Silêncio... É o que ouço agora, ignorando os alarmes dos carros atingidos pela intensa força magnética da eletricidade que partirá sem rumo certo e expandia dos céus.
Silêncio, calma e paz. As árvores já se acalmaram, as gotas agora já são poucas, a fúria dos céus terminava.
Escrevo está última linha, fecho minha janela.
" Quando estou trancado no meu quarto passo a imaginar mil coisas
olho para a janela e vejo o futuro e o passado
estranhas sensações, alívio momentâneo
conquistas e derrotas, o sentimento incomum
a verdade que me revelará, quereria te abraçar.
A vida
não é tão bonita
do outro da janela.
Mas aqui dentro de mim,
há um lindo jardim,
tornando-a bela.
Borboleta singela
Voas na minha janela
Um sinal ou uma aventura?
Pequenina e frágil
Vens até mim
Mesmo com sol escaldante
Perdendo-se no horizonte
Com seus ocultos segredos
Voas alegremente
Pelas flores do jardim...
SERÁ MORTE?
A janela se abriu e o susto se foi
a constatação imediata do previsível se assume
A porta bateu deixando de fora o novo
o verossímil o inevitável momento de alegria
Nas cadeiras somente o balançar lento
da imagem de quem ali se sentou
Os tapetes sumiram embaixo de poeiras
onde não há mais rastos
As mesas de canto de castigo
sem o peso das rosas que perfumavam a saudade.
Nem ela a saudade quis ficar...
deu adeus sem balançar as mãos
balançou a cabeça acenando um não.
A incompreensão virou dono da dor
e se voltou contra a mão que afaga.
"Sabe aquela calma que costuma vir depois de
uma chuva demorada?
Quando a gente abre a janela,
escorre com os dedos a água da vidraça,
-essas gotas límpidas qual diamante-,
e fica a sentir as goteiras irem silenciando;
feito melodiosa canção;e com um pouco de sorte,
depara-se com um arco-íris vibrante
ali mesmo no céu de nossos olhos, adiante...?
Pois, assim, amanheceu hoje meu coração!"
Tem dias que eu acordo assim, meio sei lá.
Olho pela janela e vejo esse tempo nublado e lembro de mim. Sinto que a qualquer momento esse tempo pode mudar, e o sol chegar.
É primavera, mas me sinto como o outono. Trocando as flores. Dando espaço para novos botões se formarem. Enquanto o vento bate e leva as folhas secam do chão.
Chove agora e na janela do
meu quarto pingos desenham
formas abstratas, que nada
dizem ao meu coração vázio
triste estou, triste eu sou
mas a chuva noturna continua
linda!
~_~
O CONCRETO E O VERDE
Dá pra ver pela janela
Que ainda é pouca a esperança,
Mas, tão vibrante a música,
Que sem compreender se canta.
E o verde ignora o concreto,
Confunde sua arrogância.
Não se assuste meu amigo
Se por acaso eu te digo
Que uma flor bem amarela
Despontou em sua janela
É uma flor bem estranha
De uma beleza tamanha
Parece até que o sol esta nela
Nesta flor que despontou em sua janela
Naquela noite; Zé-mané tomando banho, Zica na cozinha e Tadinho pulando a janela com a televisão nos braços:
-Hoje tem coca, vou ficar legal!
"Uma família no Brasil"
"Olhando pelo lado de fora da janela, depois de um dia longo; Quem me via, imaginava que eu estava à procura de algo, mas eles nem podiam imaginar o que eu estava reparando. As folhas das arvores caídas pelo chão, dando seus primeiros sinais de outono.
O tempo ia passando e meus pensamentos ficavam contínuos naquelas folhas secas espalhadas pelo chão. O que me fez refletir, que aquela fase da árvore era semelhante às fases da minha vida.
Eu sempre era "cortada", e às vezes estatelada pelo chão, como aquelas folhas secas. Mas conforme minha vida passava, minhas preces eram ouvidas, eu me levantava. Como se gotas de chuva e raios se Sol estivessem me reerguendo, como à troca de folhas daquela árvore.
Notei que como ela, eu poderia dar frutos, que o que eu semeava era o que eu colheria de mim mesma no futuro. Atitudes, provas concretas de que na vida tudo passa, e de caule eu me transformei e ainda me transformo em galhos com folhas novas e frutos.
E bem nos traços de outono, aquela época da vida que eu estava me adaptando, já vinha a me preocupar com o que eu faria no inverno, se ventos frios, e águas gélidas me atingiriam, me inundariam, e uma força constante me daria uma pancada: Me fazendo acordar pros meus planos e meus ideais; Me fazendo perceber que o tempo passado não volta, jamais. E aquelas folhas secas que um dia deixei pra trás, não retornarão a mim. Os momentos não voltam, as pessoas também não.
E no final daquela noite, o que pude concluir depois que fechei as janelas é que nós não podemos mudar as estações, são elas que mudam a gente: machucam, maltratam, nos faz crescente. E viver, pra ver que nós devemos nos adaptar a tudo, como aquela arvore do outro lado da rua."