Poemas de Dor
Os Cegos do Castelo
Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho, o lugar
Pro que eu sou
Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou
E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim
O ser humano tem medo da morte porque tem medo da dor.
Não creio que uma pessoa em sã consciência
possa mesmo desejar que exista vida após a morte.
A recordação da felicidade já não é felicidade;
A recordação da dor ainda é dor.
Prazer e dor são representados com os traços gêmeos, formando como que uma unidade, pois um não vem nunca sem o outro; e se colocam um de costas para o outro porque se opõem um ao outro.
O prazer não é um mal em si; mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade.
Não há maior dor do que a de nos recordarmos dos dias felizes quando estamos na miséria.
É possível repousar sobre qualquer dor de qualquer desventura, menos sobre o arrependimento. No arrependimento não há descanso nem paz, e por isso é a maior ou a mais amarga de todas as desgraças.
Tal é o prazer e a dor... saem de um tronco único porque têm uma só e mesma base, eis que cansaço e dor são a base do prazer e os prazeres vãos e lascivos estão na base da dor.
Cada adversidade, cada fracasso, cada dor de cabeça carrega consigo a semente de um benefício igual ou maior.
Na verdade, só existe prazer no uso e no sentimento das próprias forças, e a maior dor é a reconhecida falta de forças onde elas seriam necessárias.
Pouco dura a dor que termina em lágrimas, e muito longo é o período em que o sofrimento permanece no coração.
A esperança é a poesia da dor, é a promessa eternamente suspensa diante dos olhos que choram e do coração que padece.
A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.