Poemas de Filosofia
"O grande paradigma da vida é sempre achar que haverá um amanhã, e neste dia teremos a oportunidade de fazer o que deixamos para depois. Aquele abraço, aquele beijo, aquele pedido de perdão, aquele dia especial em família. Afinal, é unânime entre os moribundos a famosa petição, independente de credo - por favor Senhor, só mais um ano!
No entanto, durante toda a vida tivemos oportunidades de fazer, o que somente na morte, desejamos com todo nosso sentimento."
Thiago Oliveira (1986 a)
Os Anjos Dormem? -
Sou quase do sentimento que sinto,
pois a ele dedico-me
por inteiro.
Às vezes,
um imortal instante,
labirinto.
Às vezes,
um breve infinito,
certeiro.
Sou todo o sentimento que sinto,
e sinto.
De tudo o que sinto
prisioneiro.
Encontro -
Por encanto, por
ventura,
pela poesia desse
encontro: você e eu
livres,
merecemos
um nós: juntos.
Rascunho -
Para o bem ou para o mal,
instintivamente,
um traço importante
da nossa essência
é um rascunho amassado
(escondido),
cheio de verdades
não publicáveis.
Respirando -
Quando me observares rasgando
o peito,
sangrando em
versos,
entendas:
ali
sou eu
respirando.
A Alma do Poeta -
A alma do poeta
é atacada por tudo
e por todos,
e em todas as direções.
A única coisa que ele faz
para se defender
é escrever.
A poesia salva o poeta
de uma desgraça ainda
maior.
A Vida, O Tempo e A Sorte -
A vida
nos apresenta pessoas.
O Tempo
nos reapresenta.
E sorte
é descobrir que valeu a pena
o encontro e o reencontro
num
daqui pra frente juntos.
Sempre.
Por Essência e Ofício -
Talvez,
com sorte,
pode ser que hoje
(em palavras, em poesia),
eu seja o sentido,
o desabafo,
o norte para alguém.
Ainda que,
por essência e ofício,
eu não consiga aliviar-me
desse peso de pensar
e existir uma vez
(só).
É Assim -
É pela lágrima que não cai
(presa como um grito mudo
na garganta).
É por todas as outras
que encharcaram o travesseiro.
É assim...
É de coração partido mesmo
que a vida precisa continuar.
Desordem -
Tenho medo
dessa desordem compulsiva
de pensamentos.
Se interno-os,
me sufocam.
Se externo-os,
me revelam.
De todo modo,
matam-me:
vivo.
(In)Consciência -
Minha vida
é uma bagunça organizada:
Sei onde está tudo,
absolutamente, tudo que necessito
e que não preciso.
Mas nunca sei o que fazer
disso.
Deixa Ir -
Chega uma hora
que é preciso soltar a mão
e virar as costas.
Voltar-se pra si
e seguir...
só.
Se assim for.
A Arte Como Acolhimento -
A Arte
(de uma maneira
abrangente),
é,
antes de tudo
(inclusive de expressão): acolhimento.
É uma espécie de lar
onde nos abrigamos,
nos alimentamos,
nos fortalecemos e,
só então,
nos expressamos.
Um Poema -
A frase que nenhum poeta
ousou escrever é que:
ninguém escapa sem poesia.
E que essa minha inicial
(um tanto quanto pretensiosa
e,
em parte,
equivocada),
é só um artifício poético
para se começar um poema
que (se não protege
o poeta),
sempre acolhe alguém.
Sempre.
A Rua e O Encontro -
Não era (em
carne),
eu nem você.
Estávamos
em nossas respectivas
casas.
Aquela rua,
naquele instante,
presenciou um encontro
de almas,
voltando à sua morada
interna - doce fortaleza.
Consciência n°01 -
Sou sempre
o primeiro a me condenar
ou me absolver (ainda que,
instintivamente,
esteja quase sempre
a meu favor).
Afinal,
somente cada um sabe,
exatamente,
o que pensa e o que faz
entre
o despertar e o adormecer.
O resto é sonho.
(Mal)ditas -
As declarações de amor
são lindas.
Mas há
dois tipos que me incomodam
profundamente:
As falsas e as póstumas.
Pobres Corações -
Já vi
lindos corações apaixonados
serem esmagados
por coisas fúteis,
insignificantes como:
orgulho e vaidade.
Isso,
num patético jogo de desinteresse.
Pobres corações arruinados:
reduziram-se a meros órgãos
frios.