Poemas de Érico Veríssimo
-Menina - pensa Amaro. - Tu nunca poderias compreender. Nem tu nem ninguém sabe quanta ternura há em mim. Eu hei de ser sempre para vocês todos o seu Amaro melancólico e taciturno, o seu Amaro que trabalha num banco e faz música nas horas vagas, o seu Amaro que vai ler livros à sombra dos plátanos, o seu Amaro que não sabe fazer um gesto de amizade nem de acolhimento. Vocês nunca compreenderão. E tu, menina, não podes compreender também a alegria íntima que me dás. Porque és poesia, és música, és... nem sei o que és... Tudo isto se pode sentir, tudo isso se pode pensar. Mas nada disto se pode dizer. Seria piegas, seria idiota, como seria idiota também eu dizer que te amo. Tenho mais de o dobro da tua idade. E algumas rugas no rosto. Pirolito não pode apanhar o raio de sol. O raio de sol é de um outro mundo. Clarissa, se eu pudesse te falar, se tu pudesses entender... Eu te pediria que nunca desejasses que o tempo passasse. Eu te pediria que fizesses durar mais e mais este momento milagroso. A vida é má, menina, a vida envenena. Amanhã serás gorducha e prática como titia. Amanhã terás filhos, te transformarás numa matrona respeitável. Onde estará então a menina em flor que corria no pátio atrás das borboletas? Mas tu tens curiosidade de conhecer a vida... É natural. Talvez nem compreendas a significação deste momento. Quanta coisa eu teria para dizer se eu pudesse falar, se pudesses entender..."
Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu”.
As mesmas pessoas aparecem com suas roupas domingueiras, as mesmas pessoas de todos os domingos. A igreja tem o mesmo cheiro, o padre a mesma voz e o sermão a mesma monotonia.
...Quero que acordes enquanto é tempo.Peço-te que pegues a Bíblia e leias o Sermão de Montanha.Os homens deviam ler e meditar ,principalmente no ponto em que JESUS nos fala dos lírios do campoEstá claro que naõ devemos tomar as parábolas ao pé da letra.É indispensáveltrabalhar ,mas dar um sentido humano as nossas construções´.Há um grande trabalho a realizar.É TAREFA para corações corajosos.NAÕ PODEMOS CRUZAR OS BRAÇOS ENQUANTO APROVEITADORES SEM ESCRÚPULOS ENGENDRAM AMBIOSAS E CRUÉIS TRAIÇÕES!TEMOS DE FAZER-LHES FRENTE.
E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar”.
Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?”
As estrelas eram um símbolo de pureza, qualquer coisa intangível que a mão dos homens ainda não conseguira poluir.
As criaturas que chafurdavam na lama podiam salvar-se se ainda tivessem olhos para ver as estrelas.
Naquela noite ele precisava de estrelas, de muitas estrelas, para se convencer de que havia esperança no mundo.
Devo lembrar... que os de Tal, família composta de párias, de marginais, constituem uma das mais antigas estirpes do Brasil. Suas origens datam do tempo do Descobrimento. OS de Tal são brasileiros de quinhentos anos.