Poemas de Friedrich Nietzsche
Como será possível forçar a natureza a desvendar os seus segredos, senão por processos violentos, quer dizer, por acções antinaturais?
Somente o homem experimentado, o homem superior, pode escrever a história. Quem não tenha feito algumas experiências maiores e mais elevadas do que as de todos os outros homens não poderá jamais interpretar a grandeza e a elevação no passado. A voz do passado é sempre uma voz de oráculo.
Se os homens, na escolha do cônjuge, buscam antes de tudo um ser profundo e sensível, enquanto as mulheres buscam alguém sagaz, brilhante e com presença de espírito, vê-se claramente que no fundo o homem busca um homem idealizado, e a mulher, uma mulher idealizada, ou seja, não um complemento, mas sim um aperfeiçoamento das próprias qualidades.
..E quem adivinha ao menos em parte as consequências de toda profunda suspeita, os calafrios e angustias do isolamento, a que toda incondicional diferença do olhar condena quem dela sofre, compreenderá também com frequência, para me recuperar de mim, como para esquecer-me temporariamente, procurei abrigo em algum lugar - em alguma adoração, alguma inimizade, leviandade, cientificidade ou estupidez; e também por que, onde não encontrei o que precisava, tive que obtê-lo à força de artifício, de falsificá-lo e criá-lo poeticamente para mim.
Você deve apreender a injustiça necessária de todo pró e contra, a injustiça como indissociável da vida, a própria vida como condicionada pela perspectiva e sua injustiça.
Não poucos, talvez a maioria dos homens, têm a necessidade de rebaixar e diminuir na sua imaginação todos os homens que conhecem, para manter sua auto-estima e uma certa competência no agir. E, como as naturezas mesquinhas são em número superior, e é muito importante elas terem essa competência.
A maldade é rara.. Os homens em sua maioria, estão ocupados demais consigo mesmos para serem malvados.
Gradualmente foi se revelando para mim o que toda grande filosofia foi até o momento: a confissão pessoal de seu autor, uma espécie de memórias involuntárias e inadvertidas; e também se tornou claro que as intenções morais (ou imorais) de toda filosofia constituíram sempre o germe a partir do qual cresceu a planta inteira.
Vede, pois esses supérfluos! Roubam as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; chamam a civilização a seu latrocínio, e tudo para eles são doenças e contratempo. Vede, pois, esses supérfluos. Estão sempre doentes; expelem a bílis, e a isso chamam periódicos. Devoram-se e nem sequer se podem dirigir.
Tão poderosos sentimentos que os dominam também os transformam, e assim já imaginam que morrem para renascer os gênios da natureza, como sátiros.
"Os piores leitores são aqueles que procedem como soldados saqueadores: apoderam-se aqui e ali daquilo que podem utilizar, sujam e bagunçam o resto e cobrem tudo com seus ultrajes."
Este mundo da perspectiva, este mundo para o olho, o tato e a audição é muito falso, quando comparado com um mundo percebido por um aparelho sensório muito mais DELICADO
..Como foi bom não ter ficado "em casa", "sob seu teto", como um delicado e embotado inútil! Ele estava fora de si, não há dúvida! Que felicidade mesmo no cansaço, na velha doença, nas recaídas do convalescente! Como lhe agrada estar quieto a sofrer, tecer paciência, jazer a sol!
Falar diretamente "quero isto, fiz isto" e coisas assim; ou seja, porque a vida de imposição e da autoridade é mais segura que a astúcia.
Salvar o passado no homem e transformar tudo "o que foi" até a vontade de dizer: "Mas eu queria que fosse assim! Assim o hei de querer!"
Meus irmãos, alguém olhou uma vez o coração dos homens de bem e dos justos, e disse: "São os fariseus". Ninguém, porém, entendeu.
Os homens de bem e os próprios justos não deveriam compreender isso. O espírito deles é um prisioneiro de sua consciência. A loucura dos homens de bem é de uma insondável prudência.
Se alguma vez descobri céus tranqüilos sobre mim voando com minhas próprias asas em meus próprio céu; se nadei, brincando em profundos lagos de luz e se minha liberdade conquistou uma sabedoria de ave, mas assim fala a sabedoria de ave: "Olha! Não é alto nem baixo! Lança-te em volta, para diante, para trás, leve como és! Canta! Não fales mais!
Todas as palavras não foram feitas para os que são pesados? Não mentem todas as palavras ao que é leve? Canta! Não fales mais!
(...)Duas vezes perigosa para um povo que gosta da bebida e preza a obscuridade como se fosse uma virtude, perigosa por causa da sua dupla propriedade de narcótico que produz a embriaguez e envolve o espírito em vapores nebulosos.