Poemas de Chuva
VOCÁBULO
Com a chuva...
O verde, há vida bate palmas
pássaros aos ventos, expressam as asas.
Peixes nas águas, rabanadas
joão-de-barro no galho, faz sua casa
pra viver com sua amada.
As invernadas incorporam-se as cores
enquanto o dia, amanhece louvando amores.
Antonio Montes
FLORES DE OZÔNIO
Com a chuva da língua sumida
a plantação de palavras, não arriba,
e esse sol ardente em chamas, inflama
... Pelos cumes dos arrebóis,
pelas sementes da vida,
pela enxurradas que carregam as lamas.
O poeta deixa de colher suas flores
de cores vivas, meigas queridas...
e perdeu a hora do alvorecer da criação,
atualmente tem sido, tingido pelas sombras
e sobre o escuro do seu desengano
nem uma pétala sobre as flores caídas
tem voado no jardim do seu triste coração.
Todavia a ampulheta do imaginar quebrou-se
e as areias, do seu tempo, esvoaçou ao ar
e sobre o vento impiedoso do deserto
o poeta perdeu-se nas margens do seu amar.
Assim como um passe de mágica
deixou de encher suas sesta de meiguice
e com ramalhetes que todavia te fez feliz...
Perdeu as flores pelo caminho da fosca visão
as quais deram vida ao tilintar da vida
e hoje, trocadas pela modernidade
estão sobre os jardins dos sonhos, esquecidas.
Com a sequidão dos sentimentos,
o poeta não é capaz de sentir o gosto do riso,
e sob o rosto de um meigo menino,
não sente o piscar feliz da bela mulher
nem tão pouco vê o arco-íres
esbanjando suas cores sobre as nuvens...
Agora o pesadelo flutua em seu sonho
não consegue colher ilusões
nem embarcar na canoa das fantasias.
É meu poeta...
Abra o diafragma para alegria
abrace a simplicidade e siga com suas braçadas
pelos oceanos dos sonhos,
assim quem sabe, a chuva cairá
e você voltará a colher suas flores...
Nas retinas do seu ameaçado ozônio.
Antonio Montes
Um pingo de água
Caiu sobre mim
Logo vem a chuva
Correndinho devo ir
Molhado logo estou
Sendo que a tempestade me pegou
De que adiantou fugir
Se a chuva me lavou
Agora vou pisar, pular e sorrir
Estou todo molhado
Não tem como não sentir
Assim deixo minha alma fluir.
Dezembro Chuvoso.
Lá fora chovia, os gritos apaziguavam o barulho da chuva
Mas a chuva real era dentro do meu peito
A tempestade sem calmaria.
Me lembro bem que não te conhecia,
O meu nome você não se esquecia
Ao me lembrar entre as brincadeiras bobas onde não era necessário a citação de algo referente á mim.
Poderia ser qualquer pessoa,
Uma menina que eu não gostasse ou uma completa desconhecida, um familiar.
Mas dentre tantas, você escolheu minha melhor amiga.
Mas as pessoas não são substituíveis, ainda que tente
Estarei nas lembranças,
Pois ninguém tem meu cheiro, minha cor, meu timbre de voz ou meu jeito.
Sua bebida não irá me substituir,
Seu cigarro não irá preencher a parte do seu peito que te falta, exceto te intoxicar
Nosso amor morreu, como cristal que se quebra e não mais se reconstitui,
Mas vivo em sua mente e isso você não pode evitar.
Morto por dentro, zombie que não tem vida
Se alimentando do amor daqueles que ainda acreditam,
Sua vida é uma mentira, e sua mentira suja a pureza do coração daquelas que acreditaram.
Vida artificial, manequins ambulantes,
O emprego dos “sonhos”, a namorada inflável
Espero que a superficialidade preencha seu ser, pois uma alma foi vendida.
Se rasteje por outras bocas, outros corpos, outras camas
Engane outros corações, infecte outras mentes
Mas depois de tudo, o que tenho a te dizer é: Obrigada.
Você me fez mais forte, me transformou em mulher
Me fez enxergar o quanto eu era linda, inteligente
Me fez ver o quão podre e ruim você é.
Estar longe de você é me curar de uma doença,
Me livrar de uma carga pesada.
E hoje, estou livre para amar novamente,
Um amor puro que, ao invés de me matar, me preenche.
Tão pequena
e tão importante
ri como menina
grita como gigante
a minha cura
minha chuva e meu sol
atrelado a mim
os meus problemas
minha falta de noção
ela não lida com a mente
ela cuida do meu coração
PINGOS DE CHUVA
❤╰⊱♥⊱╮❤
Procura-me na pacatez do pensamento
Procura-me no silêncio do parque
Procura-me na poesia mais simples
Procura-me quando mais te convir
Procura-me no aroma das flores
Procura-me no canto das baleias
Procura-me na liberdade dos golfinhos
Procura-me na chuva de verão
Procura-me nos pingos que molham a terra
Procura-me na verdura do jardim
Procura-me no olfato que piso
Procura-me nas árvores entre as folhas
Procura-me no fundo do pomar
Procura-me no deserto da minha alma
Procura-me na noturna sombra de mim
Procura-me na noite entre as estrelas
Procura-me nas ondas do meu amado mar
Procura-me na nudez da minha alma
Procura-me na pedra do sono
Procura-me no canto da cotovia
Procura-me nas margens do rio Sabor
Procura-me no rosário de um belo cristal
❤╰⊱♥⊱╮❤
Caminhava sem saída pela estrada cinza
Calva chuva convidava os pés ao vil tormento
Alma curva pelos riscos do céu perturbado
Riso frouxo e amarelo, voz do sofrimento.
Caminhava sem lugar, sem chão, sem paciência
Agarrado ao desespero, ao destempero, e ao frio.
Não pensava, não olhava, tudo era vazio.
Seu destino, indigência, grito e cova funda.
Silêncio!
Sofrer é assim!
Passos largos em corda bamba
passos largos em corda bamba
em dias de chuva se escorrega na lama
pedro quebrou o braço
sim!
um passo
um passo errado
um movimento tímido calado
exacerbou-se em teorias
dizia ele:
onde a trevas
há luz
há sombras
eu não quero estar aqui
quando as bambas estourarem
não brinco de juiz
não me disfarço em réu
aceito meu inferno
mas me fale do céu
então vá pedro
pois agora sebes a verdade
a pluralidade dos erros
a dor do mundo
agora sabes ir bem fundo
desvairou-se por mais uma vez
vê agora o canto o vomito
triste fim de pedro
sabes a moral dos vencidos e dos vencedores
Um bom copo de leite durante a chuva
Faz mais sentido do que a possibilidade de ficar resfriado.
Escolher o melhor é o segredo
Se a chuva pode me resfriar escolho então com leite me aquecer
Qualquer possibilidade pode existir
Escolher o melhor é o segredo
Pigmentos
Pingos de chuva
Pincelando em gotas
Escorrendo sobre a terra
o choro do céu
Pigmentos de (alegrias)
Outrora (tristezas)
Pintando o (tudo)
Com a cor do (nada)
Vindas e idas
Numa velha estrada
Pássaros Chuvosos
Hoje acordei com barulho de chuva no telhado.
Mas... Que chuva diferente...
Um pingo aqui, outro acolá,
Sem a harmonia que a chuva geralmente tem.
Apurei o ouvido e percebi que a chuva era,
Na verdade, os pés dos pássaros no telhado...
Não era chuva, por fim. Eram pássaros chuvosos...
Chuva, podias vir de leve, molhar a terra...
Ouvir seu barulho na janela...
Se resolver chegar, chega de mansinho,
Falando baixinho, pra não me acordar.
Seja singela, molhando a terra, sem nada esperar...
Doce chuva, que falta você faz.
Mãe Natureza
A neblina afaga os cumes das montanhas com o seu gélido hálito, a chuva precipita-se dos céus sobre a terra sedenta, a floresta recebe esta dádiva, absorvendo cada gota que cai no seu âmago enquanto o vento agita as suas copas, é um bailado, em que o ciclo da vida se envolve numa dança intima entre os elementos. Não haverá Primavera sem um Inverno, não haverá flor sem que a planta mate a sede que o Verão quente lhe infringiu, Esta cadeia de acontecimentos é controlada pelo equilibro da Mãe Natureza, que em toda a sua imensidão nos oferece em cada estação a beleza destes momentos.
Gosto de ficar sentado, sempre que sinto o astro molhado, a ver a chuva cair, é como alento, como ter a certeza que uma Primavera está porvir.
A grama da colina
Amanheceu toda molhada
Devido à chuva fina
Que caiu de madrugada
e de repente me lembrei
de outras tantas manhãs
Que jamais haverão de retornar
Num tempo em que eu não sabia
O que sentia ou quê sentir
Agora o dia amanheceu
Sem borboletas nem café
Sem sorriso de mãe
nem nada a tocar no rádio
Amanheceu um dia assim
Que me fez lembrar do começo
de algo que eu nem sabia o que era
Sabia que sempre amanhecia
Mas não achava que
Com o passar das primaveras
Aquilo que eu nem sabia o que era
haveria de tanto mudar
E mesmo assim o amanhecer
Ainda traz grama molhada
mas agora eu sei
Os janeiros, os verões, e os amanheceres
Me ensinaram quem eram
E o quê eu devia sentir
A cada vez que visse
Findar mais uma madrugada
E de tanto aprender
Hoje
Não sinto absolutamente
Nada.
CHUVA DE GRANITO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Fiquei confuso e assustado ao obter de um amigo informação de que houvera uma forte chuva de granito em sua cidade. Se uma chuva de granizo já é capaz de causar estragos, e a depender da intensidade ou do tamanho das pedras até mesmo tragédias, imagine o que não faria uma chuva de granito, ardósia ou mármore.
Confesso, entretanto, que a informação de meu amigo também me levou a fantasiar. Sou mesmo assim, em razão de meu espírito gravemente poeta... e sem cura. Imaginem vocês, que de muito fantasiar durante o dia, tive um sonho inusitado, à noite. Tudo por culpa da informação fantástica de meu amigo.
No sonho, meu quintal bastante arborizado, até bucólico, foi presenteado por uma chuva fina, inofensiva e bela, não de granizo, granito, ardósia nem mármore, mas de rubi. Rubi em grãos delicados que pousavam suavemente sobre as folhas das árvores e deslisavam ao chão, onde pude colhê-los, feliz da vida.
Os caranguejos e o Guarujá
Apesar dos pesares, da chuva e do vento forte que sacudiram hoje o Guarujá o prato do dia é caranguejo.
A Câmara continua marchando para trás, a Prefeita no caldeirão fervente e nós, na lama, bebendo os últimos goles no volume morto da reserva de esperanças de termos um dia uma administração honesta.
A chuva que lava não veio.
E não virá a administração honesta, porque o que existe são candidatos ao espólio de uma sucessão de ladrões que criaram a teia que exaure os cofres públicos com licitações duvidosas, contratações ilegítimas e péssima administração dos bens públicos.
Precisamos mais que uma chuva, mais que uma tormenta, quiça um furacão de bons ventos.
Quem sobreviver verá!
Sol e Chuva
Sol e Chuva dias tão cheio de magia.
Que ninguém entender,
Ás vezes sol, e logo chuva
Assim vem o tempo,
E hoje está sol e chuva...
O tempo tão confuso!
Não sabe se brilha ou se molha
E chuva cai sem pressa,
Não tem hora marcada
Só o tempo e capaz de entender,
O mistério da vida...
Quando a mente e capaz de desprender,
O mistério de toda beleza,
E assim também caminha minha mente
E assim vou caminhando com casacos
e botas e sobrinha,
No sonho de pura poesia!
Com sensações da magia do sol e chuva,
Que molhar e seca,
Todos meus caminhos confusos.
Pisei no fogo
Queimei a pele
Dancei na chuva
Pulei no rio
Andei descalça
Me desnudei,
Corri para o mar
Me banhei,
Com águas frias
Me sequei,
Fui...
Lá onde mora a felicidade
Bati na porta
Entrei,
Sentei sem pedi licença
Roubei momentos,
Furtei sorrisos,
Colhi beijos
E joguei pra tu.
Troca-se o ódio pelo o amor de verdade.
a chuva pelo sol
a tristeza pela alegria
a dor pelo conforto
o imperfeito pelo perfeito
os passos pelos voos
a guerra pela paz
a morte pela vida
troca-se a insegurança pela coragem.
troca-se a infelicidade e a dor
por apenas um amor.
SAUDADE
E o dia era só lamento
Lacrimejava o telhado com saudades dela
Nos dias de chuva tudo é mais difícil
O café na segunda xícara a esfriar
Ele ainda não se deu conta
De que ela se fora para sempre
Sua companhia agora, só a dor!