Poemas sobre idosos (versos de reflexão e homenagem)

Equipe editorial do Pensador
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Criado e revisado pelos nossos editores

Sentido da vida

Sinto…
Observo um caminhar lento
Inseguro, displicente, 
que um dia já se manteve firme,
determinado, capaz de
enfrentar o mundo.

Sinto…
Ouço palavras balbuciadas, dificultosas,
contarem histórias que
fazem rir, chorar, contrariar, emocionar,
mas que, um dia, foram dose certa de amor,
esperança, continuidade.

Sinto…
Entendo naquele olhar distante
saudades de tempos
que não voltam e experiências
que se eternizam dentro desse olhar.

Sinto…
Recebo o abraço tímido
sem força física,
mas que já foi fortaleza,
única fonte de segurança
para um outro alguém.

Sinto, observo, ouço, entendo…
Recebo o José, a Maria…
O que é o idoso? 
O que é a idosa? 

É a vida de muitas manhãs,
inúmeras noites,
infinidade de emoções,
de trajetos insistentes e corajosos
que os fizeram chegar até aqui
para que eu pudesse observar,
ouvir, entender, receber e sentir
a vida de verdade!

Margareth Santos

Um dia quando for velhinho

Um dia quando for idoso,
quero poder olhar para trás,
e sentir-me muito orgulhoso, 
saber que fiz o que fui capaz.

Quero poder ter a certeza,
que fui  um homem direito,
e no intimo da minha natureza,
poder dizer "fui quase perfeito".

Um dia quando for velhinho,
quero recordar tudo o que fiz
e poder sentar-me sozinho,
pensar como fui muito feliz. 

Quero poder ter a certeza
que minha vida não foi em vão,
para poder acabar em beleza,
sem ter vivido em solidão.

José Couto

Poema do idoso

Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me.
Se minha audição não é boa e tenho de me esforçar para ouvir o que você está dizendo, procure me entender.
Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento escasso, ajude-me com paciência.
Se minha mão treme e derrubo comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tentei fazer o que pude.
Se você me encontra na rua, não faça de conta que não me viu. Pare pra conversar comigo. Sinto-me  só.
Se você, na sua sensibilidade, me ver triste e só, simplesmente partilhe comigo um sorriso e seja solidário.
Se lhe contei pela terceira vez a mesma história num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me.
Se me comporto como criança, cerque-me de carinho.
Se estou com medo da morte e tento negá-la, por favor, ajude-me na preparação para o adeus.

Maciel Alves Guimarães da Silva

Saudação aos idosos

Quando passo pela praça,
Eu os vejo cheios de graça,
Esparramados pelos bancos,
Quais ervas pelos campos,
Em grupos ou solitários,
Dando vida ao cenário.

Alguns, tendo o papel cumprido,
Desfrutam do prêmio merecido,
Outros, pelo trato da vida,
Não tiveram a mesma sorte deferida;
Mas, todos parecem felizes,
Conformados com as suas raízes.

Em comum, as suas caminhadas,
Histórias verdadeiras ou inventadas,
Que, entre lances e jogadas,
Pouco a pouco vão sendo contadas,
Com detalhes e cores rebuscadas,
Não faltando situações apimentadas.

Colcha de retalhos de fios nobres,
Aconchego de ricos e pobres,
A praça não faz discriminação,
Cada qual ali é um novo irmão;
Diferente do geral da sociedade,
Ela acolhe o idoso com dignidade.

Assim, à luz do sol ou clarão da lua,
Nas esquinas ou nos leitos das ruas,
Pela sobra do amanhã que ainda resta,
Valores agregados que o passado atesta,
Sonho de liberdade que nada mais afasta,
Dedico este poema aos idosos lá na praça.

Alceu Sebastião Costa

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecília Meireles
Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

Velhas árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Não somos mais aqueles cujo amor
imaginou a juventude eterna.
Hoje, idosos, os corpos sem calor...
O fogo da paixão agora hiberna.

Somente o amor, essa visão interna
consegue ainda ver todo o esplendor
da convivência cada vez mais terna
em saudades diárias a compor

e recompor, história por história,
as imagens dos dias consumidos
a fim de preservar mútua memória.

Mesmo que restem fatos esquecidos,
no turbilhão da vida transitória,
jamais se perderão, porque vividos.

⁠Dizem que os idosos dormem pouco,
acredito que seja porque
o nosso relógio biológico,
sabiamente, compreende
que o viver é uma dádiva
e por isso, quanto mais tempo
vivermos em cada dia,
mais seremos agraciado
pela esse maravilhoso presente
chamado de vida.

Hoje é o Dia Nacional do idoso
muitos os tratam com desdém
esquecem que seu futuro
e ser um idoso também.
Sua pele não é a mesma
são delicadas como a mais pura seda.
Seus olhos são de súplicas e aflição,
precisamos dar a eles toda nossa atenção.
Já não conseguem ouvir direito, precisamos respeitar
Enxergar está difícil, andar rápido, não são capazes
perderam o equilíbrio, não cometem erros por maldade
voltaram a ser crianças, respeitemos suas vontades.
Eles sabem que o tempo não lhe é mais favorável
relembram a sua juventude com uma imensa saudade.
São tempos que não voltam, e estão avançados na idade,
mas o que eles mais desejam é que sua família viva com tranquilidade.
Não se sintam tão soberbos meus jovens
pois seu tempo vai chegar, trate com respeito o idoso
Pois e assim que vão te tratar, o tempo não perdoa.
Podem se acostumar! Ele apenas devolve "aquilo que você dá".
Ser idoso é uma dádiva que poucos conseguem hoje em dia
pois as pessoas não são as mesmas, elas abreviam os seus dias.
Que Deus nos conceda viver uma vida santa e de bom grado
pois sabemos que colheremos, tudo o que foi plantado.

Inserida por elizetetavares

Terceira idade
e a poesia do saber,
e o amor de quem tem fé,
e a vontade de viver,
e a gentileza dos pensamentos,
e a juventude da velha época.

Terceira idade
e a geração do sorriso,
e o momento de alegria,
e sobre alguns obstáculos sobrevivem
e com belas histórias nos contam
suas vitórias e suas derrotas

Inserida por RodrigoSTeixeira

MEU TEMPO, MEUS IDOSOS

Meu tempo, meus idosos!
Cujo sorriso e olhar
Revelam a alegria de viver.
Trazem em minha alma
Um pouco do sol que
Nasce no amanhecer...
Por que nos não os visitamos?
Se aprendemos com suas palavras.

Inserida por ricardo_oliveira_1

Idoso

Nosso dia
Só o que faltava

Decididamente
Claramente
Irreversivelmente
Felizmente
Sou idoso.
E gosto muito

24 milhões...
Quem diria
Sou um deles!

Não quero regalias
Não quero favores
Não quero concessões
Não quero cotas
Por favor
Nada de especial.

Apenas o direito
De me sentir
Cidadão!

Respeitado
Como todo ser humano
Com direito à vida!

Não sou preferencial
Não quero ser
Especial
Quero ser
Somente
Cidadão normal!

Nada de eufemismos
Fora a ditadura
Do politicamente correto
Chega de hipocrisia
Chega mesmo
De cinismos

Nada de terceira idade
De melhor idade
Sou como sou

Agradeço a todos
Que me ajudaram
Me ajudam
No que sou
Amo a todos
E com que intensidade!

Inserida por samuelfortes

⁠Minha audição é falha,
Levo a bengala na mão,
Já vivi oitenta anos,
Já perdi tanto irmão,
Vivo fazendo lambança,
Ajo como uma criança,
Dos filhos levo sermão.

Inserida por RomuloBourbon

⁠Páscoa

Velhice
é um modo de sentir frio que me assalta
e uma certa acidez.
O modo de um cachorro enrodilhar-se
quando a casa se apaga e as pessoas se deitam.
Divido o dia em três partes:
a primeira pra olhar retratos,
a segunda pra olhar espelhos,
a última e maior delas, pra chorar.
Eu, que fui loura e lírica,
não estou pictural.
Peço a Deus,
em socorro da minha fraqueza,
abrevie esses dias e me conceda um rosto
de velha mãe cansada, de avó boa,
não me importo. Aspiro mesmo
com impaciência e dor.
Porque sempre há quem diga
no meio da minha alegria:
‘põe o agasalho’
‘tens coragem?’
‘por que não vais de óculos?’
Mesmo rosa sequíssima e seu perfume de pó,
quero o que desse modo é doce,
o que de mim diga: assim é.
Pra eu parar de temer e posar pra um retrato,
ganhar uma poesia em pergaminho.

Adélia Prado
Poesia reunida. Rio de Janeiro: Record, 2015.
Inserida por pensador

⁠Pior velhice

Sou velha e triste. Nunca o alvorecer
Dum riso são andou na minha boca!
Gritando que me acudam, em voz rouca,
Eu, náufraga da Vida, ando a morrer!

A Vida, que ao nascer, enfeita e touca
De alvas rosas a fronte da mulher,
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer!

E dizem que sou nova... A mocidade
Estará só, então, na nossa idade,
Ou está em nós e em nosso peito mora?!

Tenho a pior velhice, a que é mais triste,
Aquela onde nem sequer existe
Lembrança de ter sido nova... outrora...

Florbela Espanca
Poesia de Florbela Espanca: volume único. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2015.
Inserida por pensador

⁠Velhice é como uma conta
Bancária só de lembrança
Que a gente depositou
Alegria e confiança,
Pra quando idoso estiver
Sacar tudo o que puder
Pro saldo da esperança.

Inserida por gelsonpessoa
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