Poemas de Jaak Bosmans

Cerca de 143 poemas de Jaak Bosmans

Divã

-Então?
- É um sonho que me persegue Doutor
- Hum!
- O mesmo sonho Doutor, que me persegue.
- Hum!!
- Doutor, esse sonho não para de me perseguir.
- Hum hum!
- Esse sonho continua a me perseguir Doutor.
- Hummmm!
- Doutor, é ele, o sonho que me persegue.
- Hum!
........
- Deu certo Doutor! Deu certo!!!!!!!!!
- Hum????
- Agora, sou eu é quem persigo o sonho!!!!!!!
- Então?

Inserida por JaakBosmans

Poema aos meus inimigos

Comecei debruçado sobre uma grande bola achatada nos seus extremos
Tombada em seu próprio eixo
Ás vezes iluminada, outras numa grande escuridão.
À medida que crescia me parecia ser cada vez menor dentro desta bola.
Amava sem medidas, corria pelos campos.
Brincava com ecos que me respondiam sempre a mesma coisa.
Sabia que era assim.
Apenas repetições.
Me desencontrei em vários encontros e me perdi em estradas sem fim.
Conheço lugares, gente e pessoas.
Me reconheço mesmo nas fotos antigas, onde só passou um pedaço de mim.
Tenho queixas dos meus inimigos.
Gosto deles!Eles só não sabem, porque são meus inimigos.
E olhando esta gaveta aberta, com traças, perfumes e chinelo, estou apenas procurando.
As pessoas que eu perdi no tempo, debruçado nesta grande bola chata.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Branco.

Tingiu-o o tempo.
Tingiu-o sonhos interrompidos.
Tingiu-o a neve do coração gélido
De um amor que me traiu.

Tento ainda traços coloridos.
Cores fortes, como os músculos da esperança.
Nos cabelos de um velho jovem.
Que ainda sonha que foi só um sonho.

Jaak Bosmans
27-10-2008

Inserida por JaakBosmans

Conhecer coisas é ser culto...
Conhecer os outros é ser sábio...
Conhecer a si próprio é ser esclarecido!
Por isso sou uma realidade virtual e imaginária. A mais concreta possível.
Às vezes me confundo comigo mesmo.Isto é enigmático mas faz bem para minha pele.Só tenho saudades do futuro.
Gosto de estar sentado, deitado ,em pé, mas nunca caído. Prefiro ser uma versão de primeira categoria de mim mesmo, a ser uma versão de segunda categoria de outra pessoa. Sobre ser ou não ser velho prefiro dizer que velhice é só uma questão de tempo, e eu nunca tive tempo pra esta coisa. Sou circular em pensamentos mas, bastante espiralado no sentido semiótico da vivência. Me encontro em cantos,cântaros e no meu recanto,de onde crio um mundo invisível,e aqui brinco de alegrias. Pulo muros,acordo mais cedo só pra ver ainda os dois eternos namorados se despedindo:o sol e a lua. Sou um,às vezes me diluo,ou me multiplico,conforme as palavras que posso ouvir,escrever e desenhar.Mas prefiro sempre o barulho do estilhaçar de um arco-iris.Bonito demaaaaaaaaaaais.Quem sou eu? Muitos me conhecem, mas poucos sabem de mim. É uma questão de exuberância líquida e vaporosa,nunca sólido,pois este é um estado que se espedaça com facilidade!Fui o que não sou mais e não serei o que sou agora.Apenas gosto de jogar pedras em lagoas, olhar para o céu, e me despir para tomar banho.Sou um clone de mim mesmo espirro alto.Tudo em mim é extremamente coerente, até quando ando de bike ou faço de conta que não te vejo no shopping.Recordo sempre das pessoas que nunca vi e minha lembrança nunca falha.
Quem sou? Porque preciso ser?

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Ébrio


Em passos largos ainda tenho
A velocidade da estagnação
Ainda que, de longe venho
Permaneço ébrio na lucidez do coração

Inserida por JaakBosmans

Ópera dos interior.

Começam os acordes do velho acordeão,
Em leque que brinca de abre e fecha.
Entra junto, a melodia simples da rabeca.
Que chora feliz fora do ombro.

Nesse momento se inicia a ópera em uivos tristes.
Da terrível dor, que faz o “tíu” latir.

Falta ritmo! Falta um batido.
E começa escondido o ritmo proibido
De um triângulo amoroso.
Ela, ele e ele; e às vezes ele, ela e ela.

Assim a dança começa,
Sem ter hora de nunca acabar.

Apeia do cavalo o coronel
Que manda calar o “tíu”.
Aos pouco o ritmo diminui.
Separando aqueles vértices.

Acordeão e rabeca,
Isto é casal comum.
Não dá dança, e acaba a festa.

Jaak Bosmans 2 -11- 2008

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"Da prata liberdade"

Folhas prata da embaúba
Em meio ao verde de toda a mata
Gritam chuva.

Minha prata interior também grita.
Liberdade.

Embaúba prata é folha é mata.
Recebe chuva e desfolha.
Liberdade.

Começo de paisagens.
Primaveras repetidas, nunca iguais.

Na mesma busca que tenho em mim.
De gritos presos, silêncio e mata.

Diferentes amores, primaveras e pratas.


Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Caminho familiar

Pesado elo entre o sonho e a realidade.
De impor felicidades

De querer apenas em simples pensar.
Abandono de lares imperfeitos.

Só posso te ver em saudades.
Através das grades da prisão de que me fiz.

Noite de grandes luas.
Pequenos gritos de guerra vencida.

Grandes sabores de beijos crus.
Apenas cozidos no mel da amargura.

Só vozes cruéis me embalaram.
Inesquecível noite de dezembro.

Que do filho amado ouvi gritar.
Que algemas colocassem em seu pai.

Com crueldade e sem perdão.
Noite de pesados elos desfeitos.

Jaak Bosmans
7-11-2008

Inserida por JaakBosmans

Não sei se o que escrevo é tão poético.
Procuro apenas decifrar as angústias e as esperanças que me calam.


Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Alegra-te

Alegra-te.
Muito perto já se encontram lugares.
Mágicos e estrelares.
Banhados de luares.
Sortes que se presenteiam com beijos
Carinhos e ternura.
Sempre na corredeira de um manso rio.
Onde pesco apenas esperanças.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Deslizando céus

Esperei pela nuvem maior
Num bater forte do coração
Entre águias, céus e azuis,
Surfei equilibrado na prancha da saudade.
Do outro lado, em redemoinhos de nimbos
Te via sorrindo e de braços abertos.
Gritavas em puro e suave silêncio.
-vem, vem, meu grande amor.
E deslizei respingado de gotas dos céus
Até ou teus braços, teus lábios, nossa aventura.

Jaak Bosmans 30-11-2008

Inserida por JaakBosmans

Te esperando

Giro no sentido contrário de quem passa o tempo.
porque só assim, posso permanecer fiel ao tempo que volta.
Nas fotografias ainda em negativos, que se revelam na química do que sei de amor.
Em ternuras, e no brando e suave tocar-te, me aconchego.
Vens de longe em púrpura carruagem, que te traz.
Corro pelos campos em pureza de alegrias.
Abro os braços, como surpresa para de te receber.

Passaste.

Jaak Bosmans 24 – 11 -2008

Inserida por JaakBosmans

Caminho certo.

Amor incontido é
Como bala perdida.
Expressa um caminho
De somente encontrar
Amor escondido e
Silêncios de dor.

A bala partiu.
Quebrando o encanto.
Sem volta, sem cores.
Apenas revolta.
Do amor incontido,
Que a bala matou.

Encanto quebrado, no
Retorno das dores.
Em perdidos recantos.
De vivos encontros.
Bala perdida é
Amor repetido.

Jaak Bosmans 8-12-08

Inserida por JaakBosmans

Alma que ama

Você se torna parte de mim
quando sinto que meu coração bate diferente com suas palavras,
mesmo no silêncio.
Busco não acreditar que em amanheceres chuvosos ou ensolarados,
você ainda pode me estender a mão.
Não como anjo etéreo e suave,
mas como alma que ama!
E que me surpreende a cada instante
com sua maneira de ser e de não ser.

Jaak Bosmans

Inserida por JaakBosmans

Cinecittà e os quadros por segundo.

Dentro dos meus olhos existem muitos espelhos.
Cada um deles reflete uma história.
Aquelas da infância ensolarada em dias de chuva.
Outras dos medos reais e irreais.
Muitas sem começo e sem final – arrancaram as páginas –
Assombrosas e alegres, sonhos e pesadelos.
Só como histórias que me fizeram,
Balanço entre inícios e finais de histórias inacabadas.
Tendo sempre um você que apenas fecha os livros.
Recomeço.
Porque meus olhos apenas piscam e os espelhos se refazem.
Novos reflexos
Novas histórias

Jaak Bosmans 8-12-08

Inserida por JaakBosmans

Sou

Sou aquela pequena explosão estrelar
Multicolorida aos teus olhos ingênuos
Multi dolorido pelos sonhos desfeitos.

Sou a estrela cadente que alegra os teus desejos
Decadente em cada lágrima que te fiz derramar
Deslizando sem rumo na infinita escuridão.

Sou feito de brinquedos verdadeiros
Perfeito nos gestos desastrosos
De todos os dias que ainda me restam.

Sou todas as cores vivas já desbotadas.
Revelando apenas o branco de meus desejos
E o negro dos teus nobres despejos.

Sou ainda um pouco de esperança
De poder te encontrar numa dança
De novos acordes, ritmos perdidos

E a melodia que sou!

Jaak Bosmans 14-12-08

Inserida por JaakBosmans

Pássaro ferido!

Faz bem calar frente às dúvidas
Sofrer todas as vezes que se tornam constantes.
Perdido em desencantos, ilusões e majestades.

Não me encanto com palavras escolhidas,
Prefiro os versos perdidos do silêncio.
Que me sangram em total prazer.

Que culpa tenho?

Percorro com vigor e qualquer coragem
Os campos onde posso correr em desalinhos
Em busca dos encontros reais

Raridades que em cantos solenes
Não se entregam à perversidade das almas.
Apenas ao sorriso leve, que sobrevoa sinceridades.

Que plumas tens?

E em direção ao arco-iris
Num único e derradeiro vôo
Atravesso por todas as suas cores.

Ali me tinjo apenas do branco.
Podendo ser paz, podendo ser nada.
Mas na certeza que contenho todas as cores.

Que liberdade!

Jaak Bosmans 16 -12-08

Inserida por JaakBosmans

Capas

Mais que os presentes
A mim encanta seus embrulhos.
Caixas e papéis me divertem muito mais.
Seus brilhos, cordinhas e fitas têm sempre seus encantos.
Nem se importam se é festa.
Os adultos ali nem mexem.
Com eles sempre podemos brincar!
Rasgar, amassar, depois jogar fora.
Faz parte da brincadeira.
São apenas capas.
Como nós.

Jaak Bosmans 26-12-08

Inserida por JaakBosmans

Perpétuo

Caminho por lugares vastos
Onde ouço apenas o arfar dos rochedos
Ali, onde a liberdade se fixa
Porque qualquer movimento é prisão.

As cadeias fortes das cordilheiras.
Algemam no seu ventre qualquer neblina.
Apenas a presença forte de qualquer sol,
Derrete e a liberta antes da condenação.

E do sêmen deste calor e liberdade
Rompe-se em nova aurora
Do fecundo e perpétuo grito
Um movimento, ainda que foragido.

Quietude da escravidão dos ventos.
Retorna aos mares a porção líquida e menor
Que se fez liberto de toda essa corrente:
A criatura, o criador e muita dor!

Jaak Bosmans 31-12-08

Inserida por JaakBosmans

Desaparecer do dia

Foi no primeiro desaparecer do dia
Que com ternura e sonhos de aventura
Te abracei nas matizes que se fizeram em cores.

Olhei sereno o tempo e o espaço que se fundiram,
Num silêncio perfeito para a criação de um Éden.
Te criei em tanta beleza, que somente ali me permiti sorrir.

Correste ao encontro do mais perfeito jardim.
Colorindo as flores, fazendo cantar os pássaros, atrasando o tempo.
E no suave tocar de tuas mãos me fizeste sentir os teus desejos.

A todos satisfiz, porque a todos te pertenci.
E, em retorno pelo tempo e no espaço,
Ficaste ainda, no último desaparecer do dia.

Jaak Bosmans 1-1-09

Inserida por JaakBosmans