Poemas de Janela
O SOL
Para que curvaste
no beiral da ventana
e pelo chão se arraste?
É por seres luz soberana
querendo luzir meu verso?
O meu poetar está sem gana
A alegria na alegria submerso
E estou quieto, de carraspana
Deixe-me a sós, no breu inconfesso
Fica-te por aí na ilusão mundana...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
Para Te Namorar
(...) E eu adorava passar,
na sua rua!
Só para te namorar um pouquinho...
Namoro de pé de janela.
Com beijinhos rápidos,
quase roubados.
Para ninguém ver!
Delícia...
Bom brincar de esconder o amor.
Coração que pula.
Desejos que apertam.
Longa espera...
Noite que não chega!
Pra gente namorar direito.
Mas entre desejos e beijos.
Namoro na janela.
Suspiros.
Sonhos...
Desejos.
Mais uns beijos.
E só assim vou embora.
E olho cem vezes para trás.
Só para te ver
E um desejo de voltar.
Pra te beijar...
Mil vezes!
Olho a janela do meu quarto
Pensando nas possibilidades
Então de repente algo chama
A minha atenção e mexe com
Todo o meu raciocínio de um
Futuro cheio de buscas frustradas
Minha curiosidade me mata
Não consigo me controlar
Tenho que dar uma espiadinha
Nessa estrela
Quando eu fui ver lá estava
O fim de tanta sem sentido
Agora eu vejo que nada do
Que eu fiz foi em vão
Depois de tanta procura
Em outros céus e imensidões
Atrás de uma única estrela
Que tem a chave do meu amor
Finalmente achei você ali
Uma única estrelinha que
Em segundos se tornou mais
Importante que Sol e a Lua
São para a Terra.
Hoje espero a hora em que
Poderei entrar nesse seu
Universo que me faz querer
Ser astronauta para pousar
Na sua atmosfera.
-Que nome dou a isso?
"-Prisão e Liberdade"
A subjetividade do olhar me faz ver algo belo do jeito mais feio e o feio, tenebroso da forma mais bela. Vista de longe, uma janela é apenas um pontinho num retângulo. Vista de perto pode ser mais que uma porta. Vista de dentro pode trazer imagens fascinantes e tristes ao mesmo tempo. São tantas coisas bonitas que pode se ver por uma janela... Paisagens, pessoas, a copa de uma árvore, o céu... A janela da prisão mostra o sol! Mostra também o movimento. O movimento lento do sol para dar espaço a lua. Gera uma sombra que se move lentamente até desaparecer e cair fora das grades da prisão. Foram assim que os meus olhos se comportaram quando te viram passar. Um misto de prisão e liberdade, do belo e do assustador. Fiquei sem saber o que fazer quando isso aconteceu. Curiosamente meus olhos se fecharam. Preciso compreender o que se passa dentro de mim para que assim eu reabra essas janelas e te veja por dentro.
Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez
Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar
Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer
Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender
Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer
Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender
["Sol de primavera" ]
Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer
Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender
Pessoas andam prum lado, pro outro
Sem saber pra onde ir
Andam depressa, sem respirar
Esquecem de existir
O horário pegou, estou atrasado
Pra onde irei, como irei
Quem mais está sufocado
Na vida, oh vida
Que vida, onde ela está?
Anda correndo
Soa o suor, o sino
Digo, vai lá não desiste não
Quem sabe, na próxima condução
Se parar, se tiver lugar pra sentar
Quero mais é viver a vida
Mas olhando a janela
Observando a gente sofrida
Perdida, andando prum lado, pro outro!
Beija-flor Na Janela
Quarta-feira florida.
Beija-flor na janela...
Música do vizinho.
Dia de Cinderela...
Por aquilo chamado amor
A felicidade é tão intensa
Quanto o nascer do sol
Se conservada em formol
Dura mais do que se pensa
Só não pode ser fabricada
Pois, da natureza ela é feita
E quando a pessoa se deita
A alma fica assim marcada
Nos moldes dessa toada
O coração se deleita
A poesia é a receita
Mesmo que seja quebrada
Por isso meu camarada
Faça a você um favor
Nunca deixe seu amor
Perdido na madrugada
E num dia encantador
Queira ficar acordado
Com ela bem ao seu lado
Só pra ver o sol se pôr.
SOU EU
Fiquei perdida entre as tuas coisas
Magníficas ou pequenas. Por pouco
Achavas o meu riso solto ou embrulhado
No papel que escrevias os teus versos.
De amor não pude tecer nosso namoro
Debruçada na janela da tua alma embebida
Nas paixões que entornaste toda a tua vida.
No trovejar da voz que soltas quando atinges
O ápice do amor. Então, navego por telepatia
Na mesma magia.
Não é comigo, mas atinjo, também, grande ironia
O auge de ser troca, ser o outro, ser um só.
E quando sentes o arrepio de uma alma que te busca e
Beija-te até secar todo o desejo.
Afaga-te tanto que desemboca noutro lampejo
De mais querer. E tudo se repete.
Infinitamente,
Em pensamento apenas, lamento.
Ai sou eu. Apenas eu.
Inverno
Como é majestoso contemplar
Os horizontes nevados e alvos
Da janela me concentro na sua bruma
Enquanto meu corpo é aquecido
Pelo fogo intenso da lareira
Que flameja incessantemente.
O inverno chegou e as rosas feneceram
Tudo alvo ficou de repente
Agasalhamos nossos corpos e ficamos
À espera da primavera que logo chegará
Trazendo as rosas de volta
E nosso jardim dar vida novamente.
Se pudesse, gritaria, na tua janela:
Eu te amo!
Acabaria com tua paz em um instante
E tu correrias ao meu lado
Sem perguntar para onde ir.
Cansei de ver a mesma paisagem
Vou fechar a janela,
do meu quarto, que dá para Oeste.
E abrir uma que dá para Leste...
“Ela sorri
Dentes brancos perfeitos.
Eu paro no tempo.
Ela realmente é linda.
Ninguém devia ser tão bonita.
Más onde mora essa menina?
Será que onde ela mora
Tem uma casa colado na dela
Para alugar?
Poxa...
Assim eu ficarei pertinho dela
Já pensou?
Todo os dias
Eu e ela
Na janela."
EMBAÇADA ESPERANÇA
Havia algo triste nos olhos
Olhos perdidos num passado
Que o tempo não conseguiu apagar
Olhos que choram
Coração que sangra
Nas veias o gosto amargo
O amor imposto ao fim
Sem razão de ser
Chove na janela
Lembranças embaraçadas
Dor da saudade
O tempo não passa
E se passa não se vê
Tristes os olhos choram
Como a chuva na janela
Amanhã se faz esperança
Embaçada esperança
Triste solidão
Vida
Agora abro a janela
Arranco a roupa que não me serve mais
Hoje é outro dia
De certo um novo dia para recomeçar
A vida, a vida...
É sempre bem vivida
Por mais que o inoportuno exista.
Vou contornando como a água
Vencendo os obstáculos
A vida, a vida...
Mesmo corroendo as feridas
Há sempre um campo
Para quem quer correr.
Abro a janela
Dou de cara com a vida
Abraço a felicidade
Vou à luta
Lavo a roupa suja
Recomeço, recomeça o dia
Por que a vida, a vida...
É para ser vivida.
...
E se te fecharem todas as portas?
Abra a janela do seu coração e
deixa Deus iluminar a sua vida!
Babhina
Mulheres
Mulheres se trocando na janela.
Que encanto tinham elas,
Hoje não mais. Até na rua
Vê-se partes íntimas de algumas delas.
Moa.
Mãe Teresa.
Quando faltava luz,
Eu buscava tuas pernas,
Agarrando-me com força
Às tuas coxas grossas.
Com as velas acesas,
Deitava em teu colo,
Olhando estrelas e lua
Pela janela aberta.
Enquanto acariciava
Minhas sobrancelhas,
Cantava músicas antigas.
O breu clareava aos poucos,
Aceitando o momento.
Poucas vezes fui tão feliz,
Mesmo sob luz imensa.
Ocaso.
Fim de tarde e a janela aberta,
Fingindo ouvir o falatório vazio,
Imitando cantoria das cigarras.