Poemas de Jaak Bosmans
Para Magali
Te busquei em alturas
procurei em superfícies
te encontrei afinal
no mais profundo de mim!
Sentido da seta!
Término da vida!
Sentido de uma seta que
Aponta para baixo
Para os lados
Nunca para cima
Onde possa alcançar
Manuscritos do aMar Morto!
3-3-2008
NEBLINAS
Quando me derramo em sonhos
Apenas percebo ausências que nunca as tive
Busco tocar com as mãos, sombras, cores e amores
Em quase nada relembro você a não ser em lentidões
Tenho manchas em todo o corpo, em cores difíceis de pincelar
Meu amar se tornou rebelde, e meu sorriso apenas espelho
Remarco os preços do passado e liquido tudo sem entradas
Desmancho as estantes das lembranças, recolho o lixo das mágoas
E torno a buscar o travesseiro caído ao chão.
Recosto nele os pés e me abraço a novos tormentos!
Solidão!!!
E em novo sonho me torno barqueiro só pra te levar.
Sem nada no silêncio da incerteza,
Nos encontramos partindo para a outra margem.
Longe!!!!!
Onde ninguém vê quanta ternura, quanto carinho, abraços e beijos.
Porque desaparece o barco,sob a neblina de todo sonho .
Jaak Bosmans 5-5-2008
Gritam sempre lá de baixo
Se em alguns momentos me permito quietude
Busco apenas o silêncio que me transporta
algumas vezes a uma ternura que imagino existência,e,
outras a um mar apenas com reflexos de estrelas.
Transponho a quietude ainda mais
E já não ouço nem mesmo algum pensar
Tudo me eleva e me assusta poder ser tudo que eu imagino.
E sou!
Aqui diante desta quarta feira que me aborrece,
pulo de pedra em pedra, até alcançar o profundo do nada.
Assim me distraio e até perco o sono.
Louco!!! Gritam lá de baixo.
E despenco suavemente no silêncio.
Onde abro os braços e te recebo.
Apenas!
Perdi o espaço entre nós.
Não era distância, não era presença nem ausência
Apenas a essência que derramei sobre o linho puro
E segurei leve as suas mãos.
E assim nos derretemos em grandes rios e nuvens.
Me debrucei para ver tudo lá de baixo,
E nos risos haviam sorrisos,
E apenas uma nota era toda a sinfonia.
Gosto do real, e concorro sempre com ele
Divirto meus dedos nos teclados
Hora escrevendo, hora tocando apenas
A nota que faz a sinfonia.
Jaak 23-01-2007
Das alturas e momentos
Revelo sempre em poucas palavras o som de toda minha angústia .
Descubro novas estrelas sem nem mesmo conhecer o universo.
Apenas o meu....
Copio das cópias originais o belo detalhe rasgado no tecido
Como fonte colorida em versos caídos nos pântanos
Somente em defesa de alguma espécie em extinção!
Nós dois .......
Nos lagos não existem sombras de nada que está submerso
Assim como nada aparece nas lágrimas que ainda posso derramar
Porque hoje me tenho em retratos que ainda não foram revelados.
Por simples falta de minhas saudades!
Por simples falta de nossos encontros!
Permaneço!
Por grandes pequenos momentos!
Que guardo nas alturas.
Só para nós dois!
Jaak Bosmans 13-05-2008
Canção para Ana Luisa
Como te dizer?
Não sei!!!!
Não, não preciso mais falar!!!
Nem mesmo esperar.
Apenas te pensar.
Podendo sentir sempre.
Seu encanto.
Que agora é todo o meu canto!!
Jaak Bosmans
Única razão
Sabes de conhecer saudades?
Sabes de ver-te em tudo?
De colocar colares em torno da lua e pensar que é sempre você?
Não de tirar coelhos de cartolas que é mágica simples,
Mas de me tirar de mim e te entregar o melhor que posso?
Razão estranha essa,
sem nenhuma razão .
A não ser você.
Jaak Bosmans
Dor holística
Das faces que oculto
Só me permito a da dor
Nela encontrei regozijos
Nos olhares e desejos dos que me invejam
Recorro à anestesia, de versos, cantigas e estrelas
Já que podem me suportar sem inveja, e sem carícias
Apenas porque aprendi que
Nossas dores são as mesmas!
Jaak Bosmans 29-05-2008
Sem volta
Em cada compasso
Me seguiam teus passos,
Em valsas bailando em meus braços.
Seguia sem som em planos trocados.
De fundo um sol a se por
Notas que só os pássaros contêm
Em belezas de cintilos nas águas
Apenas com reflexos de nossos passos.
Presença de valsa,
Ausência de chão!
Apenas estrelas, lua ainda nova, e sonoro silêncio.
Assim nos perdemos em alturas, em delícias, sem palavras,
Carinhos e ternura.
Sem valsa.
Sem volta!
Jaak Bosmans 21-05-2008
Cores e gritos
Me encostei na cor fria do entardecer
Enquanto em suculentos gritos
Derramei , em todo o gramado,
Algumas lágrimas que me restavam.
Apenas uma placa
“Proibido pisar na grama”
Jaak Bosmans 13-06-2008
Desprezo!
Porque me fizestes sólido
A ponto de me quebrar?
Porque não me fizestes líquido para saboreares?
Ou mesmo gasoso para que te exalasse perfumes?
Porque?
Onde me esqueci que eras escrava de tanta maldade?
Porque de nuvens fizestes somente raios e vendavais?
Desnuda da tua voraz inocência,
Diverte em quebrar sonhos, desejos e purezas.
Mas a cada lágrima que fizestes derramar,
A cada coração ferido,
Há de se transformar os três estados em apenas um!
A tua solidão!
Jaak Bosmans 21-06-2008
Onde planto
Percorro caminhos de incertezas
Sempre plantando alimentos de paz
Não por acreditar que as armas não me atinjam
Com cada gota de sangue posso regar uma semente
Corro por campos azulados onde nada me detém
Nem mesmo a fúria dos monstros apocalípticos
Deslizo suave sobre as tentativas de me ferirem
Porque em cada nova paisagem encontro minh’alma
Ela nunca se perde e me conduz para um abraço
Um carinho, uma ternura, um sempre transparente
Gosto de toda essa vida,
Onde cada cicatriz é sempre uma bela melodia
Um poema, e teu retrato!
Jaak Bosmans 19-06-2008
Shangrilá!
Como reflexo apenas completo o complexo de sempre ser incompleto.
Não busco mariscos entre as algas que me despenteiam!
Apenas respiro fundo e me afogo cada vez mais no oceano de mil sonhos!
Te busco em qualquer mergulho mesmo no triângulo das bermudas!
Apenas porque te encontro no mais escondido e misterioso de mim!
Galgo o Everest sem frio e sem temor, porque só no alto posso te encontrar.
Ali,bem embaixo do meu corpo!
Rebusco novas trilhas e caminhos e relembro horizontes perdidos.
Arremesso minhas mãos sobre as plumas brancas da neve.
E num grito de mil e um ecos escuto a resposta de nossa aventura!
Aqui é Shangrilá!
Jaak Bosmans
A Verdadeira Cor da Paz
Até que enfim o azul.
Do mar ou do céu, não importa.
É o azul da paz, que enganosamente
dizem que é branca.
Não há mais como recuar do disparo,
já alcançando os nossos corações,
na plenitude do azul.
Deformação Cósmica
De tudo que resta em espaços,
Um profundo e raso poço de saudades
faz-se alvo para tantas amarguras.
Tenho só estrelas como testemunhas.
Quebrei todos os cantos e perfurei apenas os vazios.
Luas douradas me enchem de sorrisos.
Estrelas decadentes de um céu, apenas como cenário,
que se desmancha e retorna ao encanto quebrado.
Te vejo dançante entre nebulosas mas teu vestido é de pedra
Me estreito na doçura que tinhas, e como amargo te sinto agora
Deixastes rastos perfumados, apenas como rastos
Mas todo o infinito se finda e como passagem
são apenas galáxias de vaidades vãs.
Jaak Bosmans
Traição e recortes
Em senhas perdidas pelo guerreiro
Pelas palavras doces e beijos cruéis
Cavei com minhas mãos
Meu maior e mais dolorido cristal
Eram recortes em paisagens
Tropeços e quedas nas areias escaldantes
Não como em filmes épicos ou marginais
Mas em verdades que variavam entre a criatura
E seu cristal quebrado!
Simples engano!
Jaak Bosmans
Harpas
De tudo que conheço
Nada mais puro e íngreme que a altura de tua alma
Nada mais esquivo que as lembranças que não se fizeram
Perguntaria apenas se me existo.
Na noite das grandes luas
Tenho como companhia o uivar de cores berrantes
E as chamadas pastéis, não me satisfazem a fome
Ouço mais suave a cor de tua alegria.
De tudo que reconheço
Ainda me falta o ar puro do seu arfar
ao tocar leve as cordas de uma harpa eólica.
Ventos uivantes!
Caminho sempre em círculos
Evitando ângulos que possam distorcer minha visão.
Antes certo de ser o centro de algum alvo.
Tudo,porque tudo desconheço!
Jaak Bosmans 7-5-2008