Poemas de Fernando Pessoa -Salazar

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Os privilégios devem ser para o Senado, competindo aos senadores o simples respeito.

Ambos se enganam, o velho quando louva somente o passado, o moço quando só admira o presente.

Os homens desejam ser escravos em qualquer parte e colher aí a força para dominar noutro sítio.

Uma nuvem sobre a alma cobre e descobre muito mais a terra, do que uma nuvem no horizonte.

Não há coisa tão fácil como dar conselho, nem mais difícil do que sabê-lo dar.

O avarento, por um mau cálculo, sofre de presente os males que receia no futuro.

O mal que podem fazer os maus livros só é corrigido pelos bons; os inconvenientes das luzes são evitados por luzes de um grau mais elevado.

Os maus não são exaltados para serem felizes, mas para que caiam de mais alto e sejam esmagados.

Nós não temos nem a força nem as oportunidades de executar todo o bem e todo o mal que congeminamos.

O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente se embeleza.

Ninguém considera a sua ventura superior ao seu mérito, mas todos se queixam das injustiças dos homens e da fortuna.

A razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas.

Entre todas as diferentes expressões que podem reproduzir um único dos nossos pensamentos só há uma que seja a boa. Nem sempre a encontramos ao falar ou escrever; entretanto, o fato é que ela existe, que tudo o que não é ela é fraco e não satisfaz a um homem de espírito que deseja fazer-se entender.

Desejaria que houvesse o cuidado de lhe escolher [à criança] um condutor [preceptor] que antes tivesse a cabeça bem feita do que muito cheia.

As épocas perturbadas fazem perder tempo. Só se pensa em salvar a cabeça, e não há tempo para fazer mais nada.

Os males da vida são os nossos melhores preceptores, os bens, os nossos maiores aduladores.

Quanto mais independentes formos, devido à fortuna, tanto mais escravizados seremos pelos sentimentos e pelos deveres.

Os moços, por falta de experiência, de nada suspeitam, os velhos, por muito experimentados, de tudo desconfiam.

Os homens são geralmente tão avaros do seu dinheiro, como pródigos dos seus conselhos.

Os anarquistas são como os jogadores infelizes ou inábeis, que, baralhando muito as cartas, ou mudando de baralhos, esperam melhorar de fortuna e condição.