Poemas de Jaak Bosmans
"Com o tempo aprendemos que podemos abrir nosso coração para algumas pessoas, mas para desfiá-lo, só para poucas."
Dimensão
Quase chegando ao fim!
De toda uma aventura bastante exaustiva.
Mas nunca longe de você.
Simples assim.
Incompreensível ,quase nunca.
Mas flutuante na escala de mais uma nova dimensão.
Aquela, que nos faz persistente e desarmado
Sabendo que nosso tempo é mais "kairos" do que "kronos"
E assim poder gritar bem sussurrado:
eu amo.
"Realeza em pedaços"
Pedaços nobres de mim
Cortados em fatias finas e transparentes
Para que me degustem os corvos reais
E mantenham viva a realeza dos meus sonhos.
Pedaços de sonhos apaixonantes
Derramados em noites frias e sem estrelas.
Nas torres que habitam meus corvos
O reinado se perpetua em belos cantos.
Nas melodias,
Acordes em harmonias e amanheceres
Pedaços do ritmo que se desencontram,
Perdidos na travessia de qualquer Tamisa.
Jaak Bosmans
14–11-2008
LUGARES
Lugares são perfeitos.
Ali nos encontramos.
Lugares áridos, campinas, mares e montanhas.
Lugares recebem sempre os encontros.
E deles fazem novos encantos.
Se movem em danças, marcadas pelo ritmo dos encontros.
Corações acelerados, almas silenciosas e ternuras em chamas.
Lugares nunca se desfazem.
São eternos, são lembranças.
E nenhum desencontro jamais consegue destruir lugares!
Porque lugares só existem em corações apaixonados.
Estações
(ler ouvindo as “quatro estações” de Vivaldi)
Minha realidade sempre se transforma em sonhos.
Em tuas mãos suaves carregas minhas alegrias.
No brilho dos teus olhos sobrevoam gaivotas.
No sentir de teus dançares me retorço em chamas,
Me persigo em bandos e te abraço em solidão.
Minha realidade sempre se esconde em mim.
Ainda assim me esperas nas estações.
Dos invernos às primaveras percorres meu corpo.
Estendes teus braços sem nunca me alcançar!
Me repito em prantos, risos e pratos rasos.
Finais de outonos, ensaios de verão, vulcão em erupção.
Deixa que tudo não aconteça e espera pela realidade.
É quando nossos beijos se repartem em brilhos e se multiplicam.
Permanecendo imóvel o vai e vem das ondas do mar!
Minha realidade se parece muito com você!
Obs. Se for disco vinil, recite mais uma vez!
Jaak bosmans 19-12-2008
A você!
Não te conheço.
Apenas te sei.
Nunca te toquei,
Mas te sinto.
Jamais ouvi tua voz,
Sempre te escuto.
Tenho sempre dúvidas,
Da certeza que existes.
Somente esta dúvida
É toda a minha certeza.
Gosto de te ver assim.
Espelhada na nudez dos sentimentos.
É ali que ternuras amores e desejos
Refletem apenas o que interessa.
Jaak Bosmans
Nossos caminhos
Passei a guardar meus passos
A negar conhecer teus caminhos
Onde as pedras que nele existem
Se desmancham no prazer da minha dor.
Olho sempre em teu rosto sereno
Que espera sempre pelo meu primeiro passo.
Dado em perfeito desequilíbrio
Para que me ampares no teu abraço
Num frescor ardente e gélido é tudo passageiro.
Voltei a caminhar em compassos novos,
Te abraçando com todo o equilíbrio.
Em medidas sem medidas que agora te desejo,
Em perfeito estado de loucura.
Perdido entre caminhos que não os teus,
São meus os lugares reservados para te abraçar.
E ali, em pleno flutuar de prazeres,
Podemos nos sentir inteiros, loucos e verdadeiros.
Num frescor ardente e gélido é tudo passageiro.
Jaak Bosmans
Amante e amado
Na penumbra um corpo doente
Separado por espaços e tempos
Espera ainda ser amante e ser amado.
Ainda há marcas de desencantos
E o pequeno sorrir de uma esperança.
Vê pela janela sombras que desenham
Os corpos de seus desejos.
Percebe toda sua vida ainda a ser vivida
Com brilho nos olhos e coração parando.
Em gritos majestosos, choro e alegria,
Conquistou para sempre,
O seu ser amante e o seu ser amado.
Com os remendos feitos e costurados entre os dois,
Num só corpo dormente, estendido em nuvens,
Que passam e se desmancham.
Jaak Bosmans 13-01-09
Essência de mim
Permaneço no sentido abstrato da existência.
Gosto apenas do simples sofisticado.
Isso requer elegância.
Isso exige delicadeza.
O que me torna único,
e só.
Jaak Bosmans
"Cavalo alado"
As noites são mágicas que pertencem apenas aos olhos do coração!!!
Se sou espectador nunca faria mágicas!
Mas me confundo!!!
E sou às vezes a própria mágica!
E apenas me desintegro!
"Alegre desconhecido"
Apenas a beleza me conduz
E como provérbio grego:
"coisa difícil é o belo!"
Me amparo no calor e no frio,
na busca do que sei nunca encontrar!
Sempre na dor, na cor, nos confins de todo começo.
Aqui se torna mais longe o meu retorno
Porque em choro silencioso escondo lágrimas.
Tormentos em faces de alegrias!
Enquanto dormem, faço versos!
Sempre na dor, na cor, nos confins de todo começo.
Busco lugares, destroços, e rios!
Pinto todos de cores pálidas e depois rasgo!
Caminho entre o tempo e escorrego pelo espaço.
E encontro o desolar da solidão.
Sempre na dor, na cor, nos confins de todo começo.
"Flores" (título bem bobinho mesmo)
Gotejei cada pedaço de mim
Em refrescar apenas a dor
Que a cada momento se desfazia em nuvens
No rasgar entre o brilho que me tinham flores
Não por razão perdida, louca, ou falta de razão
Desci pelas escadas laterais da minha amargura
De onde podia gritar o lamento do que não existiu
Em jogos de cartas ou dados, sempre perdi meu horizonte
Joguei até o último pedaço de mim
Refrescando toda a minha dor
Que nas flores tinham gotas!
II Ato
um quadro na parede pintado incrustado
um quadro pintado incrustado na parede
um quadro incrustado pintado na parede
na parede um quadro pintado incrustado
na parede incrustado um quadro pintado
na parede pintado um quadro incrustado
incrustado pintado um quadro na parede
incrustado na parede um quadro pintado
incrustado pintado na parede um quadro
pintado na parede um quadro incrustado
pintado incrustado na parede um quadro
pintado incrustado um quadro na parede
Na procura de nada
Permita que eu seja louco nos meus dizeres
Incógnito nas minhas decisões
Permita que eu possa ter a coragem que sempre te falta,
Caminhar estradas que eu mesmo construí.
Aceite ou não o convite de vir comigo.
Mas jamais exija qualquer espera.
Na próxima curva podes não me ver mais.
Vou correr novas paisagens,
Novos encontros e desencontros com ninguém.
Fazer de mim o louco perdido na procura de nada.
Acreditando que a vida pode ser assim.
Apenas sonhada.
Jaak Bosmans 6-06-09
Conquista circense
Entre rugidos e lonas suspensas, lá estava o circo montado.
Arrastado pelos ventos contrários aos teus fugazes desejos
Persegui-te em saltos mortais nas alturas dos trapézios
Contorci-me a caber-me inteiro em teu irrevelável interior
Pouca luz, rufar dos tambores, avisam silêncio e suspense
Lâmina afiada separou-te em metades que se refizeram em meu inteiro
Equilibrei-me com vendas e guarda sol em cordas bambas e monociclos
Palhacei-me para os sorrisos ingênuos e puros na criança de todos nós.
Expelido entre fumaça saí em tua direção como homem bala sem sabor
Caindo sempre em redes tecidas por pescadores de sereias e sonhos
Corri ainda no picadeiro de tantas agonias e pesadelos.
Onde me equilibrei em cavalgadas aladas entre estrelas e satélites.
Em veloz e ruidoso show, repeti sempre o mesmo trajeto
Onde a vida só existe como espetáculo, no mesmo globo da morte.
Conquistei-te pela mágica do desfilar dos finos lenços multicores
Que lançados aos céus, se transformaram em suave e alva paz.
Na apertada malha de tantos brilhos esperou-me o cume da pirâmide
Onde pousei sob o olhar da tua bela e misteriosa esfinge.
Fiz bailar com doçura os elefantes do teu amargo passado
E como último e anunciado impossível de todo o espetáculo
Enfrentei a fera indomável da tua beleza selvagem
Com o requinte que me fez domar-te com carícias e sussurros.
Jaak Bosmans
Suíte quebra – nós.
Uma suíte para nós dois
Apenas para nós dois.
Harmonia e melodia
Para os nossos corações.
Uma suíte alegre
Com peças bem colocadas
Com ritmo de alegria
Num estalar de nozes.
Quebrando o gelo com os corpos
Doçura, no paladar de cada beijo.
Jaak Bosmans -14 – 10 - 2008
Natureza viva
Caminho por lugares vastos,
Onde ouço apenas o arfar dos rochedos
Ali se fixa a liberdade,
Porque movimentos são prisões
E as cadeias fortes das cordilheiras,
Prendem toda a neblina no seu ventre.
Apenas a presença daquele sol,
Derrete e liberta muito antes da condenação.