Poemas de Dostoiévski
Não procures um prêmio, pois tens uma grande recompensa sobre a terra: a alegria espiritual que só o justo possui.
Mas diga-me: não está arrependida de não me ter repelido quando eu me aproximei? Foram apenas dois minutos mas tornou-me feliz para sempre.
Aquele que tem sentimentos sofre reconhecendo o seu erro. É seu castigo, independentemente da prisão. (Crime e Castigo)
Quando estou sentado ao seu lado e falo consigo, tenho medo de pensar no futuro, pois no futuro está novamente a solidão, novamente esta vida inútil cheirando a mofo; e com o quê vou sonhar se, desperto, fui tão feliz a seu lado?
Para a mulher, toda reforma, toda salvação de qualquer tipo de ruína e toda renovação moral está no amor.
Por que na minha alma vinha crescendo uma melancolia terrível por causa de uma circunstância que já estava infinitamente acima de todo o meu ser: mais precisamente ocorrera-me a convicção de que no mundo, em qualquer canto, tudo tanto faz.
Pensei em tudo o que poderia dizer e o repeti mil vezes a mim mesmo quando estava deitado na escuridão. Que lutas íntimas travei! Se soubesses como estava farto daquela vã tagarelice! Eu queria esquecer tudo e recomeçar a vida ponto termo, especialmente, aqueles solilóquios.
Eu chego a pensar que a melhor definição para o homem é: uma criatura que tem duas pernas e nenhum senso de gratidão.
O sofrimento sempre acompanha uma inteligência elevada e um coração profundo. Os homens verdadeiramente grandes experimentam uma grande tristeza, acometido de uma melancolia súbita.
É claro e evidente que o mal se insinua no homem mais profundamente do que supõem os médicos socialistas. Em nenhuma ordem social é possível escapar ao mal e mudar a alma humana: ela própria é a origem da aberração e do pecado.
Sobretudo não minta a si mesmo. Aquele que mente a si mesmo e escuta sua própria mentira vai ao ponto de não mais distinguir a verdade, nem em si, nem em torno de si; perde pois o respeito de si e dos outros. Não respeitando ninguém, deixa de amar.
Tudo depende do ambiente, do meio em que o homem se encontra; tudo consiste no meio; o homem, em si mesmo, não é nada.
Naquele tempo eu sempre dizia a mim mesmo “Já que vês a tolice alheia, porque não procuras te mostrar inteligente?”. Mais tarde compreendi que esperarmos que todos se tornem inteligentes é arriscar-nos a perder muito tempo. (Crime e Castigo)