Poemas de Dostoiévski

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As coisas mais insignificantes têm às vezes maior importância e é geralmente por elas que a gente se perde.

É muito fácil viver fazendo-se de tonto. Se o tivesse sabido antes, ter-me-ia declarado idiota desde a minha juventude, e poderia ser que, por esta altura, até fosse mais inteligente. Porém, quis ter engenho demasiado depressa, e eis-me aqui agora, feito um imbecil.

Meu Deus! Um momento de felicidade! Sim! Não será isso o bastante para preencher uma vida?

[...] é permitido a todo indivíduo que tenha consciência da verdade regularizar sua vida como bem entender, de acordo com os novos princípios. Neste sentido, tudo é permitido [...] Como Deus e a imortalidade não existem, é permitido ao homem novo tornar-se um homem-deus, seja ele o único no mundo a viver assim.

Não há desgraças para os corações débeis. A desgraça requer um coração forte.

E vocês sabem o que é um sonhador, cavalheiros? É um pecado personificado, uma tragédia misteriosa, escura e selvagem, com todos os seus horrores frenéticos, catástrofes, devaneios e fins infelizes... um sonhador é sempre um tipo difícil de pessoa porque ele é enormemente imprevisível: umas vezes muito alegre, às vezes muito triste, às vezes rude, noutras muito compreensivo e enternecedor, num momento um egoísta e noutro capaz dos mais honoráveis sentimentos... não é uma vida assim uma tragédia? Não é isto um pecado, um horror? Não é uma caricatura? E não somos todos mais ou menos sonhadores?

Os criadores e os gênios, no início da sua carreira, quase sempre, e muitas vezes até no fim, sempre foram considerados pela sociedade como uns parvos e uns loucos — é esta uma das observações mais triviais e sabidas.

Soube tocar o coração do seu amigo até atingir as cordas mais profundas e suscitar nele a primeira sensação, ainda indefinida, daquela melancolia eterna e sagrada que uma alma escolhida, uma vez tendo-a experimentado e conhecido, nunca mais trocaria por uma satisfação barata.

Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?

Agora mesmo tinha que reconhecer que, às vezes, os seus pensamentos se confundiam e se sentia fraco.

É curioso: de que será que as pessoas têm medo? O que mais temem é o primeiro caso, a primeira palavra...

Não é encerrando o teu próximo numa casa de saúde que provarás que tens razão.

Sou mestre na arte de falar em silêncio.
Toda a minha vida falei calando-me
e vivi em mim mesmo tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra...

Sou mestre na arte de falar em silêncio.
Toda a minha vida falei calando-me
e vivi em mim mesma tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra...

- Por que não fazes nada?
- Eu faço...
- O quê?
- Um trabalho...
- Que trabalho?
- Penso.

Só existe uma única idéia suprema sobre a terra:
o conceito da imortalidade da alma humana;
todas as outras idéias profundas pelas quais
os homens vivem não passam de extensão dela.

Quanto mais bebo mais sinto as coisas. É por isso que bebo, porque na bebida encontro sofrimento... Bebo porque quero sofrer em dobro!

(Crime e Castigo)

Toda a gente se arranja como pode e, de todos, aquele que melhor vive é o que melhor sabe iludir-se a si próprio.

(Crime e Castigo)

Não consegui chegar a nada, nem mesmo tornar-me
mau: nem bom nem canalha nem honrado nem herói
nem inseto. Agora, vou vivendo os meus dias em meu
canto, incintando-me a mim mesmo com o consolo raivoso
- que para nada serve - de que um homem inteligente não
pode, à sério, tornar-se algo, e de que somente os imbecis
o conseguem...

Fiódor Dostoiévski
In Memórias do Subsolo

Sou um sonhador; a minha vida real é tão reduzida que momentos
como estes que agora vivo são para mim de tal modo preciosos
que não poderei evitar de os reproduzir nos meus sonhos.

Quando não se tem experiência, não se pode julgar coisa alguma.

(Memórias da Casa dos Mortos)