Poemas de Escritores Famosos

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Quando explicamos a poesia ela torna-se banal. Melhor do que qualquer explicação é a experiência directa das emoções, que a poesia revela a uma alma predisposta a compreendê-la.

Que o homem seja nobre, prestativo e bom, pois só isso o distingue de todos os outros seres.

Se você tratar um indivíduo como ele é, ele permanecerá como é. Mas se você o tratar como se fosse o que deveria ser, ele se transformará no que deveria e poderia ser.

Sinto meu coração mais enfermo do que aqueles que definham sobre um leito de dor.

Noturno do Andarilho

Em todos os cumes:
sossego.
Em todas as copas
não sentes
um sopro, quase.

Os passarinhos calam-se
na mata.
Paciência, logo
sossegarás também.

Johann Goethe

Nota: Tradução de Rubens Torres Filho

"O coração mais puro. O amor mais lindo. O sorriso mais sincero. A palavra mais bela. Não valem nada, quando o caráter é inválido."

O Mundo é um Moinho

Cartola


Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

Carlos Drummond de Andrade

“Alguns, como Cartola, são trigo de qualidade especial. Servem de alimento constante. A gente fica sentindo e pensamenteando sempre o gosto dessa comida. O nobre, o simples, não direi o divino, mas humano Cartola, que se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada. O som calou-se, e "fui à vida", como ele gosta de dizer, isto é, à obrigação daquele dia. Mas levava uma companhia, uma amizade de espírito, o jeito de Cartola botar lirismo a sua vida, os seus amores, o seu sentimento do mundo, esse moinho, e da poesia, essa iluminação.

(Carlos Drummond de Andrade)

Como um cego, grita a gente: ‘Felicidade, onde estás?’ Ou vai-nos andando à frente, ou ficou lá para trás.

"Mas se Deus é as flores e árvores
e os montes e sol e o luar,
então acredito nEle,
então acredito nEle a toda a hora".
(Fragmentos extraídos do livro “Fernado Pessoa – Obra poética II” – Organização: Jane Tutikian – Editora L&PM, Porta Alegre – RS, 2006).

Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís de Camões

Nota: Trecho adaptado de soneto de Luís de Camões.

“Quando nossas ideias se chocam com a realidade, o que tem de ser revisado são as ideias.

Eu não sei se tem alguém do outro lado da linha, mas ser um agnóstico significa que todas as coisas são possíveis, mesmo Deus. Este mundo é tão estranho, tudo pode acontecer, ou não acontecer. Ser um agnóstico me permite viver em um mundo mais amplo, em um mundo mais futurístico. Isso me faz mais tolerante.

Felizes os valentes, os que aceitam com mesmo ânimo a derrota ou os aplausos.”

Penso que as Palavras essenciais que me expressam se encontram nessas folhas que nem sabem quem sou.

A velhice pode ser o nosso tempo de ventura. O animal está morto, ou quase morto. Restam o homem e a alma.

Somos nossa memória, somos esse quimérico museu de formas inconstantes, esse montão de espelhos rompidos.

Deixe que os outros se orgulhem do número de páginas que escreveram. Eu prefiro me gabar das que eu li.

"Mas não falemos de fatos. Já a ninguém importam os fatos. São meros pontos de partida para a invenção e o raciocínio”.

(em 'O livro de Areia' (1975).. [tradução de Morrone Averbuck]. São Paulo: Editora Globo, 1999.)

A bela máscara mudou,
mas como sempre é a única.
De que me servirão meus talismãs:
o exercício das letras, a vaga erudição,
o aprendizado das palavras que usou
o vago norte para cantar seus mares e suas espadas,
a serena amizade, as galerias da biblioteca,
as coisas comuns, os hábitos,
o jovem amor de minha mãe,
a sombra militar de meus mortos,
a noite intemporal, o gosto do sonho?
Estar ou não é a medida do meu tempo.
O cântaro já se quebra sobre a fonte,
já se levanta o homem à voz da ave,
já escureceram os que olham pelas janelas,
mas a sombra não trouxe a paz.
É, eu sei, é o amor:
a ansiedade e o alívio de ouvir tua voz,
espera e a memória, o horror de viver o sucessivo.

Eu sou o único homem sobre a Terra e talvez
não haja nem Terra nem homens.
Pode ser um deus me engane.
Pode ser que um deus tenha me condenado ao tempo,
essa longa ilusão.
Eu sonho a lua e sonho meus olhos
que a percebem.
Sonhei a noite e a manhã do primeiro dia.
Sonhei Catargo e as legiões
que devastaram Catargo.
Sonhei Lucano.
Sonhei a colina do Gólgota
e as cruzes de Roma.
Sonhei a geometria,
Sonhei o ponto, a linha, o plano
e o volume.
Sonhei o amarelo, o vermelho e o azul.
Sonhei os mapas-mundi e os reinos
e o luto à aurora.
Sonhei a dor inconcebível.
Sonhei a duvida e a certeza.
Sonhei o dia de ontem.
Mas talvez não tenha tido ontem,
talvez eu não tenha nascido.
Sonho, talvez, que sonhei.