Poemas sobre Guerra

Cerca de 5501 poemas sobre Guerra

Não queremos que os nossos inimigos nos tratem com indulgência, nem tão pouco aqueles a quem amamos de coração. Deixai-me, portanto, dizer-vos a verdade!
Irmãos na guerra! Amo-vos de todo o coração; eu sou e era vosso semelhante. Também sou vosso inimigo. Deixai-me, portanto, dizer-vos a verdade!
Conheço o ódio e a inveja do vosso coração. Não sois bastante grandes para não conhecer o ódio e a inveja. Sede, pois, bastante grandes para não vos envergonhardes disso!
E se não podeis ser os santos do conhecimento, sede ao menos os seus guerreiros. Eles são os companheiros e os precursores dessa entidade.
Vejo muitos soldados; oxalá possa ver muitos guerreiros. Chama-se “uniforme” o seu traje; não seja, porém, uniforme o que esse traje oculta!
Vós deveis ser daqueles cujos olhos procuram sempre um inimigo, o vosso inimigo. Em alguns de vós se descobre o ódio à primeira vista.
Vós deveis procurar o vosso inimigo e fazer a vossa guerra, uma guerra por vossos pensamentos. E se o vosso pensamento sucumbe, a vossa lealdade, contudo, deve cantar vitória.
Deveis amar a paz como um meio de novas guerras, e mais a curta paz do que a prolongada.
Não vos aconselho o trabalho, mas a luta. Não vos aconselho a paz, mas a vitória. Seja o vosso trabalho uma luta! Seja vossa paz uma vitória!
Não é possível estar calado e permanecer tranqüilo senão quando se têm flechas no arco; a não ser assim questiona-se. Seja a vossa paz uma vitória!
Dizeis que a boa causa é a que santifica também a guerra? Eu vos digo: a boa guerra é a que santifica todas as coisas.
A guerra e o valor têm feito mais coisas grandes do que o amor do próximo. Não foi a vossa piedade mas a vossa bravura que até hoje salvou os náufragos.
Que é bom? — perguntais. — Ser valente. Deixai as raparigas dizerem: “Bom é o bonito e o meigo”.

Inserida por PauloTinoco

Paz!!!
Eu já acenei a minha bandeira da paz e só você não viu.
Será que o ditado popular que fala: "Que o amor é cego."
Faz sentido também na hora das nossas brigas, e você está tão cego que não consegue enxergar a minha humilde bandeira da paz. Será???
Eu não quero briga, eu quero amor.
A única guerra que eu queria ter com você, seria entre quatro paredes e em cima da cama, uma guerra de travesseiros juntamente com muitas risadas, e com direito á bombas de beijos estalados, armas de sedução, poder bélico de tirar o fôlego, e tréguas para descanso de corpos mortos e exaustos.
Está seria a nossa verdadeira guerra, e não está que estamos vivendo, por isto, eu te peço PAZ DE AMOR.
PORQUE EU TE AMO!!!!

Cláudia Leite S.

Inserida por Claudialeites

Ele é preto ou tá escuro?

O preto só é preto quando está escuro. Quando de repente, falta de luz em todo lugar. Quando está claro, o preto deixa de ser visto como preto, ou melhor; o preto torna-se cor, é só, a mais densa das cores. Torna-se visível porque há luz, porquê identificou-se que não se trata do que não via, e agora já se vê. É uma cor. O preto tornou-se escuro - nem sabe-se se é (preto) -, não se vê. Não se pode enxergar coisa alguma (parece outra coisa). Isso é o que não se pode dizer que viu. Ou está cego pela escuridão e não se pode dizer que cor é, ou, é só, a ausência total de luz. Tem cor, mas não se viu (não se sabe qual era).

Às vezes, estamos certos, mas outras vezes, estamos no lugar errado. Ou só, ainda, na posição errada. Não é ele que é preto, ele só está à sombra. Sob à luz, ele é quase amarelo.

Texto extraído de: As Crônicas da Guerra - O que tem no Amarelo. De: Douglas Melo.

Inserida por douglasmeloideias

Grande imensa terra ,terra imensa grande,que se vem a imensa terra,nas montanhas aos redores,tudo isso feito da terra.

Da terra trás o vento,do vento respira nos e nos pisamos na terra e a terra em cima de nos.
A terra trás a terra leva,terra da luz e também as trevas.

a terra da a vida e a vida leva a terra, terra tira a vida, vida que trouxe a terra, terra de volta a vida e a vida destrói tudo,tudo destrói a vida.

E a vida volta para terra,lugares de campos de guerra e a guerra virou a terra a guerra a transformar a terra a se decompor na terra.

Destruídos estão todos pela guerra,terra de todos,todos estirados na terra,somos dono da terra,somos nos que faz a guerra a guerra a terra espera a hora e a paz na terra pedi esmola.

Inserida por LAPYERRE

Enquanto olho pela janela;
O sol que não chega;
Eu canto a capela;
Uma marcha triste;
Marcha de guerra;
Sem vencedor, nem perdedor;
Ah sol, inatingível sol;
Quando me darás seu brilho;
Quando trarás seu calor;
Quando aquecerás minha terra;
E o mais importante, amado sol;
Quando vais olhar-me com, amor

Inserida por Mikchailveron

Their lost voices must continue to be heard.

Suas vozes perdidas devem continuar a serem ouvidas

Inserida por Redsakura

Estes últimos dias foram mobilizadores. Talvez porque voltei a encontrar-me onde quem sabe, nunca deixei de estar. Neste pequeno espaço, dentro de mim mesma, em silêncio, observando como tudo lentamente se destrói. Meu mundo. Não é que eu não queira fazer nada à respeito, mas acho que não sou suficiente comigo mesma. Isto parece uma guerra entre mais pessoas do que apenas eu. Na verdade, quando creio que chegamos em um chão frio e intermediário, bastam poucos segundos, diria que sete, para que tudo arda em chamas. Me recordo desse episódio, anos atrás. Eu estava com o meu pai em uma livraria e ele olhou para mim, com aquele toque de tristeza que eu acho que herdei dele, observando-me como se não me conhecesse, como se não pudesse alcançar-me, como se estivesse competindo em uma corrida na qual sabia que nunca iria ganhar. Em seguida, atreveu-se a perguntar-me o que eu nunca pensei que poderia:
– “Por acaso não queres viver?” .
Às vezes eu me pego pensando neste momento. Eu olho para trás e não sei se estou muito longe de lá. Com o olhar frio e distante, sorrindo, mesmo que por dentro esteja morrendo. Imersa em meu próprio inferno. Saí daquele lugar, mas nunca fechei essa porta. E este momento me pegou como um morcego, golpeando-me forte a cabeça. Sou a minha própria heroína e não necessito ser salva. E aconteça o que acontecer, se algo chegar a me arrastar, não será nada mais do que meu próprio veneno.

Onecina Alves

Inserida por onecinaalves

Retirou-se, cabisbaixo, como se nossa história fosse sem começo, nem fim. Eu deixei cair algumas lágrimas em silêncio, acho que era a minha dor, a minha maneira de assimilar que me dei por vencida, pensava que uma batalha perdida fosse o fim de uma guerra. Não sabia que meu amor não acabava com um ponto final, só colocou fim a nossa confiança, ao nosso laço, as nossas conversas, aos nossos olhares apaixonados e nossos beijos iluminados. Ele foi embora pensando que havia terminado, e não foi assim, só acabou para ele, fui eu que deixei de existir no seu mundo, a que deixou de ser a única, a que deixou de ser “perfeita”, amada, respeitada, a confidente de todos os seus segredos mais sombrios. Eu o observei, parecia estar bem e inteiro. Por dentro eu estava esmagando e gritando, me rasgava a pele e tentava apagar seu nome que permeou minha pele como tinta. Para mim, ele continuou aqui, no meu coração, por muito mais tempo. Não sei quanto tempo passou desde que o nosso sempre se converteu em nunca e me tornei em um holograma monótono, no meu quarto, sozinha, encolhida, assustada, com a constante sensação de que meu corpo iria partir em mil pedaços. Sei que seu nome, corpo e alma, formam parte de algo tão grande que incluo quando olho as estrelas e a lua, e elas me sorriem. Espero que esteja pensando em mim, espero que se lembre de quem era comigo e de que nunca o esquecerei. Então me deixe, eu sempre te amarei…



Onecina Alves

Inserida por onecinaalves

FANTOCHES

Eu quero espaço
Senão o faço;
Traço,
Me amasso e passo!

É preciso espaço hoje e amanhã,
É preciso o jardim na praça.
E ruas com “flamboyant”.
É preciso gente com raça

Que abraça,
Que traça,
Que enlaça.

Quero espaço vital
Sem limite, sem fronteira,
Sem muro, sem porteira,
E com um vasto quintal.

Quero sair da algema,
Enfrentar o problema,
Ter a consciência limpa ao dormir,
Encarar qualquer drama.

Quero espaço na vida
Sem olhos a me seguir,
Andando a pé na avenida
Com direção de ir e vir.

Quero escrever um livro
Encucando o poder e o povo,
E se cortarem no crivo
Quero começar de novo.

Quero ativar os pés
Do peregrino cansado,
Fazê-lo ter fé novamente,
Para atender todo chamado.

Quero espaço pra acordar
A consciência que dorme,
Pôr as trombetas a tocar
Para que não se conforme.

Quero olhos e ouvidos abertos
- Um microfone com bom som –
E que a massa chegue bem perto
Para o brado de libertação.

Quero espaço para a odisseia,
Esclarecimentos pelo ar.
Humilhante não é mudar de ideia,
Humilhante é não ter idéias para mudar!

Inserida por VanderleiMuniz

Invocação
(a uma filha morta)


Ontem a minha dor foi tão grande
como um terramoto
que vertiginosamente correu
para dentro da loucura.
Foi da espessura da morte!
As árvores podem correr
para mim de braços abertos
as rosas do campo sorrir,
que os lírios choram por dentro de mim
às portas da sepultura
onde te foram a enterrar.
À tua chegada
transformaram-se os céus noturnos
em nítidos céus
e chama
e calor
e luz,
quando tu os abriste
com ígnea chave em tua mão
tão franzina.
Interrompeu-se o olhar
sobre a terra
que te cobriu.


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Rebenta a manhã como um punhal
de gritos
na caserna
O arame farpado
que serve de paredes frágeis a este quartel
improvisado
foi cortado durante a noite
Há marcas evidentes do inimigo
e da sua passagem traiçoeira
por aqui
Estremece o sangue nas veias
a raiva corta os pulsos
e o medo apodera-se de todos nós
Não há heróis,
existe apenas
a cruz de guerra entregue ao pai
ou ao filho que o pai não conheceu
e a memória sentida
escrita no mármore da sepultura


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

O comboio levou-me para o leste em direção à fronteira com a Zâmbia. Eram nove e quinze da manhã, daquele dia chuvoso de dezembro de 71. Dia 12. Exatamente como imaginava!
Apenas viajámos de dia. À noite, pernoitámos em Silva Porto. A partir daqui e até ao Luso, à frente da máquina que puxava as carruagens, ia outra a servir de rebenta minas.
E os meus poemas começaram a nascer… sobre o joelho, onde apoiava o papel, escrevia:

“Espera-me.
Até quando não sei dizer-te,
mas afianço-te
com fé
que voltarei!

Espera-me nas tuas manhãs vazias
nas minhas tardes longas
nas nossas noites frias
e não escondas de mim essa lágrima
teimosa
onde está escrito
“não te vejo nunca mais”

Não esqueças o que fomos ontem
se o amanhã não existir
ou não voltar,

recorda o hoje
permanentemente
mesmo que não haja cartas
que nos possam recordar.

Nova Lisboa, Angola, 12 de dezembro de 1971
- para uma comissão de 14 meses no Leste de Angola, C. Caç. 205 (Cacolo), integrada no Batalhão de Caçadores 2911 (Henrique de Carvalho)


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Todos recebiam cartas
e discos pedidos
ao domingo
no Rádio Clube de Huambo
a mais de mil e duzentos quilómetros…
era a emissora que mais se ouvia

Só ele,
porque exatamente ele era só
e de longe
(talvez de lugar nenhum),
o furriel Abreu Gomes
nem uma letra vertida em magra folha de papel

Vingava-se da solidão no cigarro
que um após outro fumava

Enrolava-os com perícia tal
no fino papel de mortalha,
dois a dois de cada vez,
como se ali depositasse os fios da vida
que queimava,
como se estivesse a fechar para sempre
as abas do seu caixão

Aquele livro de mortalhas
e a cinza do cigarro queimado
que lhe morria pendurado na boca,
tinha a brevidade da vida
que ali se vivia a cada hora que passava


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Olhei-me em cima da berliet
com o coração tolhido de medo

Aqui não há heróis…
até os mais audazes na vitória
sentem medo

As mãos vazias
seguram com firmeza
estranha
a espingarda G3
que me deram para matar,
a única companheira segura
de todos os dias e noites

As nuvens de sangue ao longo da picada
abreviam a morte


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Terra de medo
e de dor
e de sonho também…

Lá fora o vento que zumbe
e uiva
e fustiga ameaçador e célere passa…

o vento a quem tudo pergunto
e nada me diz

O vento que volve e revolve
e varre
as folhas secas das mangueiras
plantadas no terreiro
que serve ao quartel de parada

O vento que zumbe e uiva
tresloucado
no negrume da noite que dói e mata

O vento que fustiga e passa
as frágeis paredes da vida
dentro do arame farpado


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

À volta de mim, o terror e a morte…
olhares de medo
fixos na imensidão do vácuo
interrogam-se mudos
inquietos…

dolorosamente pensam na razão
de tal sofrer

Mas não choram porque o pranto
se esgotou há muito
neste inquieto viver

Ah! Se eu soubesse ao menos rezar…

Rezava por ti
ó homem verme, tirano e sádico
que por prazer destróis;

Rezava por ti
ó governante ganancioso e brutal
que o mais fraco aniquilas;

Rezava por ti
ó deus, que já nem sei se existes,
pela geração que criaste
e abandonaste



In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Desperto…
minhas mãos frias
crispam os dedos inertes
no gatilho da espingarda

Debaixo de mira
numa linha reta que dificilmente erro,
o alvo
Um corpo negro,
meio nu…

Apenas o cobrem os restos daquilo que foi
um camuflado zambiano
Veste no rosto,
encimado por um chapéu também camuflado,
a raiva

Para ele nós somos o invasor,
o inimigo a abater que importa liquidar
ainda que connosco tenha aprendido
rimas de civilização

Nós somos o invasor que (ele) quer
expulsar
destruir
aniquilar

E ele, para mim, o inimigo de ontem
será o amigo de amanhã
a quem hei-de abraçar



In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Há corpos espalhados pelo chão
à minha frente

Nos seus rostos lívidos
cor de cera
morreu a esperança com a chegada da morte
no frio gume da catana

Jazem à sombra das mangueiras…
a morte passou por ali

Corpos decepados
esventrados
violentados
num rio de sangue pelo chão…

Ali apenas as varejeiras têm vida e voz
no zunido e na cegueira de beber
Sugam famintas de sede
o sangue ainda quente dos cadáveres

Zunem de sofreguidão na disputa
do sangue vertido
dos corpos esquartejados
pelos golpes das catanas

Para lá da orla da mata ainda o eco
dos gritos de vitória e os risos satânicos
de alegria e morte no ar
numa mistura de feitiço e de liamba


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

Perdi os poemas ébrios
de ritmo
feitos ao sol da manhã

Esse tantã longínquo que me acordava
manhã cedinho
antes de subir na minha bicicleta
reduzida ao mínimo para pedalar até ao liceu,

acordava-me como uma loa,
cântico virginal
puro…
ou como um ritmo escondido
no regaço da mais linda mulata
da sanzala

Um poema ébrio de ritmo
órfico
em dionisíaca celebração
um cântico mestiço
místico
pagão
negro soneto espúrio
de um povo híbrido de muitos deuses
e de mais irmãos ainda…

Hoje o meu poema já não é ébrio
de ritmo
nem o som do tantã tem o sol puro
erguido pela manhã
cedinho

O meu poema é de sangue
e dor
lavrado pelo frenesim dos tiros

O tantã que me acordava
manhã cedinho
e trazia no som o ritmo
dos beijos,
hoje
já não me acorda deste sono
que não durmo
sobressaltado

O tantã traz agora na sua voz longínqua
o som próximo
da metralha


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta

No ar, o medo e o silêncio sepulcral
a invadir
os primeiros raios da manhã

Corações sobressaltados
em prece e oração…
muitos sem saberem sequer rezar

No trilho traiçoeiro
espreitava a morte a cada passo
que se desse em falso
na picada

Sem perder de vista o combatente
à nossa frente
perscrutávamos, no lusco fusco do alvorecer,
as sombras que se dissipavam
por entre as silhuetas das bissapas

Nas mãos doridas,
por matar,
o peso da G3 engatilhada
dos soldados

De repente o grito e a dor
pelo estrondo e pela morte trazida
no estilhado e no sopro da granada

As lágrimas morriam afogadas
pela raiva e ódio surdo
nos corpos amputados


In “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

Inserida por alvarogiesta