Poemas de Fernando Pessoa -Salazar

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É um gládio perigoso o espírito, mesmo para o seu possuidor, se não sabe armar-se com ele de uma maneira ordenada e discreta.

A avareza é um nó corredio que aperta cada dia mais o coração e acaba por sufocar a razão.

Acontece muitas vezes que somos estimados na proporção em que nos estimamos a nós mesmos.

Um versificador não considera ninguém digno de ser juiz dos seus versos; se alguém não faz versos, não sabe nada do assunto; se faz, é seu rival.

É triste a condição de um velho que só se faz recomendável pela sua longevidade.

Há muitas ocasiões em que os ricos e poderosos invejam a condição dos pobres e insignificantes.

Se a vida é um mal, por que tememos morrer; e se um bem, por que a abreviamos com os nossos vícios?

Aqueles que se aplicam muito minuciosamente a coisas pequenas, frequentemente tornam-se incapazes de coisas grandes.

Há homens que parecem grandes no horizonte da vida privada e pequenos no meridiano da vida pública.

Ninguém resiste à lisonja sendo administrada, oportunamente, com a perícia e destreza de um hábil adulador.

Nenhum homem é tão bom como o seu partido o apregoa, nem tão mau como o contrário o representa.

No mundo apenas há duas classes de homens: os que têm e os que ganham. Os primeiros deitam-se, os outros agitam-se.

O maior ladrão não é o que rouba por nada ter, mas o que tendo dá morte, para roubar mais.

Os homens poderiam parecer-nos mais justos ou menos injustos, se não exigíssemos deles mais do que podem ou devem dar-nos.

A opinião pública é sujeita à moda, e tem ordinariamente a mesma consistência e duração que as modas.

Quando não se sabe entreter-se e divertir-se a si mesmo, quer-se entreter e divertir os outros.

Descontentes de tudo, só nos contentamos com o nosso próprio juízo, por mais limitado que seja.

Qualquer Francês deseja beneficiar de um ou mais privilégios. É a sua maneira de afirmar a sua paixão pela igualdade.

Não se reconhece tanto a ignorância dos homens no que confessam ignorar, como no que blasonam de saber melhor.

Sucede aos homens como às substâncias materiais, as mais leves e menos densas ocupam sempre os lugares superiores.