Poemas de Chuva
Chuva mãe
E quando chove, sair para trabalhar se torna um tormento,o trânsito lento,do frio só ouço lamento.Mas parei para pensar em quanto os vejo a reclamar - Maldita chuva,atrapalhou meu final de semana,minha praia,minha balada. Da janela perfeitamente da pra se vê a felicidade das plantas, o balanço,o auê. Enquanto emburrados estamos olhando dos vidros do ônibus,lá fora elas cantarolam,refrescando suas raízes,a raridade caindo das nuvens que choram.
Chuva: você reclama, as plantas comemoram.
Não creio em minorias…
Nos campos de cima da serra, quando a chuva cai, as dezenas de riachos, córregos e nascentes vão se unindo até que em instantes os pequenos rios se transformam, por alguns momentos, em fortes mananciais de água que vão derrubando e levando o que encontram pela frente. Nunca acreditei em minorias, acredito sim em grupos desunidos e conformados. Não acredito em armas, mas duvido que exista alguma mais forte do que a voz, a caneta e a informação. Não creio que a revolta dê bons resultados, e não acredito que as articulações sejam desinteressadas. Ainda desconheço a resposta, mas não quero me acostumar com o problema. O homem nasce puro e a medida que cresce a vida vai temperando o seu caráter, mas creio que um bom banho de discernimento, leve embora todos estes temperos que tiraram o gosto pelo correto, pelo desejado, e faça com que retorne à pureza de sentimentos, ações e a descoberta das respostas certas.
OS IPÊS DA PRAÇA...
O vento sopra forte provocando uma chuva de flores,
amarelas,brancas,cor de rosas.
No chão forma-se um tapete por onde você caminha,
linda e cheia de graça,pisando as flores distraida.
Talvez,sem perceber a homenagem dos ipês e do vento...
Estéril
Sou flor que não cheira
Chuva que não molha
Do riacho sem beira
Um sapato sem sola
Sou a força da água
Batendo na pedra
O buraco na rocha
Sou o fogo sem tocha
Sou reguardo do nada
Escondendo nascer
Sou terra infértil
Esperando você
Sou papel virgem
Porém rabiscado
Sou futuro presente
Condenado ao passado.
Chove chuva
embala meu sono
O sono vem
o sonho também
O sonho é bom
não quero acordar
Sonhar faz bem
sonhar e amar
A vida é boa
bem de mansinho
como a garoa
que faz um carinho
Por que dizer adeus?
Nos tempos velhos da infância;
A fantasia do dia nos consome;
Sol e chuva em mesma estância;
Abstinência de banho e fome;
As ruas nos pertence em alma frágil;
Não há nem penitência ou alvará;
O dia não cede à noite o sufrágio;
E todos os dias vem cedo nos acordar;
Então por que dizer adeus?
Essa palavra tão triste e nostálgica?
Adeus de tantas maneiras
Simples, subjetiva, discreta, cálida.
Então por que dizer adeus?
Não há de formas meigas
O adeus que herda lágrimas
São fendas no abismo
O momento que se afaga
Subitamente
em silêncio nossas almas.
Pingos e gotas
Você alguma vez já se sentiu um pingo?
Sim. Desses de chuva?
Uma gota d´agua?
Nunca?
Pois hoje me sinto assim.
Algo quase insignificante a primeira vista.
Porém a cada instante que passa, reuno pingo a pingo, gota a gota.
E já não sou mais tão pequeno, sou um mero filete, lento, sim ainda frágil, mas começo a achar um rumo, mesmo ignorado, mas um destino.
E as gotas e pingos continuam a inundar minha alma.
Deixei agora de ser áquele mero filete de água, e começa uma transformação.
Quando menos espero me sinto mais forte, e ja não mais tão lento.
Sinto o correr de minhas águas por entre quedas e pedras, e vou seguindo em frente.
Desviando cada obstáculo como se fosse o último.
Ledo engano, muitos ainda virão.
E me farão tentar desistir.
Mas agora estou maior, mais forte, mais rápido.
Mais ainda não o suficiente.
E os pingos não param de cair, e as gotas não param de rolar.
Mas me alimento de cada pingo e cada gota e cresço e me agiganto.
Quando de repente, em um choque final tudo parece estranho.
Calmo, forte e tranquilo.
Nem me dou conta que ultrapassei os piores momentos e virei mar.
Hoje tomei conta do mundo, sim do meu mundo.
Mas nunca deixarei de acolher cada pingo ou cada gota, pois foi assim que me fiz grande.
E é assim que vou permanecer.
Esse sou eu.
Um imenso mar pronto pra ser navegado.
Mas nunca me esquecerei que sou formado por pequenos pingos e gotas.
Eu posso ouvir o barulho que a chuva faz
Queria ser como ela, que não volta atrás
Que se mistura tão de repente
E quando cai lá de cima, morre e nem sente
Alimento
Quero me alimentar da vida...
Ver... o sol brilhar todos os dias.
A chuva cair com som de maresia.
Sentir o som em suas dimensões.
E dançar no ritmo dessa melodia.
Quero me alimentar da vida...
Sentir o cheiro de uma flor.
Voar como um passarinho.
Ter olhares de uma condor.
Quero me alimentar da vida...
Sentir o gosto de um beijo.
O calor de um abraço.
O toque de uma mão.
Sentir as batidas do coração.
E não morrer na solidão.
Quero me alimentar da vida...
Brincar como uma criança doce.
Que tem sonhos a revelias.
Rindo da poesia.
Quero me alimentar da vida...
Ter sede todos os dias.
Acreditar na cura das feridas.
Que estão abertas, expostas a luz do dia.
Quero me alimentar da vida...
De a vida me alimentar.
Alimentar-me eu quero.
Quero me alimentar.
A vida alimentar-me.
Eu quero.
Parar para admirar...
O cego que não admira.
A luta de formigas esguias.
Pessoas que se acham pequenas.
Na correria do dia a dia.
Parar para admirar...
Um louco homem tentando.
Convencer-se dos seus direitos.
De amar outro homem.
Um bicho em fúria humana.
Parar para admirar...
O surdo que não ouve a melodia.
Que agora pouco eu dançava...
O som que embala os meus dias.
A diferença no rosto.
De um ser que quer ser.
Parar para admirar...
A mulher em seu dia de glória.
Em dias de alegrias.
Com a força na palma da mão.
Junto o pulsar do coração.
Quero parar para admirar...
Os bichos que vivem.
Cada qual na sua espécie.
Embelezando nosso planeta.
Pedindo socorro às vezes.
Por falta de delicadeza.
Quero parar para admirar... a vida.
A chuva
Aquelas gotas… não são delírios da minha imaginação!
Eu sinto o gosto salgado, o trato molhado, o cheiro no ar, o brilho cristalizado daquela visão.
Às vezes me gripa, me congela o peito, tudo eu aceito sem maldizer…
De sombrinha ou capa eu sinto as pancadas daquilo que meus pais a muito me avisaram para me preparar, seja coturno ou burca, concerto ou ranhura, não existe desculpa que te livre do acaso, corta o dia ensolarado mais prevenido e te ensopa de algo que você nem sabia que precisa.
Sem rodeio e sem curva, nem a alma mais imunda é capaz de passar pela vida, sem molhar a cabeça com os pingos da chuva.
Belas horas.
Água de chuva
Parede, pintura nova
Uma ida à janela
Um olhar à rua
As mágoas da vida
Quão belas
eram aquelas manhãs de outros dias
O mundo existia
Aqui, dentro da gente
A julgar pelo olhar a rua
Nada ficou diferente
Por mais que a beleza iluda
Nada ilude eternamente
O que muda é uma coisa que existe
O badalar mais triste
de um ponteiro que acelera
Belas eram aquelas
Horas que passavam todas inteiras
iguais
A parede, a pintura
Alguma coisa pura que existia
e que era mais
Traduzia aquilo que a visão
da água da chuva que caia
Enquanto passava o avião
Um gosto, um sorriso
O linho da mesa posta
A comida do almoço
A vida
Belas eram aquelas
Risadas que compartilhamos
Das horas que não passam mais
Sem que haja um badalar que insiste
em dizer alguma coisa que eu não compreendo
Sim, isso acontece
A chuva às vezes cai ainda
e continua linda
Mas me traz uma mensagem diferente
Quando ela desce
E as imagens que vão surgindo
Não são mais tão belas
Não quanto foram aquelas
Uma ida à janela, outro olhar à rua
E cerrar as cortinas
Outro dia termina pra mim.
Edson Ricardo Paiva
SINFONIA DA CHUVA
Ploc...Ploc...Ploc...
A chuva canta assim
Molha a borboleta
Pousada no jardim.
O gotejo da chuva
Dança na vidraça
Brincam sorrindo
Fogem para a praça.
E a chuva Ploc...Ploc...
Vira correnteza
Molha o nosso chão
Desperta a natureza.
É assim o canto da chuva
Ploc...Ploc sem parar
Voltam para o céu
É hora de descansar.
Irá Rodrigues.
As águas de março,
que fecham o verão,
chuva de vida que
cai na estação.
Pessoas perdidas
em sua solidão,
paradas na linha,
incontáveis no vagão.
Muita nuvem forma chuva,
Muito vento traz o frio,
As feridas deixam cicatrizes.
A tristeza gera esperança,
A morte traz o luto,
A distância cria saudade.
O amor constrói família,
A solidão causa depressão,
A guerra forja os fortes.
Nessa terra nordestina
onde a chuva pouco vem
cada poço é uma piscina
que o destino nos convém
nosso povo segue a sina
e o nordeste desatina
sem ajuda de ninguém.
Chuva cai la fora,
E a saudade pinga no meu peito,
Tento me manter firme,
Mas sempre me pego pensando em você,
Tenho sonhos direto,
Vi uma foto nossa juntinhos,
Que lindos, é verdade, isso era certo,
Não tem como esconder,
Falando nisso, ja sei que encontrou um novo amor, desejo que seja feliz,
Vai ser difícil? Sei que vai,
Mas vou tentar te esquecer…
.
05/24
Pobre Rio Grande
Pobre Rio Grande...
Despercebido, vem a chuva
Desacordado, chega a tristeza
Desvinculado, vem a nobreza
Pobre Rio Grande...
Chega a noite, e vem o dia
Virado em uma ventania
Ninguém anda, ninguém vai
Pois o mar que antes não havia
Chegou, mas não para a alegria
Na manhã de trabalho
Que era, para alguns
Ao redor, o pessoal, ilhado
Não, pois havia os pães
Que de ontem, não foram entregados
Mas achar que governo ajuda?
Claro, lugar afetado capital não foi
Pois civil ajuda civil, sim
E achar que ajuda, do céu veio
Mas não, matéria para jornal falta
Apesar de ser tosco
Pessoas morrendo salvando outras
Diante daquele dia, nunca mais
Resgate é uma ova!
Dia que se importaram em resgatar
Homem não foi, animal sim!
A nação que antes via como gloriosa
Não passa de uma piada
Motivo de chacota, peixe-palhaço
Tanto, que multam doações
Pobre Rio Grande...
Lutar, foi parar em vão
Afogar, é óbito com razão
Pagar, mão de obra é "lesão"
Pobre Rio Grande...
"Ontem, foi quando a sua ausência mais doeu.
Certeza, que foi por conta daquela chuva, que levou tudo, mas não levou você d'eu.
Ver você passando ao longe, fingindo que não me conheceu.
Como posso ignorar um corpo, que conheço até mais que o meu?
O coração acelerou, queria ter arrancado-o do meu peito, estrangular meu próprio eu.
No momento em que olhei pela janela daquele ônibus e vi as lágrimas do céu, minha chuva escorreu.
A tarde que estava clara, as nuvens carregadas, me lembraram a sua ausência, quando tudo escureceu.
Vislumbrei por milésimos, meu próprio reflexo, e vi um homem moribundo, com a vida estraçalhada, mas que ainda é seu.
Amanhã, o hoje será igual ontem, eu já pedi perdão a Deus.
Roguei a Cristo, para que na próxima chuva, leve tudo, leve minh'alma, e principalmente, leve você d'eu.
Parece-me, que agora todo dia é como o ontem, quando sua ausência, mais doeu..." - EDSON, Wikney
"Hoje, a chuva molha meu corpo e já não me importo mais.
Já não sinto frio mais.
Hoje é só indiferença, onde já fora amor por demais.
Já não te amo mais.
Sentir sua falta? Nunca mais.
É triste demais.
Já não choro mais.
Inté, nunca mais.
O que um dia fomos, em solo frio jaz.
Hoje, a chuva dos meus olhos, não inundou meu rosto, bom sinal, já não me importo mais..." - EDSON, Wikney