Poemas de Gabriel Chalita
Não entendo a tristeza como ausência de felicidade. Elas coexistem.
Talvez, a tristeza seja apenas ausência de alegria.
Cada um tem de experimentar o território sagrado do silêncio e da solidão.
E cada um, para existir - de fato -, tem de dar conta do próprio vazio.
Sem entender o que é o fracasso, olhamos lacrimosos ou invejosos os sem-número de sorrisos na aparente face da vitória que mora no outro quarteirão.
É triste como a frivolidade tomou conta das relações, sejam afetivas, sejam profissionais.
Fala-se o que se deve, não o que se sente.
O que é maior: os que escalam a montanha ou a montanha? Os barcos que saem ou o oceano que os recebe?
Somos todos pequenos e, paradoxalmente, imensos.
É preferível partir a conviver com a hipocrisia.
É preferível ver de longe a frequentar os bastidores da avareza humana.
Quanto mais pensamos, mais nos conscientizamos de que tudo é apenas reflexo da imagem provisória que temos de nós mesmos.
A carência faz com que falemos de tudo com todo mundo e pensemos em nada daquilo que temos que decidir.
Lamentavelmente, decidimos em busca do aplauso alheio, e não como uma resolução de quem visita o templo da alma.
A história de Damon e Pítias revela que a amizade agrega em seu bojo uma série de valores, sentimentos e ações de natureza nobre, como altruísmo, solidariedade, ética, confiança mútua, tolerância, respeito, coragem, amor, afeto e dedicação extremada. Sem essas virtudes, a amizade simplesmente deixa de existir.
Quem não tem amigos abre espaço para uma existência vazia que, freqüentemente, pode levar a estados psicológicos negativos, como a depressão, a angústia, a ansiedade e a tristeza originadas da solidão extremada. Estados que são conseqüência de almas que se vêem relegadas ao desespero de uma vida pautada por valores construídos sobre alicerces impróprios para sustentar as edificações da felicidade.
Em pleno século XXI, milhões de pessoas (...) têm sua vida interior comprometida. São vítimas da incompreensão, da intolerância generalizada e das dificuldades de relacionamento que, paradoxalmente, caracterizam a assim chamada Era da Informação e do Conhecimento. As pessoas se escondem, se refugiam em lares semelhantes a uma prisão, erguem grades que as separam dos vizinhos mais próximos, vivem amedrontadas pela violência, pela superficialidade das relações, pela ausência de ética e pelo excesso de egoísmo, de mentiras e ambições que ainda configuram as estratégias do jogo social.