Poemas de Jaak Bosmans
NEBLINAS
Quando me derramo em sonhos
Apenas percebo ausências que nunca as tive
Busco tocar com as mãos, sombras, cores e amores
Em quase nada relembro você a não ser em lentidões
Tenho manchas em todo o corpo, em cores difíceis de pincelar
Meu amar se tornou rebelde, e meu sorriso apenas espelho
Remarco os preços do passado e liquido tudo sem entradas
Desmancho as estantes das lembranças, recolho o lixo das mágoas
E torno a buscar o travesseiro caído ao chão.
Recosto nele os pés e me abraço a novos tormentos!
Solidão!!!
E em novo sonho me torno barqueiro só pra te levar.
Sem nada no silêncio da incerteza,
Nos encontramos partindo para a outra margem.
Longe!!!!!
Onde ninguém vê quanta ternura, quanto carinho, abraços e beijos.
Porque desaparece o barco,sob a neblina de todo sonho .
Jaak Bosmans 5-5-2008
Gritam sempre lá de baixo
Se em alguns momentos me permito quietude
Busco apenas o silêncio que me transporta
algumas vezes a uma ternura que imagino existência,e,
outras a um mar apenas com reflexos de estrelas.
Transponho a quietude ainda mais
E já não ouço nem mesmo algum pensar
Tudo me eleva e me assusta poder ser tudo que eu imagino.
E sou!
Aqui diante desta quarta feira que me aborrece,
pulo de pedra em pedra, até alcançar o profundo do nada.
Assim me distraio e até perco o sono.
Louco!!! Gritam lá de baixo.
E despenco suavemente no silêncio.
Onde abro os braços e te recebo.
Apenas!
Perdi o espaço entre nós.
Não era distância, não era presença nem ausência
Apenas a essência que derramei sobre o linho puro
E segurei leve as suas mãos.
E assim nos derretemos em grandes rios e nuvens.
Me debrucei para ver tudo lá de baixo,
E nos risos haviam sorrisos,
E apenas uma nota era toda a sinfonia.
Gosto do real, e concorro sempre com ele
Divirto meus dedos nos teclados
Hora escrevendo, hora tocando apenas
A nota que faz a sinfonia.
Jaak 23-01-2007
Das alturas e momentos
Revelo sempre em poucas palavras o som de toda minha angústia .
Descubro novas estrelas sem nem mesmo conhecer o universo.
Apenas o meu....
Copio das cópias originais o belo detalhe rasgado no tecido
Como fonte colorida em versos caídos nos pântanos
Somente em defesa de alguma espécie em extinção!
Nós dois .......
Nos lagos não existem sombras de nada que está submerso
Assim como nada aparece nas lágrimas que ainda posso derramar
Porque hoje me tenho em retratos que ainda não foram revelados.
Por simples falta de minhas saudades!
Por simples falta de nossos encontros!
Permaneço!
Por grandes pequenos momentos!
Que guardo nas alturas.
Só para nós dois!
Jaak Bosmans 13-05-2008
Canção para Ana Luisa
Como te dizer?
Não sei!!!!
Não, não preciso mais falar!!!
Nem mesmo esperar.
Apenas te pensar.
Podendo sentir sempre.
Seu encanto.
Que agora é todo o meu canto!!
Jaak Bosmans
Única razão
Sabes de conhecer saudades?
Sabes de ver-te em tudo?
De colocar colares em torno da lua e pensar que é sempre você?
Não de tirar coelhos de cartolas que é mágica simples,
Mas de me tirar de mim e te entregar o melhor que posso?
Razão estranha essa,
sem nenhuma razão .
A não ser você.
Jaak Bosmans
Dor holística
Das faces que oculto
Só me permito a da dor
Nela encontrei regozijos
Nos olhares e desejos dos que me invejam
Recorro à anestesia, de versos, cantigas e estrelas
Já que podem me suportar sem inveja, e sem carícias
Apenas porque aprendi que
Nossas dores são as mesmas!
Jaak Bosmans 29-05-2008
Sem volta
Em cada compasso
Me seguiam teus passos,
Em valsas bailando em meus braços.
Seguia sem som em planos trocados.
De fundo um sol a se por
Notas que só os pássaros contêm
Em belezas de cintilos nas águas
Apenas com reflexos de nossos passos.
Presença de valsa,
Ausência de chão!
Apenas estrelas, lua ainda nova, e sonoro silêncio.
Assim nos perdemos em alturas, em delícias, sem palavras,
Carinhos e ternura.
Sem valsa.
Sem volta!
Jaak Bosmans 21-05-2008
Cores e gritos
Me encostei na cor fria do entardecer
Enquanto em suculentos gritos
Derramei , em todo o gramado,
Algumas lágrimas que me restavam.
Apenas uma placa
“Proibido pisar na grama”
Jaak Bosmans 13-06-2008
Desprezo!
Porque me fizestes sólido
A ponto de me quebrar?
Porque não me fizestes líquido para saboreares?
Ou mesmo gasoso para que te exalasse perfumes?
Porque?
Onde me esqueci que eras escrava de tanta maldade?
Porque de nuvens fizestes somente raios e vendavais?
Desnuda da tua voraz inocência,
Diverte em quebrar sonhos, desejos e purezas.
Mas a cada lágrima que fizestes derramar,
A cada coração ferido,
Há de se transformar os três estados em apenas um!
A tua solidão!
Jaak Bosmans 21-06-2008
Onde planto
Percorro caminhos de incertezas
Sempre plantando alimentos de paz
Não por acreditar que as armas não me atinjam
Com cada gota de sangue posso regar uma semente
Corro por campos azulados onde nada me detém
Nem mesmo a fúria dos monstros apocalípticos
Deslizo suave sobre as tentativas de me ferirem
Porque em cada nova paisagem encontro minh’alma
Ela nunca se perde e me conduz para um abraço
Um carinho, uma ternura, um sempre transparente
Gosto de toda essa vida,
Onde cada cicatriz é sempre uma bela melodia
Um poema, e teu retrato!
Jaak Bosmans 19-06-2008
Shangrilá!
Como reflexo apenas completo o complexo de sempre ser incompleto.
Não busco mariscos entre as algas que me despenteiam!
Apenas respiro fundo e me afogo cada vez mais no oceano de mil sonhos!
Te busco em qualquer mergulho mesmo no triângulo das bermudas!
Apenas porque te encontro no mais escondido e misterioso de mim!
Galgo o Everest sem frio e sem temor, porque só no alto posso te encontrar.
Ali,bem embaixo do meu corpo!
Rebusco novas trilhas e caminhos e relembro horizontes perdidos.
Arremesso minhas mãos sobre as plumas brancas da neve.
E num grito de mil e um ecos escuto a resposta de nossa aventura!
Aqui é Shangrilá!
Jaak Bosmans
A Verdadeira Cor da Paz
Até que enfim o azul.
Do mar ou do céu, não importa.
É o azul da paz, que enganosamente
dizem que é branca.
Não há mais como recuar do disparo,
já alcançando os nossos corações,
na plenitude do azul.
Um
Em curtos e suaves acordes
Despenquei em cenas lentas para te abraçar
Amar, amor de carícias, ternuras e sonhos.
Foste apenas passagem em vendaval,
Quando me protegi de seus golpes cruéis.
Implacáveis e assustadores.
Hoje recebo a brisa suave de mãos que me querem
Me recolhendo nos seus braços em ternos abraços
Me fazendo em versos e numa nova e suave canção.
Em breves e etenos sussurros
Trocamos prazeres no toque dos corpos,
Sentidos no encontro de uma só alma.
Nos nossos aconteceres reais e fieis
Tecemos luares, brincamos fantasias
Nos permitindo loucuras de todo um viver só nosso.
Não nos afasta nenhuma distância.
Porque delas nos fazemos mais perto.
Sempre na direção do sermos sempre juntos.
Nos encontramos quebrados e abandonados em dores,
Dos amores que acreditamos ser.
E no calor de tantos abraços, derretemos os nossos pedaços,
E nos fizemos de tudo, um!
Jaak Bosmans 24 -05 -09
Atelier dos inacabados
Perfeita foste, no aroma de perfumes e aquarelas
Onde cada beijo nos pertencia em odores e desejos
Para em invisíveis telas te refazer dos momentos
Vividos num passado triste de apenas rascunho.
Pincelei em traços inquietantes e imaginários,
Sempre o alvorecer de mais ternuras e sabores.
Renovando a cada aurora o real de nossos sonhos,
Sempre sublimes ,num exalar de mais perfumes.
Mas na tua inconstante beleza inacabada e fugidia,
Deste preferência ao rascunho do teu passado.
Teu perfume e cores vivas me abandonaram
Diante da tela invisível de mais um puro engano.
Tarde percebi tua outra face, e não contive lágrimas,
Que caiam suave sobre o retrato pintado.
E mesmo em constantes e delicados retoques,
Não alcancei mais o nosso primeiro alvorecer.
Ficou assim, no velho atelier dos inacabados
Apenas o aroma se evaporando sem cores
Em pincéis e tintas endurecidos pelo tempo,
Dos sonhos em rabiscos incolores.
E a entrada suave da luz do último alvorecer
Anunciou solene em toque de recolher
Todos os sonhos, desejos e prazeres
Expostos agora na galeria dos inacabados.
Jaak Bosmans 31-05-09
Encontro sonhado
As costuras de nossos encontros não suportam mais tantas agulhas e linhas fracas,
Segurei o tempo com o cerzir de ternuras e só recebi remendos de dissabores.
Alinhavado por poesias e imagens, canções e recordações já rasgadas.
Volto sozinho e me fecho agora, com todos os botões e zippers, e me guardo.
Ainda tenho novos retroses que me tecerão no mais belo bordado.
Assim estarei vestindo suavidade e carícias no perfeito encontro sonhado.
Jaak Bosmans 14-05-09
Desvendar – te a mulher.
Percorro em deslizantes carícias
Teu perfil -silhueta, em noite da grande lua
Deitados em lençóis de perfeitas ondulações
Bordados com brilhos abissais, em cenário de prata.
Momento -silêncio de música etérea
Escuto o perfeito encanto do teu desejo.
É pequeno, suave e tímido, o toque de teus pés
Num acolher que me faz sentir que me queres teu.
Percorres ainda em pequenos delírios
Em desejo ardente de ser mulher
Buscando meus segredos desvendar
Sem abrir a guarda, de teus contidos recatos.
Se refazem sabores dos perdidos inícios
Nos lençóis já em dobras menores
Onde os corpos já desnudos se bordam entre si
Na busca do que se torna apenas outro ensaio.
Desejos contidos pelas velhas lembranças,
Se revelam num súbito desfazer de algumas carícias
E no inquieto e incontido sentir-se mulher
Ainda escondes o desvendar – te inteira.
Sufocas em beijos teus sussurros de esperado prazer,
Que no mais perfeito entrelaçar de nossos corpos,
Te retesas e te entregas no mais doce e perfeito delírio,
Quando enfim te fazes mulher naquele que é teu homem.
Jaak Bosmans 04-06-09