Poemas de Dostoiévski

Cerca de 152 poemas de Dostoiévski

Não são os milagres que inclinam o realista para a fé. O verdadeiro realista, caso não creia, sempre encontrará em si força e capacidade para não acreditar no milagre, e se o milagre se apresenta diante dele como um fato irrefutável, é mais fácil ele descrer de seus sentidos que admitir o fato.

Oh, que baixo eu caí! Não, do que eu necessitava era das suas lágrimas; o que eu precisava era de ver o seu medo, ver como o coração lhe doía e se despedaçava! Eu precisava de agarrar-me a qualquer coisa, de pactuar, de contemplar um ser humano! E tinha-me a resumir em mim mesmo tantas ilusões, e sonhar tantas coisas de mim, eu, que sou um mendigo, insignificante e reles, reles!"

As aparições são, por assim dizer, pedaços ou fragmentos de outros mundos, o seu princípio. É claro que o homem são não tem motivo para vê-las, porque o homem são é o homem mais terreno, e deve viver uma vida terrestre, atendendo à harmonia e à ordem. Mas quando adoece, ou quando a ordem terrena se altera no organismo, começa imediatamente a mostrar-se a possibilidade de outro mundo, e, quanto mais doente, tanto mais em contato se encontra com esse outro mundo, de maneira que, quando morre completamente, o homem vai direto para esse mundo.

Fiódor Dostoiévski

Nota: Trecho de Crime e Castigo

Os moradores saíram por onde entraram, um por um, com esse estranho sentimento de satisfação íntima que o homem mais compassivo não pode esconder diante do sofrimento alheio, seja até do amigo mais querido, do maior amigo.

⁠O que os homens mais temem acima de tudo? O que for capaz de mudar-lhes os hábitos.

Fiódor Dostoiévski
Crime e Castigo. São Paulo: Jardim dos Livros, 2020.

Quanto mais amo a humanidade em geral, menos amo os homens em particular, ou seja, em separado, como pessoas isoladas.

O homem suporta muita coisa terrível na face da terra, uma enormidade de infortúnios.

A moderna sociedade burguesa, uma sociedade que desenvolveu gigantescos meios de troca e produção, é como o feiticeiro incapaz de controlar os poderes ocultos que desencadeou com suas fórmulas mágicas.

⁠Dor e sofrimento são sempre inevitáveis à grande inteligência e ao coração profundo.

⁠Acontece às vezes encontrarmos pessoas desconhecidas por quem nos interessamos à primeira vista, antes mesmo de termos trocado com elas uma palavra.

Fiódor Dostoiévski
Crime e Castigo. São Paulo: Martin Claret, 2007.

⁠Fuja da mentira, de toda e qualquer mentira. Particularmente de mentir para si mesma.

Fiódor Dostoiévski
Os irmãos Karamázov. São Paulo: Editora 34, 2019.

⁠Como passam rápido os anos! E a gente volta a perguntar a si mesmo: Que fizeste de teus anos? Onde enterrastes o teu tempo? Viveste ao menos? Ou não?

Fiódor Dostoiévski
Noites brancas. São Paulo: Editora 34, 2009.

⁠Os pobres e os desgraçados deviam viver longe uns dos outros, para que as suas misérias se não agravassem mutuamente.

⁠Crê até o fim, mesmo que todos os homens tenham se desviado e tenhas ficado fiel sozinho.

Os irmãos Karamázov

Arminianismo Brasil

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A razão satisfaz apenas a faculdade de raciocinar do homem, enquanto que a vontade é a expressão da totalidade da vida, ou seja, da vida humana inteira, inclusive a razão e seus escrúpulos; e embora nessa vida, tal como se exprime assim, se torna às vezes má, nem por isso deixa de ser a vida, e não uma extração de raiz quadrada.

Fiódor Dostoiévski
F. Dostoiévski - Memórias do Subsolo, 1864

Um sonhador - para explicar-me mais concretamente- não é um homem, fique sabendo,mas uma criatura de sexo neutro. Geralmente o sonhador costuma viver fora do mundo, num refúgio, como se se escondesse da luz do dia,e, uma vez instalado no seu esconderijo,vive e cresce nele tal como um caracol na sua concha ,(...) animal e sua própria morada (...) tartaruga".
Dostoiévski in Noites Brancas

De um modo geral os russos são um povo de vista ampla, como sua terra, com uma extrema inclinação para o fantástico, para o desordenado.

Eu, dizia, viro inimigo das pessoas mal elas roçam em mim. Em compensação, sempre acontecia que quanto mais eu odiava os homens em particular, mais ardente se tornava meu amor pela humanidade em geral.

[...] Mentir a seu modo é quase melhor do que falar a verdade à moda alheia; no primeiro caso és um ser humano, no segundo, não passas de um pássaro! A verdade não foge e a vida a gente pode segurar com pregos; exemplos houve. E hoje, o que nós fazemos? Todos nós, todos sem exceção, no que se refere à ciência, ao desenvolvimento, ao pensamento, aos inventos, aos ideais, aos desejos, ao liberalismo, à razão, à experiência e tudo, tudo, tudo, tudo, ainda estamos na primeira classe preparatória do colégio! Nós nos contetamos em viver da inteligência alheia dos outros - Não é verdade? Não é verdade o que estou falando - gritava Razumíkhin, sacudindo e apertando as mãos de ambas as senhoras - Não é verdade?

Fiódor Dostoiévski
Crime Castigo, pág: 214

⁠Não há nada de mais vexatório que ser, por exemplo, rico, de boa família, de aspecto distinto, passavelmente instruído, nada tolo, até mesmo bom, e não ter, entretanto, nenhum talento, nenhum traço pessoal, nenhuma singularidade mesmo, nada pensar de seu; enfim, ser positivamente como todo mundo.

Fiódor Dostoiévski
O Idiota. São Paulo: Martin Claret, 2015.