Poemas de Filosofia
"Tenho coisas?
Ou serão as coisas que me possuem?
Depois do meu último suspiro, as coisas;
Não me acompanharão na viagem ao além... "
A busca pelo conhecimento tem como consequência a ignorância, mesmo que isso seja paradoxal. Quando escolhemos conhecer uma coisa, deixamos de lado, naquele momento, a possibilidade de conhecer outra coisa.
No final, temos a constatação da nossa limitação. Somos, infelizmente, fadados a ser ignorantes.
Quanto mais pobre eu for, mais livre serei.
Quanto mais rico eu for, mais conforto terei.
Não tem como dar errado.
O infinito encara de volta
Ontem me peguei encarando o céu e me deixei levar pela cor azul vibrante de tal, mas não é isso que me hipnotiza, o que me hipnotiza é como esquecemos que ao encarar o céu encaramos o infinito e a vastidão do espaço e de forma automática encaramos a nossa insignificância, e o quão pequeno somos comparados ao céu que chamamos de nosso. Mas quem sabe se o infinito não encara de volta? Quem sabe se nossa existência é mais do que uma simples series de eventos e coincidências? Mas é impossível ler o infinito, não importa quão grande é a sua curiosidade.
Singeleza
Meus pensamentos são como pássaros:
Livres!
Voam por toda parte
De muitas naturezas,
Planam com diferentes asas,
Veem o mundo com mais cores
Para eles, as flores não carregam apenas cores
Veem-nas, sempre, como se nunca as tivessem visto antes
Levam suas sementes – há mais flores nas sementes,
Disseminam toda a sua beleza...
Voam para conhecer, explorar
Nunca negarão a poesia que há nas coisas
Planam em meio à solidão
Acompanham-nos apenas a filosofia e os sentidos
Tudo que olham, fazem-no com suas ideias
Mas só uma outra vontade – não a das ideias – que forma o pensamento
Um pensamento pode se tornar uma ideia
Uma ideia nunca será apenas um pensamento
Minha alma é a causa dos meus pensamentos,
Como quando sonho:
Meus pensamentos são reais, mas também podem ser sonhos
Os sonhos podem ser a satisfação de um desejo – ou não
Escrevo e, até aqui, seria esse poema um pensamento?
Ou seria ele um sonho?
Talvez uma ideia?
Quem sabe, à medida em que o escrevo, torne-se real
Assim como os pássaros...
Paulo José Brachtvogel
A cobra cascavel,
usaseu chocalho
para avisar que
só quer ficar em paz
mas, o humano cascavel,
usa o seu chocalho
para atrair aos
que têm a mente
pura de bebê.
Existem apenas três razões para ser um negacionista:
1 - Ignorância (desconhecimento da realidade);
2 - Medo (conheço a realidade mas ela me causa dor, então opto por viver uma ilusão);
3 - Má fé (conheço a realidade e decido me aproveitar dos ignorantes).
Ode aos deuses ocultos
Linha tênue entre ser e o existir
Pensar e meditar
A realidade e o fabuloso
O agir e se conformar
O autor e o coadjuvante
Da obra-prima
Artista e tela
Dos arcanos o mais antigo
Tua lança confronta o enigmático
Teu cetro descerra passagens
O veneno e o antídoto
Gnose e transcendência
Sob o poder da vontade és o unificador entre os mundos.
Do Templo em Delfos é o pilar
Da sabedoria contida no axioma és o sujeito: " Conhece-te a ti mesmo...".
Eu estive ali
Mergulhado em loucuras escrevendo
As 2 da manhã no imenso silêncio
Procurando por uma estrela brilhante
Talvez o acaso
A lucidez por um instante
Sem ninguém a recorrer
A madrugada a me benzer
E dentre tantos pensamentos
Algumas conclusões
Tão raras.
Eu estive ali
Sim estive
Naquele quarto
Hoje não sei como está
Para aquela casanunca voltei
Somente os momentos herdei
Tão supérfluos
Tanto tempo perdido
Minha sorte é a segurança
De que aquele já se foi
Mas de minhas certezas eu não garanto
Ao lembrar ainda me espanto
De aquele já fui eu
Se foi o tempo
Se foram seus motivos
Mas mesmo assim
Mesmo você sendo esquecido
Uma imagem apagada
Tenho receio
O que já fui posso definir
Mas de minha ascenção
Tão abstrata
Mal sei de autonomia
Um dia já tive
Hoje vertem as raízes
Os malditos resquícios
Da máscara
Esculpida de minha própria carne
O retrocesso é um caminho de espinhos
E por ele preciso andar ocasionalmente
Mesmo que eu saiba as respostas
Me entrego a essa releitura
Eu aprendo do mundo
Me esforço demais
Acho melhor cerrilhar os olhos
E não olhar para trás
Pois tudo isso ainda é vivo
E se me pego pensando
Acabo voltando para lá.
Gênio meu...
Por três noites afinco bradei,
com a lâmpada nas mãos há esquentar.
Até provar o meu sagrado para um djin se manifestar.
Quando perseverante é o anseio,
o improvável se cumpre.
Como num passe de mágica,
eles dirão: - Foi só a tua sorte há brilhar!
As vezes olhamos para o nosso "futuro ideal" e analisamos como seria bom que as coisas acontecessem como imaginamos... Portanto perceba que o nosso futuro é a decorrência do nosso presente.
Assim fica minha lição, não espere o futuro porque ele já está acontecendo !
A utopia do futuro perfeito chama-se " O Agora".
Não é a primeira vez
Queria eu
Que fosse a última
Este é um dos meus notáveis erros invisíveis
Oculto pelo caráter
E pelo fato
De eu ser um depósito de questões mal-compreendidas
Ainda não encontrei a causa nobre
Ainda não achei o tal rumo a se seguir
Por vezes acabo nestes diálagos gritantes
Me censurando
Contradizendo meus valores
Tu eras a chama da resistência, lembra?
Seria um vício
Um tremendo erro
O que uma mente sozinha tem a oferecer?
Minhas doutrinas sempre estabeleceram uma tolerância
Devo levar em consideração
Estou em ascenção
Estou em ascenção
Estou em ascenção...
A verdade já foi dita
Os profetas, os sábios, os santos já diziam
A grotesca insatez humananos faz esquecer do óbivo
Passamos metade de uma vida querendo o futuro
E passamos a outra metade nos queixando do passado
O despertar da consciência
Acontece para quem está preparado
Até lá ficamos moldando nossas estátuas da ignorância
Defendendo nossas faces malignas
Estimando o conhecimento a tão pouco
Alegando que este é o máximo da evolução
Evolução
Ah!
Que palavra bela
Por que o presente é esquecido?
Mal me lembro do ano passado
A ansia de viver nos corrompe
E o comodismo assassina nossas oportunidades
Não há porque querer tempo
É querer peneirar areia
O aproveitamento dos momentos é reduzido
De tal modo que não herdamos nada
E este é o artifício genuíno
A única ''graça'' que nos vem sem pedir
Chega ser cômico
Não há porque querer tempo
Não há
A fácil manipulação da realidade
Para se tornar algo agradável
É vicioso
E esta é a tortuosa presença
Do falso anunciador da benção
O bem-aventurado futuro
Sempre com uma proposta diferente
Pega pela mão e leva consigo
E acabamos ali
Tentando segurar a porta para não entrar no necrotério
Agora fartos da esperança
Era tão ruim assim o presente?
Não era óbvio que uma armadilha no seu caminho de sempre
Poderia por ventura lhe prender?
Incerteza
Falência do pensar
O modo futuro-próspero estava ligado
E não pude notar que me rasgava entre as rosas
As mesmas que colheriam para o meu leito.
As coisas não eram tão bizarras assim
Eu tinha um controle sob as circunsntâncias
Não deixava que a a angústia me fizesse visita
O meu medo para falar a verdade
Sempre foi viver uma vida sem questionar nada
Mas de tal forma
Mesmo que feliz e santificada
Por algum motivo desaba
A conformidade
Vai além de aceitar as verdades
Mas também de se aceitar as mentiras
Que sabemos que são mentiras
Mas fazem parte de nossa peça teatral
A perdição
O porre de lágrimas que tomei
Foi por causa da comparação
Maldita comparação
Me oferecendo assim
No instante e de prontidão
Uma taça de egoísmo
Brindamos naquela magia
E naquele telão
Mostrava o quanto eu perdi
O quanto uma ação pesara
O quão grande é o peso de uma autonomia
Evento com algum propósito
Talvez um sacode da vida
De que a injustiça é rara
E para elevar-me á aquele pódio de importância
Seria necessário um pouco de fábula
Pois aquela colocação minha fraqueza impede
Já saciado pela inveja e arrependimento
Pude ver o quão mesquinho é o crítico
O apontador de defeitos
O preguiçoso analítico
As oportunidades foram as mesmas
Que trunfe o esforçado
E o blasfemador sem cor
Que se contenha com sua própria presença.
O tempo é como um rio em movimento. Tudo que existe, pertence ao rio. Tudo na superfície do rio se move com a mesma velocidade. Conforme um objeto A aumenta a sua densidade, ele afunda, mas ainda se move com o rio.
Se tivermos dois objetos, podemos criar um referencial.
Conforme o objeto A afunda, a sua velocidade diminui. Em referência ao objeto B da superfície, percebemos que a distância entre eles aumenta, conforme o objeto A afunda.
das linhas antes minhas
perdoai os versos dúbios,
as não-conclusões.
eu me afeiçôo
ao fervilhar das idéias;
induzo e vós deduzis,
insinuo e vós pensais.
ao fazer me desfaço,
ao escrever me despertenço
sobretudo, sobre mim,
instigo-vos.
o mundo vai além das minhas dúvidas.
há em mim ramagens estranhas.
diria, tenho nas entranhas,
todas as árvores do mundo.
admiro a possibilidade que sinto múltipla por ser simples
e, sorrio à que percebo complexa por ser única.
deram-me o amor para existir
e, no que amo, a existência suprema e lenta,
instala seu lume.
e só de plumas é o anjo que me pensa e sente
a jura de alegria com o soluço da mente na boca.
toda minh’alma é um lenço convulso por entre as folhas.
as coisas com que falo
têm a voz dos princípios e desertos,
têm todas as vozes dos perdidos,
e me seguem, ouvindo.
me aquieto no escuro
como quem foge ou se esconde
e, neste esconder, cubro-me
de um ser tão ínfimo para o mundo,
quanto é branda a calmaria das horas
a quem tem a eternidade para si.
quando a ausência de tudo está em mim,
sinto-me, em tudo, mais presente.
durmo, e não sei a tranqüilidade santa
de quem, verdadeiramente, dorme.
cada dia é um oráculo que circunda
e realça o sentimento, e na leveza que me enleva,
vislumbro a sombra que me inunda
e a luz que me sucumbe.